MIA > Biblioteca > Stálin > Novidades
O Presidente: Tem a palavra Josef Vissarionovitch Stalin.
(A aparição do camarada Stalin na tribuna é recebida pelos eleitores com uma ovação ensurdecedora que se prolonga por vários minutos. De pé, todo o público que lota o teatro saúda o camarada Stalin. Ouvem-se exclamações incessantes: “Ao grande Stalin, hurrah!”, “Viva o grande Stalin!”, “Hurrah ao querido Stalin!”).
O camarada Stalin: “Camaradas — Desde as últimas eleições para o Soviete Supremo, transcorreram oito anos. Foi um período rico de acontecimentos de caráter decisivo. Os quatro primeiros anos decorreram em meio a um intenso trabalho dos homens soviéticos para a realização do terceiro plano quinquenal. Os quatro anos restantes compreendem os acontecimentos da guerra contra os agressores alemães e japoneses, os acontecimentos da segunda guerra mundial.
Indubitavelmente, foi a guerra o principal momento do período que se findou. Seria injusto pensar que a segunda guerra mundial surgiu casualmente ou como resultado de erros destes ou daqueles estadistas, ainda que sem dúvida alguma tenha havido erros. Na realidade, a guerra surgia como o resultado inevitável do desenvolvimento das forças econômicas e políticas mundiais baseadas no capitalismo monopolista moderno. Os marxistas declararam mais de uma vez que o sistema capitalista de economia mundial traz implícitos elementos de crise geral e de choques militares, e que, em virtude disto, o desenvolvimento do capitalismo mundial em nosso tempo se processa, não na forma de avanços suaves e uniformes, mas por meio de crises e de catástrofes guerreiras.
O problema é que o desenvolvimento desigual dos países capitalistas conduz, ordinariamente, com o transcurso do tempo, a uma brusca alteração do equilíbrio interior do sistema mundial do capitalismo, com a particularidade de que o grupo de países capitalistas que se considera menos garantido em matérias primas e mercados para a venda, procura geralmente mudar a situação e efetuar nova distribuição, a seu favor, das “esferas de influência”, empregando a força das armas. Como resultado, surge a divisão do mundo capitalista em dois campos hostis e que se guerreiam entre si. Talvez fosse possível evitar as catástrofes da guerra se houvesse a possibilidade de uma redistribuição periódica das matérias primas e dos mercados, entre os países, proporcionalmente ao seu peso econômico, pela adoção de decisões e acordos pacíficos. Mas isto é de impossível realização, nas atuais condições capitalistas de desenvolvimento da economia mundial. Por conseguinte, como resultado da primeira crise do sistema capitalista de economia mundial, surgiu a primeira guerra mundial, e como resultado da segunda crise, surgiu a segunda guerra mundial.
Isto não quer dizer, no entanto, que a segunda guerra mundial seja uma cópia da primeira. Ao contrário, a segunda guerra mundial difere substancialmente da primeira pelo seu caráter. É preciso levar em conta que os principais estados fascistas — Alemanha, Itália e Japão — antes de agredir os países aliados, tinham destruído em seus próprios países os últimos vestígios das liberdades democrático-burguesas, implantando um cruel regime de terror, calcando aos pés os princípios da soberania e do livre desenvolvimento das pequenas Nações, proclamando a política de usurpação de terras alheias e anunciando aos quatro ventos que pretendiam a dominação mundial e a extensão do regime fascista a todo o mundo; ao se apoderarem da Checoslováquia e de suas regiões centrais, os estados do Eixo mostraram estar dispostos a concretizar sua ameaça de escravização de todos os povos amantes da liberdade. Em virtude disto, a segunda guerra mundial contra os Estados do Eixo, ao contrário da primeira guerra mundial, adquiriu desde o inicio o caráter de uma guerra antifascista, libertadora, tendo entre suas tarefas o restabelecimento das liberdades democráticas.
A entrada da União Soviética na guerra contra os estados do Eixo só podia reforçar e efetivamente reforçou o caráter antifascista e libertador da segunda guerra mundial. Nesta base se formou a coalizão antifascista da União Soviética com os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e outros Estados amantes da liberdade, coalizão que desempenhou depois papel decisivo na derrota das forças armadas dos estados do Eixo.
