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Primeira Edição: ....
Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
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Todo este alvoroço em torno do que vai no PCP é só amor pela transparência democrática? Desconfio que é muito mais a esperança de quebrar o encanto do monolitismo cunhaleano e de ver florescerem dois ou três pêcêzinhos como em Espanha. Além do mais, a nossa burguesia tem vergonha de se apresentar na CEE com este PCP, antiquado, com fama de estalinista, falando todo teso nos interesses dos trabalhadores. É humilhante os bosses de Bruxelas dizerem que Portugal é atrasado em tudo, até na reeducação dos comunistas...
Seja como for, a crise do PCP não é inventada pela Imprensa. É realmente muito antiga. Tem vindo a amadurecer ao longo dos últimos 30 anos.
O erro de Cunhal foi julgar que podia manter-se indefinidamente num reformismo radical, capaz de agradar ao mesmo tempo aos engenheiros e aos operários. O negócio foi bom, mas tinha que chegar a hora de pagar a factura.
O mais cómico é que seja precisamente Moscovo a fazer detonar esta crise, com a ofensiva da «perestroika». Cunhal foi apanhado na sua própria ratoeira da «fidelidade* inquebrantável à grande União Soviética. Agora são os liberais que lhe dizem: «Vamos ou não aprender com os camaradas soviéticos?» Tal e qual como há 30 anos, quando Krustchev lançou as suas inovações «humanistas».
O novo desvio de direita do PCP está em marcha. Os reformistas exigem reformismo sem meias-tintas. Prevejo um atribulado fim de mandato para o dr. Álvaro Cunhal.
Os comunistas revolucionários, entre os quais me incluo, não tomam partido entre Cunhal e Vital Moreira. Trabalham para criar um partido comunista capaz de defender os interesses da classe operária e de a levar um pouco mais longe do que em 1975.
Afinal parece que está provado que a moderação não compensa.
Inclusão | 04/08/2019 |