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Livro Primeiro: O processo de produção do capital
Quarta Secção: A produção da mais-valia relativa
Décimo terceiro capítulo. Maquinaria e grande indústria
Todos os representantes responsáveis da economia política admitem que a nova introdução de maquinaria actua como uma peste sobre os operários nas oficinas e manufacturas tradicionais com as quais primeiramente concorre. Quase todos lamentam a escravidão do operário fabril. E qual é o grande trunfo que todos eles jogam? Que a maquinaria, após os horrores do período da sua introdução e desenvolvimento, aumenta, em última instância, os escravos do trabalho em vez de finalmente o diminuir! Sim, a economia política rejubila com o abominável teorema — abominável para todo o «filantropo» que acredita na eterna necessidade natural do modo de produção capitalista — de que depois de um determinado período de crescimento, de um «tempo de transição», mais curto ou mais longo, mesmo a fábrica fundada já em funcionamento com máquinas mata a trabalhar mais operários do que os que originariamente punha na rua!(1*) Com efeito, mostrava-se já em alguns exemplos — p. ex., nas fábricas de estambre e de seda inglesas — que, num certo grau de desenvolvimento, a extraordinária extensão de ramos fabris pode estar ligada com um decréscimo não só relativo, mas também absoluto do número de operários empregues(4*). No ano de 1860, quando foi feito um censo especial de todas as fábricas do Reino Unido por ordem do Parlamento, existiam 625 fábricas na secção atribuída ao inspector fabril R. Baker dos distritos de Lancashire, Cheshire e Yorkshire; 570 destas possuíam 85 622 teares a vapor, 6 819 146 fusos (com exclusão dos fusos de dobragem), empregavam 27 439 forças de cavalo em máquinas a vapor e 1390 em rodas de água e tinham 94 119 pessoas ocupadas. No ano de 1865, pelo contrário, as mesmas fábricas continham 95 163 teares, 7 025 031 fusos, empregavam 28 925 forças de cavalo em máquinas a vapor e 1445 em rodas de água e tinham 88 913 dessas ocupadas. De 1860 a 1865, portanto, nestas fábricas o acréscimo em teares a vapor ascendeu a 11%, em fusos a 3%, em forças de cavalo de vapor 5%, enquanto simultaneamente o número de pessoas ocupadas baixou 5,5%(5*). Entre 1852 e 1862 teve lugar um crescimento considerável da fabricação de lã inglesa, enquanto o número dos operários empregues permaneceu quase estacionário.
Isto mostra como a introdução de novas máquinas suplantou em grande medida o trabalho dos períodos precedentes(6*).
Em casos empiricamente dados, o acréscimo do número de operários fabris ocupados é frequentemente apenas aparente, i. é, não é devido à extensão da fábrica que já assenta em funcionamento com máquinas, mas sim à anexação gradual de ramos laterais. P. ex., o acréscimo de teares mecânicos e dos operários fabris neles ocupados, entre 1838-1858(7*), nas fábricas de algodão (britânicas) foi simplesmente devido à extensão deste ramo do negócio; nas outras fábricas, pelo contrário, foi devido à nova utilização de força-vapor nos teares de tapetes, de fitas e de linho, etc., que anteriormente eram accionados com força muscular humana(8*). O acréscimo destes operários fabris era, portanto, apenas a expressão de um decréscimo do número total dos operários ocupados. Finalmente, neste caso, abstraiu-se totalmente do facto de que, por toda a parte, com excepção das fábricas metalúrgicas, o elemento preponderante do pessoal fabril é formado por operários jovens (menores de 18 anos), mulheres e crianças.
Apesar da massa de operários facticamente desalojada e virtualmente substituída pelo funcionamento com máquinas, percebe-se no entanto como, com o próprio crescimento deste, expresso no número crescente de fábricas da mesma espécie ou no alargamento da dimensão de fábricas já existentes, os operários fabris podem finalmente ser mais numerosos do que os operários manufactureiros ou os artesãos por eles desalojados. O capital de 500 lib. esterl. aplicado semanalmente consiste, p. ex., no velho modo de funcionamento, em 2/5 de parte componente constante e 3/5 de parte componente variável, i. é, 200 lib. esterl. seriam empregues em meios de produção e 300 lib. esterl. em força de trabalho, digamos, 1 lib. esterl. por operário. Com o funcionamento com máquinas transforma-se a composição do capital total. Agora divide-se, p. ex., em 4/5 de parte componente constante e 1/5 de parte componente variável, o que significa que só 100 lib. esterl. são empregues em força de trabalho. Dois terços dos operários anteriormente ocupados são, portanto, despedidos. Se este funcionamento fabril se estender e, mantendo-se iguais as demais condições de produção, o capital total aplicado crescer de 500 para 1500, então são ocupados agora 300 operários, tantos como antes da revolução industrial. Se o capital aplicado continuar a crescer até 2000, então são ocupados 400 operários, portanto mais 1/3 do que com o antigo modo de funcionamento. Em termos absolutos, o número aplicado de operários subiu 100 e em termos relativos, i. é, em relação ao capital total avançado, desceu 800, pois o capital de 2000 lib. esterl. teria, no antigo modo de funcionamento, ocupado 1200 em vez de 400 operários. O decréscimo relativo do número de operários ocupados é compatível, portanto, com o seu acréscimo absoluto. Foi admitido acima que, com o crescimento do capital total, a sua composição permanece constante porque [o permanecem] as condições de produção. Mas, no entanto, sabe-se já que a cada progresso do sistema de máquinas a parte constante do capital que consiste em maquinaria, matérias-primas, etc., cresce, enquanto a parte variável do capital empregue em força de trabalho diminui. Sabe-se igualmente que em nenhum outro modo de funcionamento.o melhoramento é tão constante e, portanto, a composição do capital total tão variável. Esta constante mudança é, no entanto, também constantemente interrompida por pontos de repouso e por extensão meramente quantitativa numa base técnica dada. Com isso cresce o número dos operários ocupados. Assim, o número de todos os operários das fábricas de algodão, lã, estambre, linho e seda do Reino Unido, em 1835, ascendia apenas a 354 684, enquanto em 1861 só o número dos tecelões dos teares a vapor (de ambos os sexos e das mais diferentes idades a partir dos 8 anos) ascendia a 230 654. Sem dúvida, este crescimento parece mais pequeno se considerarmos que os tecelões manuais britânicos em 1838 eram ainda 800 000, incluindo as famílias por eles próprios ocupadas(9*), abstraindo totalmente dos que foram desalojados na Ásia e no continente europeu.