Assim deve ser encarada a questão da origem e caráter da segunda guerra mundial.
Talvez agora todos reconheçam que de fato a guerra não foi nem podia ser um acontecimento fortuito na vida dos povos, que ela se converteu realmente numa guerra dos povos pela sua própria existência e que precisamente por isso não pôde ser um relâmpago fugaz.
No que se refere ao nosso país, esta guerra foi a mais cruenta, a mais dura de todas as guerras conhecidas na história de nossa Pátria.
Mas a guerra não foi apenas uma maldição. Foi, ao mesmo tempo, uma grande escola de prova e verificação de todas as forças do povo. A guerra pôs a nu todos os fatos e acontecimentos tanto na retaguarda como na linha de frente, arrancou implacavelmente todos os véus e máscaras que ocultavam a fisionomia real de estados, governos e partidos e os colocou no palco de face a descoberto, sem maquilagem, com todos os seus defeitos e virtudes.
A guerra submeteu a uma espécie de exame nosso regime soviético, nosso estado soviético, nosso governo, nosso Partido Comunista e fez um balanço de seu trabalho, dizendo-nos: “Eis aqui vossos homens e organizações, seus atos e seus dias; examinai-os atentamente e recompensai-os segundo seus méritos”. Nisto reside todo o aspecto positivo da guerra.
Para nós, eleitores, esta circunstância é muito importante porque nos ajuda a apreciar rápida e objetivamente a atividade do Partido e de seus homens e a tirar deduções justas. Em outras épocas teríamos que estudar as intervenções e informes dos representantes do Partido, analisá-los, confrontar suas palavras com os fatos, fazer um balanço e outras coisas no gênero. Isto exige um trabalho complexo e difícil, sem que, no entanto, haja a garantia de não se cometer erros. Agora que a guerra terminou, quando a própria guerra pôs à prova o trabalho de nossas organizações e de nossos dirigentes, e deles fez um balanço, a situação é outra. Agora é muito mais fácil nos orientarmos e chegarmos a conclusões justas.
Qual é, pois, o balanço da guerra?
Existe um balanço principal, baseado no qual surgiram todos os demais. Este balanço consiste, no final da guerra, em terem sido derrotados os inimigos e nós termos saído vitoriosos junto com nossos aliados. Terminamos a guerra com uma vitória completa sobre o inimigo: este é o resultado principal da guerra.
Mas esse balanço é demasiado geral e aqui não podemos nos satisfazer com ele. Naturalmente, derrotar os inimigos numa guerra, na segunda guerra mundial, uma guerra sem paralelo na história da humanidade, significa conseguir uma vitória histórica mundial — tudo isto é verdade. Não obstante, é um balanço muito geral e não podemos nos conformar com ele.
Para compreender a grande importância histórica de nossa vitória é necessário examinar esta questão mais concretamente. Assim, pois, de que modo se faz mister compreender nossa vitória sobre os inimigos, qual a significação desta vitória do ponto de vista do estado e do desenvolvimento das forças interiores de nosso país?
Nossa vitória significa, antes de mais nada, que o nosso regime social soviético venceu, que o regime social soviético resistiu com êxito à prova de fogo da guerra e demonstrou sua completa vitalidade.
Como é sabido, mais de uma vez na imprensa estrangeira se tem afirmado que o regime social soviético é uma “arriscada experiência”, condenada ao fracasso, que o regime social soviético é um “castelo de cartas” sem raízes na vida e imposto ao povo por órgãos da Tcheca, e que bastaria um leve empurrão de fora para que ruísse este “castelo de cartas”. Agora podemos dizer que a guerra refutou todas estas «afirmações da imprensa estrangeira, demonstrando sua inconsistência. A guerra provou que o regime social soviético é um regime autenticamente popular, surgido das entranhas do povo e que goza de seu poderoso apoio, que o regime social soviético é uma forma de organização da sociedade plenamente vital e estável.
Mas agora já não se trata de se saber se o regime social soviético é vital ou não, uma vez que depois das lições palmares da guerra, nenhum cético se atreverá mais a manifestar dúvidas sobre essa vitalidade. Trata-se agora de verificar que o regime social soviético provou ser mais vital e estável que o regime social não-soviético, que o regime social soviético é, como forma de organização da sociedade, melhor do que qualquer regime não-soviético.
