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Primeira Edição: Política Operária, nº 93, Jan.Fev 2004
Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Prosseguem, dos dois lados do Atlântico, as manigâncias dos meios governantes para se descartarem da mentira já hoje insustentável das armas de destruição maciça de Saddam, sem terem de admitir que o assalto ao Iraque foi uma “guerra relâmpago” em puro estão hitleriano.
Houve quem julgasse que a patranha era grande de mais para poder ser digerida e que aos agressores desmascarados só restaria a demissão. Puro engano. Bush diz com desplante que pode ter havido “erros de informação” mas a intenção foi boa e o resultado excelente. E na Inglaterra, o relatório do “impoluto” juiz Hutton veio mostrar que não há limites para a impudência: Blair agiu de boa-fé, quem transgrediu foi a BBC e David Kelly, o cientista suicidado!
Isto apesar de Kelly só ter dito a verdade (mas essa é matéria “sobre a qual o juiz não tem que se pronunciar”!), e de os próprios elementos do inquérito não deixarem dúvida de que o relatório dos serviços secretos, já de si mentiroso, ainda foi apimentado por ordem de Blair para criar o ambiente histérico da “invasão já!”
Como remata o inefável Fernandes do "Público", ele também um (pequenino) arauto da cruzada, “Está tudo explicado: engano não é mentira!”
As armas realmente existentes foram as da manipulação maciça da opinião pública. Cada vez mais, os proclamados bastiões da democracia e da imprensa livre revelam-se como coios do neofascismo imperialista.
Inclusão | 18/08/2019 |