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1 – O que foi o 25 de Abril?
Foi um esboço de revolução que tem vindo a ser espezinhada como castigo da sua timidez e imaturidade; à tremenda explosão de iniciativa criadora das massas, que lançou o desconcerto e o pânico na burguesia, faltou a audácia de pensar na conquista do poder. E isto foi assim porque a democracia chegou a Portugal à boleia do movimento libertador das colónias – o papel do movimento antifascista na queda da ditadura foi limitado, porque o PCP receava uma insurreição.
2 – Porque não fomos mais longe?
Porque o proletariado não esteve à altura de meter na ordem a burguesia “democrática”, que após o fim da ditadura, passou a ser o seu inimigo principal. Sem se saber quem são os amigos e os inimigos, não se vai longe. Em 25 de Abril, todas as classes estavam unidas contra a ditadura fascista – em 25 de Novembro o ciclo fechou-se com todas as classes unidas contra a vanguarda do proletariado. Os mesmos “democratas” que agora se assanham contra a direita na defesa da “revolução de Abril”, fizeram tudo para a meter no fundo.
3 – Como construir uma nova revolução?
Eu diria antes “Como construir uma revolução de corpo inteiro”. Revolução com todas as letras é coisa que em Portugal não se conhece há bons duzentos anos. Por isso a atmosfera está tão bafienta. Não tenho receitas feitas, mas sei que não será certamente pela sábia infiltração nos aparelhos de Estado, a que todos agora se dedicam. Precisamos da raiva, frustração e espírito de insubordinação que existia às vésperas do 25 de Abril, mas multiplicados por dez ou por cem. É difícil de conseguir? Haja revolucionários convictos, que eles certamente descobrirão, em cada local, em cada situação, as formas de arrancar as mordaças que impedem o povo de se amotinar.
Inclusão | 23/05/2018 |