Em segundo lugar, nossa vitória significa que triunfou nosso regime estatal soviético; que o nosso estado soviético multinacional resistiu a todas as provações da guerra e demonstrou sua vitalidade.
Como é sabido, luminares da imprensa estrangeira declararam, mais de uma vez, ser o Estado soviético multinacional “um edifício artificial, instável” e que no caso de qualquer complicação seria inevitável o desmoronamento da União Soviética, e que à União Soviética tocaria a sorte da Áustria-Hungria. Agora podemos dizer que a guerra refutou estas manifestações da imprensa estrangeira como carecendo de qualquer fundamento. A guerra demonstrou que o regime estatal soviético multinacional resistiu à prova, fortaleceu-se ainda mais durante a guerra e provou ser um regime completamente vital. Esses senhores não compreenderam que a analogia com a Áustria-Hungria era descabida, pois o nosso estado multinacional surgiu não sobre base burguesa que fomenta sentimentos de desconfiança e de hostilidade nacionais, mas sobre a base soviética quer pelo contrário, cultiva o sentimento de amizade e colaboração fraternal entre os povos de nosso Estado. Seja dito de passagem que depois da guerra esses senhores não ousam mais negar a vitalidade do regime estatal soviético. Não mais se discute a vitalidade do regime estatal soviético, porque essa vitalidade já não pode ser posta em dúvida. Trata-se agora de verificar que o regime estatal soviético tornou-se o modelo de estado multinacional, que o regime estatal soviético constitui um sistema tal de organização estatal no qual a questão nacional e o problema da colaboração das nações estão resolvidos melhor do que em qualquer outro estado multinacional.
Em terceiro lugar, nossa vitória significa que triunfaram as forças armadas soviéticas, que o nosso Exército Vermelho venceu, que o Exército Vermelho resistiu heroicamente a todos os reveses da guerra, derrotou em toda linha os exércitos de nossos inimigos e saiu da guerra vitorioso. (Uma voz aparteia: “Sob a direção do camarada Stalin!” Todos se põem de pé; aplausos calorosos que duram muito tempo e se transformam em ovação). Agora, todos reconhecem, tanto amigos como inimigos, que o Exército Vermelho mostrou estar à altura de suas grandes tarefas.
Mas isto não era assim, seis anos atrás, no período de anteguerra. Como é sabido, certas figuras de proa da imprensa estrangeira e muitas personalidades reconhecidas como autoridades em assuntos militares no estrangeiro, declararam reiteradamente que a situação do Exército Vermelho inspirava grandes dúvidas, que o Exército Vermelho estava mal-armado e não possuía verdadeiros comandantes, que seu moral se encontrava abaixo da crítica, que talvez o Exército Vermelho servisse para a defesa mas que não servia para a ofensiva, e que no caso de um ataque das tropas alemãs o Exército Vermelho ruiria como um “colosso de pés de barro”. Tais declarações eram feitas não somente na Alemanha, mas também na França, na Inglaterra e na América. Agora podemos dizer que a guerra refutou todas estas manifestações por serem vazias e ridículas. A guerra demonstrou que o Exército Vermelho não é um “colosso de pés de barro”, mas um exército de primeira ordem, de nossa época, dotado de armamento perfeitamente moderno, com ótimos comandos e com elevadas qualidades morais de combate.
É preciso não esquecer que foi precisamente o Exército Vermelho que derrotou em toda linha o exército alemão, ainda ontem espantalho dos exércitos dos estados europeus. Convém assinalar que as “lendas” a propósito do Exército Vermelho vão desaparecendo paulatinamente. Mais ainda: na imprensa estrangeira aparecem com frequência cada vez maior, comentários que destacam as elevadas qualidades do Exército Vermelho, a mestria de seus combatentes e chefes, suas impecáveis estratégia e tática. Isto nada tem de estranho. Depois das brilhantes vitórias do Exército Vermelho em Moscou e Stalingrado, em Kursk e Bielgorod, em Kiev e Kurovgrad, em Minsk e Bobruisk, em Leningrado e Tálin, em Khassi e Lvóv, no Vístula e no Niemen, no Danúbio e no Oder, em Viena e em Berlim, depois de tudo isto é impossível deixar de reconhecer que o Exército Vermelho é um exército de primeira ordem, com o qual muito se pode aprender. (Aplausos tempestuosos).
