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Bolchevique tártaro nascido em 13 de julho de 1892 numa família muçulmana tártara na vila basquíria de Elembet’evo, na guberniya (governadoria) de Ufa, então subjugada pelo império russo. Sua mãe, Ainil’khayat, descendia de uma família de nobres tártaros empobrecidos e seu pai, Khaidar-Galiya Sultan-Galiev, era um muderris (professor religioso) na maktab (escola primária) da vila e seguidor dos (então) novos métodos pedagógicos de Ismaíl Bey Gaspirali, ou Gasprínski, um jadidista defensor de uma pedagogia para os súditos muçulmanos do czar centrada no aprendizado simultâneo das culturas islâmica e russa.
Foi educado em meio ao jadidismo, aprendeu o idioma russo (além do árabe e do persa) e tornou-se um leitor ávido e admirador da cultura russa: traduziu obras de Tolstói, Turguênev e Púshkin para os idiomas tártaro e basquir, e em 1905 optou por entrar na Escola Tártara de Formação de Professores (Тáтарская Учитéлская Школа / Tátarskaya Uchitélskaya Shkola), um polo do fervor nacionalista tártaro, ao invés de seguir carreira numa madrassa como era desejo de seu pai.
Sua origem – camponês, pobre, tártaro, muçulmano, pouco versado nos temas e debates do movimento socialista seu contemporâneo, sem grande formação teórica – diferenciavam-no de quadros bolcheviques destacados como Lênin, Trótski, Plekhânov, Bogdânov e outros, pois havia tornado-se comunista pela experiência prática vivida, não pela leitura, teorização ou simpatia com as classes exploradas e oprimidas. Mais distintivo ainda era o fato de estar pouco familiarizado com a literatura socialista ou marxista, e ainda menos informado sobre os debates candentes travados no movimento socialista russo entre as últimas décadas do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX.
Rompeu com o jadidismo de sua juventude por volta de 1916 e começou a publicar seus primeiros artigos em revistas e jornais, conquanto a vasta maioria dos historiadores afirme que Sultan-Galiev era um pan-turaniano que ambicionava a criação de um grande Estado tártaro-turco que se estenderia do Volga até a Ásia Central, pesquisadores que tiveram acesso à totalidade dos escritos de Sultan-Galiev, como Martin Baker, afirmam que sua posição mais consistente não foi a de um nacional-comunista, ou pan-turco ou pan-islamista, mas a de um defensor da revolução mundial que destacava a necessidade de os bolcheviques focarem-se na libertação dos povos colonizados do mundo, e do papel essencial destes últimos no sucesso da revolução. No rascunho de sua autobiografia, escrita na prisão ao modo de confissão, Sultan-Galiev assevera: “não falarei de mim mesmo, pois nunca fui um nacionalista e nunca o serei”.
A partir de 1917 integra direcção da Secção Muçulmana do Comissariado para as Nacionalidades, tornando-se presidente do respectivo Colégio Militar Central Muçulmano (1919-21). Teórico da fusão do marxismo com o islão, funda e dirige o Partido Comunista Muçulmano da Rússia (1918), o qual é integrado no PCR(b) segundo os princípios federativos. Em 1923 é preso e expulso do partido bolchevique devido às suas actividades nacionalistas. Libertado e preso várias vezes entre 1928 e 1937, é por fim condenado a fuzilamento por actividades anti-soviéticas.
Obras disponíveis | |
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1919 | A Revolução Social e o Oriente |
1924 - set | Carta à Comissão Central de Controle do Partido Bolchevique |
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