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As eleições estão sendo, de fato, uma derrota para o governo de Washington. Os antigos líderes do Partido Democrata exploraram habilmente o ressentimento acerca de sua falta de habilidade financeira, além de sua patetice militar. Assim, não resta dúvidas de que a cidade de Nova York possa ter se tornado oficialmente, nas mãos de Seymour, Wood e Bennett, um centro de intrigas perigosas. Por outro lado, não precisamos exagerar quanto à importância prática dessa reação. A atual Câmara dos Deputados republicana continua a existir, e seus já eleitos sucessores não ocuparão seus postos até dezembro de 1863. Até então, as eleições, no que diz respeito ao Congresso de Washington, não passam de uma mera amostra. A eleição para governador não foi realizada em nenhum estado além do de Nova York. O Partido Republicano encontra-se assim, como é de se esperar, à frente de cada um dos estados. As vitórias republicanas nas eleições em Massachusetts, Iowa, Illinois e Michigan compensam as perdas em Nova York, Pensilvânia, Ohio e Indiana.
Uma análise um pouco mais detida das vitórias dos democratas leva a um resultado completamente diferente daquele anunciado pelos jornais ingleses. A cidade de Nova York, fortemente desintegrada pela multidão irlandesa, ativa no comércio de escravos até recentemente — ela é sede do mercado monetário americano e está cheia de credores hipotecários das plantações do Sul —, sempre foi decididamente “democrata”, assim como Liverpool é tory ainda hoje. Os distritos do estado de Nova York votaram para os republicanos desta vez, como vêm fazendo desde 1856, mas não com o mesmo entusiasmo de 1860. Grande parte de seu círculo eleitoral, igualmente, se encontra no campo. Se você somar distritos urbanos e rurais, a maioria democrata no estado de Nova York totaliza apenas 8.000 a 10.000 votos.
Na Pensilvânia, onde há tempos se oscilou entre whigs e democratas, mais tarde entre democratas e republicanos, a maioria democrata totaliza meros 3.500 votos. Em Indiana ela é ainda mais fraca, contando com 8.000 votos, e por simpatia por líderes democratas transferidos para o Sul, como o infame Vallandigham, perdeu seu lugar no Congresso. O irlandês vê no negro um concorrente perigoso. Os vigorosos fazendeiros de Indiana e Ohio só odeiam mais o escravagista do que odeiam os negros. Aquele conta como um símbolo de escravidão e degradação da classe trabalhadora, e a imprensa democrata diariamente os aterroriza com ameaças de “pretos” inundando seus territórios. Além disso, o ressentimento com a miséria que foi o desempenho de guerra na Virgínia é mais alto nos estados que dispuseram de contingentes voluntários mais significativos.
Mas nada disso é nosso tema principal. Na época da eleição de Lincoln (1860), nem existia uma Guerra Civil, nem a questão da emancipação do negro estava na agenda do dia. O Partido Republicano, então de certa forma cindido do Partido dos Abolicionistas, tinha como meta com seu voto eleitoral de 1860 nada mais do que dar mostras de seu protesto contra a expansão da escravidão pelos territórios livres, ao mesmo tempo que proclamou a não interferência no tocante a sua instituição nos estados em que já existia legalmente. Lincoln teria falhado incondicionalmente na época com um slogan de emancipação dos escravos. Este teria sido decididamente rejeitado.
Algo muito diverso ocorre agora que as eleições terminaram. Os republicanos uniram-se a uma causa comum com os abolicionistas. Declararam-se enfaticamente a favor da emancipação imediata, seja ela executada por si só ou mediante o fim da rebelião. Considerando isso, as maiorias do governo em Michigan, Illinois, Massachusetts, Iowa e Delaware, além da minoria muito significativa que votou neles nos estados de Nova York, Ohio e Pensilvânia, são algo surpreendente. Tal resultado teria sido impossível antes da guerra, mesmo em Massachusetts. Agora há de se contar com a atuação enérgica do governo e do Congresso do próximo mês para que os abolicionistas, agora símiles dos republicanos, possam se sobrepor moral e numericamente em toda a parte. O desejo de intervenção de à la Louis Bonaparte lhes confere um certo tom “forasteiro”. O único perigo reside em conservar generais como McClellan, que, além da manifesta falta de capacidade, declararam ser proslavery men, homens pró-escravistas.
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