É assim que compreendemos concretamente a vitória de nosso país sobre seus inimigos. É esse o fundamento do balanço da guerra.
Seria errôneo imaginar que se pode conseguir uma vitória histórica como esta sem prévia preparação de todo o país para a defesa ativa. Não menos errôneo seria supor que esta preparação se possa realizar num prazo breve, no transcurso de uns três ou quatro anos. Ainda mais errôneo seria afirmar que obtivemos estas vitórias graças, unicamente, à valentia de nossas tropas.
Está claro que sem bravura não se conseguem vitórias. Mas a bravura por si só é insuficiente para vencer um inimigo que dispõe de um exército numeroso, de armamento de primeira qualidade, de quadros de oficiais bem instruídos e de um abastecimento bem organizado. Para suportar os golpes de tal inimigo, revidá-los e infligir-lhe depois uma derrota completa, foi preciso, além da bravura incomparável de nossas tropas, possuir um armamento completamente moderno, em quantidade suficiente e dispor de abastecimentos bem organizados e também em proporções suficientes. Para isto, porém, era imprescindível contar com quantidades suficientes, de coisas tão elementares como sejam: metal para a produção de armamentos, apetrechos e maquinaria para as usinas; combustível para manter o trabalho das usinas e do transporte; algodão para a fabricação de vestimentas e trigo para aprovisionar o exército.
Pode-se afirmar que antes de entrar na segunda guerra mundial, nosso país já dispunha do mínimo de disponibilidades materiais indispensáveis para satisfazer fundamentalmente estas necessidades ?
Creio que podemos responder afirmativamente. Para a preparação desta obra grandiosa foi necessário realizar os três planos quinquenais de desenvolvimento da economia nacional. Foram precisamente estes três planos quinquenais que nos legaram estas possibilidades materiais. De qualquer modo, a situação de nosso país a este respeito nas vésperas da segunda guerra mundial de 1940 era muitas vezes melhor do que nas vésperas da primeira guerra mundial, em 1913.
De que possibilidades materiais dispunha nosso país nas vésperas da segunda guerra mundial?
Para ajudar a responder esta pergunta terei de fazer aqui um breve informe sobre as atividades do Partido Comunista na esfera da preparação de nosso país para a defesa ativa.
Se tomarmos os dados de 1940 — véspera da segunda guerra mundial — e os compararmos com os relativos a 1913 — véspera da primeira guerra mundial — obtivemos o seguinte quadro. No decurso de 1913, em nosso país foram produzidas 4.220.000 toneladas de ferro e 4.230.008 toneladas de aço; extraíram-se 29.000.000 de toneladas de carvão e 9 milhões de toneladas de petróleo; foram colhidas 21.200.000 toneladas de cereais e 740.000 toneladas de algodão bruto. Estas as possibilidades materiais de nosso país ao entrar na primeira guerra mundial. Esta a base econômica da velha Rússia, que podia ser utilizada para sustentar a guerra.
No que se refere a 1940, produziram-se em nosso país: 15 milhões de toneladas de ferro, isto é, quase quatro vezes mais que em 1913; 18 milhões e 300.000 toneladas de aço, isto é, quatro vezes e meia mais que em 1913; extraíram-se 166 milhões de toneladas de carvão, ou seja, cinco vezes e meia mais que em 1913; 31 milhões de toneladas de petróleo, ou seja, três vezes e meia mais que em 1913; foram colhidas 38.300.000 toneladas de cereais, ou seja, dezessete milhões de toneladas mais que em 1913; e 2.700.000 de algodão bruto, isto é, três vezes e meia mais que em 1913.
Estas as possibilidades materiais de nosso país ao entrar na segunda guerra mundial. Esta a base econômica da União Soviética que podia ser utilizada para sustentar a guerra.
Como se vê, a diferença é colossal. Tal crescimento sem precedentes da produção não pode ser considerado como um crescimento simples e comum do país, do atraso ao progresso. Trata-se de um salto com a ajuda do qual nossa pátria se transformou de país atrasado em país avançado, de país agrário em país industrial. Esta transformação histórica foi realizada no decurso de três planos quinquenais iniciados em 1928, a partir do primeiro ano de aplicação do primeiro plano quinquenal. Até aquela data, tivemos que nos ocupar da restauração da indústria destruída e cuidar das feridas causadas pela primeira guerra mundial e pela guerra civil.
Além disso, se levarmos em conta que o primeiro plano quinquenal foi realizado em quatro anos e que a realização do terceiro foi interrompida pela guerra no seu quarto ano, verifica-se que, para a transformação de nosso país de país agrário em país industrial, foram precisos treze anos, aproximadamente.
Não se pode deixar de reconhecer que um período de treze anos é curtíssimo para a realização de tão grandiosa empresa. Isto explica precisamente por que a publicação destas cifras provocou, na época, uma tempestade de opiniões diversas na imprensa estrangeira. Os amigos disseram que se produzira “um milagre”. Os inimigos declararam que os planos quinquenais eram “propaganda bolchevique” e "truques da Tcheca”. Mas como no mundo, não há milagres e como a Tcheca não tem o poder de abolir as leis do desenvolvimento social, a “opinião pública” do estrangeiro teve que se conciliar com os fatos.
Que política seguiu o Partido para conseguir a criação destas possibilidades materiais no país, em tão curto período?
Em primeiro lugar, a política soviética de industrialização do pais. O método soviético de industrialização do país difere radicalmente do método capitalista de industrialização. Nos países capitalistas a industrialização tem, início habitualmente pela indústria ligeira. A indústria ligeira converter-se nestes países no primeiro objetivo de industrialização, exige menos inversões e o capital circula mais rapidamente e portanto o lucro é mais fácil do que na indústria pesada. Só depois de um largo prazo, no curso do qual a indústria ligeira acumula benefícios e os concentra em bancos, somente depois disso chega a vez da indústria pesada e se dá início à conversão gradual dos lucros acumulados em indústria pesada, à criação de condições para seu desenvolvimento. Mas este processo é longo e exige um, prazo dilatado de vários decênios no curso dos quais necessário se torna aguardar o desenvolvimento da indústria ligeira e vegetar sem indústria pesada.
Compreende-se que o Partido Comunista não podia seguir este caminho. O Partido sabia que a guerra se aproximava, que era impossível defender o país sem indústria, pesada, que era preciso empreender, quanto antes, o desenvolvimento da indústria pesada, que o atraso no desempenho desta tarefa implicava em fracasso. O Partido recordava as palavras de Lenin:
“sem indústria pesada é impossível defender a independência do país, sem ela o regime soviético pode perecer”.
Por isso, o Partido desprezou o caminho “comum" da industrialização e começou a industrialização do país com o desenvolvimento da indústria pesada. Isto foi muito difícil, mas não insuperável. Nesta tarefa foi de grande alcance a nacionalização da indústria pesada. Não pode haver a menor dúvida de que sem isto não teria sido possível conseguir em tão curto prazo a transformação de nosso país em país industrial.
Em segundo lugar, a política de coletivização da agricultura e de dar ao país mais cereais, mais algodão, etc. Era imprescindível passar da pequena economia camponesa para a grande economia, já que somente a grande economia tem possibilidades de aplicar a nova técnica, de aproveitar todas as conquistas agronômicas e de lograr maior produção mercantil. Mas há duas espécies de grande economia: a capitalista e a coletiva. O Partido Comunista não podia adotar a via capitalista de desenvolvimento da agricultura, não apenas em virtude de considerações de princípios, mas porque pressupõe um caminho demasiado longo de desenvolvimento e exige a ruína prévia do camponês, sua transformação em peão. Por isto, o Partido Comunista empreendeu o caminho da coletivização da agricultura, o caminho da criação da grande economia agrícola por meio de agrupamento das fazendas camponesas em kolkhozes. O método da coletivização provou ser um método muito progressista, não somente porque não levou à ruína os camponeses, mas especialmente porque abriu a possibilidade de, no espaço de poucos anos, cobrir todo o país de grandes fazendas coletivas que podem empregar a nova técnica, utilizar todas as conquistas agronômicas e proporcionar ao país maior produção mercantil.
Não cabe a menor dúvida de que sem a política de coletivização não teríamos podido pôr fim, num prazo tão curto, ao atraso secular de nossa agricultura.
Não se pode dizer que a política do Partido não encontrou oposição. Não apenas pessoas atrasadas que sempre repelem tudo quanto é novo, como também muitos membros eminentes do Partido puxavam sistematicamente para trás e procuravam arrastá-lo para o caminho “comum”, capitalista, de desenvolvimento. Todas as maquinações dos trotskistas e direitistas contra o Partido, todo seu “trabalho” de sabotagem às medidas de nosso governo visavam um só objetivo: fazer fracassar a política do Partido e deter a industrialização e a coletivização. Mas o Partido não cedeu nem às ameaças de uns nem ao combate de outros e, apesar de tudo, marchou com segurança para a frente. O mérito do Partido consistiu em não se adaptar aos atrasados, não ter medo de marchar contra a corrente e ter conservado sempre sua posição de força dirigente.
Não cabe a menor dúvida de que sem semelhante firmeza e tenacidade, o Partido Comunista não teria podido defender a política de industrialização do país e de coletivização da agricultura.
Soube o Partido Comunista utilizar acertadamente as possibilidades materiais criadas para desenvolver a produção de guerra e dotar o Exército Vermelho do armamento necessário?
Creio que soube fazê-lo e o fez com o maior êxito. Se excetuarmos o primeiro ano da guerra, quando a evacuação da indústria para o leste entravou o desenvolvimento da produção bélica, durante os três anos restantes da guerra, o Partido soube obter tais êxitos que não só lhe permitiram abastecer a frente de quantidades suficientes de artilharia, metralhadoras, fuzis, aviões, tanques e munições, como também acumular reservas. É sabido, além disso, que a qualidade de nosso armamento nada devia ao alemão e por vezes chegava a superá-lo. É sabido que durante os três últimos anos da guerra, nossa indústria de tanques produziu anualmente, em média, mais de 30.000 tanques, canhões, automóveis e autos-blindados. (Aplausos tempestuosos). É sabido, também, que nossa indústria aeronáutica produziu anualmente, durante o mesmo período, até 50.000 aviões (aplausos tempestuosos). É sabido, também, que nossa indústria de artilharia produziu anualmente, durante o mesmo período, até 120.000 canhões de todos os calibres (aplausos tempestuosos), até 450.000 metralhadoras e fuzis-metralhadoras (aplausos tempestuosos), mais de 3 milhões de fuzis (aplausos), e cerca de 2 milhões de automáticas (aplausos). Finalmente, é sabido que nossa indústria de morteiros, durante o período de 1942-1944, produziu anualmente, em média, até 100.000 morteiros (aplausos tempestuosos).
Simultaneamente, foram produzidas quantidades correspondentes de projetis de artilharia, minas de diversos tipos, bombas de aviação e cartuchos de fuzis e metralhadoras. Sabe-se, por exemplo, que somente em 1944, produziram-se mais de 240.000.000 de projetis, bombas e minas (aplausos), e 7.400 milhões de cartuchos (aplausos tempestuosos).
Tal o quadro geral do abastecimento do Exército Vermelho em matéria de armamentos e munições.
Como vedes, não se parece com o quadro do abastecimento de nosso exército no período da primeira guerra mundial, quando a frente sofria uma insuficiência crônica de artilharia e projetis quando o exército combatia sem tanques nem aviação, quando a cada três soldados se entregava um fuzil. No que se refere ao aprovisionamento do Exército Vermelho em matéria de víveres e roupas, todos sabem que a frente não sofreu de nenhuma insuficiência nesse setor, como, inclusive, dispunha das reservas necessárias.
Este foi o trabalho do Partido Comunista no período anterior ao começo da guerra e no curso da própria guerra.
Agora algumas palavras sobre os planos do Partido Comunista para o futuro próximo. Como se sabe estes projetos estão expostos no novo plano quinquenal que deve ser aprovado brevemente. A tarefa fundamental do novo plano quinquenal consiste em restaurar as zonas danificadas do país, restabelecer o nível de anteguerra na indústria e na agricultura e depois ultrapassar esse nível em proporções mais ou menos consideráveis. Sem falar já de que num tempo mais ou menos próximo será abolido o sistema de talões de racionamento (tempestuosos e prolongados aplausos), prestar-se-á atenção especial ao aumento da produção de artigos de amplo consumo, à elevação do nível de vida dos trabalhadores, abaixando sistematicamente os preços de todos os artigos (tempestuosos e prolongados aplausos) e à ampla edificação de todo gênero de institutos de investigação científica (aplausos) que possam permitir à ciência desenvolver suas forças. (Aplausos tempestuosos). Não duvido de que se prestarmos a devida ajuda aos nossos sábios, eles saberão não somente alcançar, mas também superar rapidamente as conquistas da ciência de além-fronteiras de nosso país. (Aplausos tempestuosos).
No que se refere a um plano para um período maior, o Partido se propõe levar a um novo auge a economia nacional, para que nos permita elevar o nível de nossa indústria aproximadamente de três vezes mais que o nível de anteguerra. Temos de fazer com que nossa indústria pesada possa produzir anualmente até 50 milhões de toneladas de ferro (prolongados aplausos), 60 milhões de toneladas de aço (prolongados aplausos), 500 milhões de toneladas de carvão (prolongados aplausos). Somente nestas condições poderemos considerar nossa pátria garantida contra qualquer eventualidade (aplausos tempestuosos). Para tanto despenderemos talvez três novos quinquênios, ou mesmo mais, mas isto pode ser feito e nós o faremos. (Aplausos tempestuosos).
Este é meu breve informe sobre as atividades do Partido Comunista no passado recente e sobre seus planos de trabalho no futuro (tempestuosos e prolongados aplausos).
A vós compete julgar até que ponto trabalhou e trabalha acertadamente o Partido (aplausos), e se não poderia ter trabalhado melhor (risos, aplausos). Costuma-se dizer que aos vencedores não se julga (risos, aplausos), que não cabe criticá-los, que se não deve controlá-los. Isto não é certo. Os vencedores podem e devem ser julgados (risos, aplausos), podem e devem ser criticados e controlados. Isto faz bem, não apenas à causa, mas aos próprios vencedores (risos, aplausos): haverá menos presunção e mais modéstia (risos e aplausos). Considero a campanha eleitoral o julgamento dos eleitores sobre o Partido Comunista como partido governante. Os resultados das eleições significarão o veredito dos eleitores (risos, aplausos). Pouco valeria o Partido Comunista de nosso país se temesse a crítica, o controle. O Partido Comunista está disposto a aceitar o veredito dos eleitores (aplausos tempestuosos).
Na luta eleitoral o Partido Comunista não intervém sozinho. Vai às eleições junto com os sem partido.
Antigamente os comunistas olhavam para os sem-partido e encaravam com certo receio o fato de não pertencerem ao Partido. Isto se explica porque sob a bandeira dos sem-partido frequentemente se encontravam diferentes grupos burgueses, aos quais não convinha apresentar-se sem máscara ante os eleitores.
Isto foi no passado. Agora vivemos novos tempos. Os sem-partido estão separados da burguesia por uma barreira que se chama sistema social soviético. Esta mesma barreira une os sem-partido e os comunistas numa coletividade comum de homens soviéticos. Vivendo numa mesma coletividade, lutaram juntos pelo fortalecimento do poderio de nosso país, juntos combateram e verteram seu sangue nas frentes de batalha em honra da liberdade e grandeza de nossa Pátria, juntos forjaram e temperaram a vitória sobre o inimigo de nosso país. A diferença entre eles consiste unicamente em que uns militam no Partido e outros não. Mas esta diferença é formal. O importante é que uns e outros realizam uma obra comum. Eis aí porque o bloco de comunistas e sem-partido é natural e necessário (aplausos tempestuosos).
Concluindo, permiti-me exprimir meus agradecimentos pela confiança que me demonstrastes (prolongados aplausos, que não cessam durante muito tempo). Exclamações de “Ao grande Stalin forjador de todas as vitórias, ao camarada Stalin, hurrah!”, apresentando minha candidatura a deputado ao Soviete Supremo. Podeis ter a certeza de que me esforçarei para justificar vossa confiança. (Todos se põem de pé. Aplausos tempestuosos que duram durante largo tempo e se convertem em ovação. De diferentes pontos partem exclamações: “Viva o grande Stalin, hurrah!”, “Ao grande líder dos povos, hurrah!”, “Glória ao grande Stalin!”, “Viva o camarada Stalin, candidato de todo o povo!”, “Glória ao forjador de todas as nossas vitórias, o camarada Stalin!”).
Inclusão | 04/10/2014 |