Nas poucas observações que há ainda a fazer sobre este ponto, tocaremos em parte em relações puramente de facto, a que a nossa própria exposição teórica ainda não conduziu.
Logo que o funcionamento com máquinas se expande num ramo de indústria à custa do artesanato tradicional ou da manufactura, os seus êxitos são tão seguros como os de um exército armado com espingardas de agulha percutora contra um exército de archeiros. Este primeiro período, em que a máquina conquista pela primeira vez a sua esfera de acção, é de uma importância decisiva por causa dos extraordinários lucros que ajuda a produzir. Estes, não só formam em si e por si uma fonte de acumulação acelerada, mas também atraem para a esfera de produção favorecida uma grande parte do capital social adicional constantemente criado e estimulado a novos investimentos. As vantagens particulares do primeiro período de tempestade e ímpeto repetem-se constantemente nos ramos de produção em que a maquinaria é introduzida de novo. Mas logo que o sistema fabril ganhou uma certa amplitude de existência e um determinado grau de maturidade, e nomeadamente logo que a sua própria base técnica, a maquinaria, é ela própria produzida por sua vez por máquinas; logo que a extracção de carvão e de ferro, bem como o trabalho dos metais e o sistema dos transportes, são revolucionados; logo que, em suma, as condições gerais de produção correspondentes à grande indústria são estabelecidas — este modo de funcionamento adquire uma elasticidade, uma capacidade de extensão repentina e por saltos que só encontra barreiras na matéria-prima e no mercado de venda. A maquinaria, por uma lado, provoca uma aumento directo de matéria-prima, como, p. ex., a cotton gin aumentou a produção de algodão(10*). Por outro lado, barateza do produto à máquina e um sistema de transportes e comunicações revolucionado são armas para a conquista de mercados estrangeiros. Pela ruina do produto artesanal destes, o funcionamento com máquinas transforma-os coercivamente em campos de produção da sua matéria-prima. Assim, as Índias Orientais foram coagidas a produzir algodão, lã, cânhamo, juta, índigo, etc., para a Grã-Bretanha(11*). A constante «conversão em supranumerários» dos operários nos países da grande indústria acelera como em estufa a emigração e a colonização de países estrangeiros, que se transformam em viveiros de matéria-prima para a mãe-pátria, como, p. ex., a Austrália num viveiro de lã(12*). E criada uma nova divisão internacional do trabalho, correspondente aos principais centros do funcionamento com máquinas, que converte uma parte do globo num campo de produção preferencialmente agrícola para a outra enquanto campo de produção preferencialmente industrial. Esta revolução conecta-se com revolucionamentos na agricultura, que ainda não são de aprofundar aqui(13*).
Impulsionada pelo senhor Gladstone, a Câmara dos Comuns mandou fazer a 18 de Fevereiro de 1867 uma estatística sobre a totalidade de cereal, grão e farinha de toda a espécie, exportada e importada pelo Reino Unido de 1831 a 1866. Eu dou em seguida o resultado resumido. A farinha foi reduzida a quarters de cereal[N144]. (V. tabela abaixo)
Períodos quintenais e ano de 1866 | ||||||||
Média anual: Importação qrs. | 1 096 373 | 2 389 729 | 2 843 865 | 8 776 552 | 8 345 237 | 10 913 612 | 15 009 871 | 16 457 340 |
Média anual: Exportação qrs | 225 263 | 251 770 | 139 056 | 155 461 | 307 491 | 341 150 | 302 754 | 216 218 |
Excesso da importação sobre a exportação nos anos médios |
871 110 | 2 137 959 | 2 704 809 | 862 1091 | 8 037 746 | 10 572 462 | 14 707 117 | 16 241 122 |
População | ||||||||
Número médio anual em cada período |
24 621 107 | 25 929 507 | 27 262 569 | 27 797 598 | 27 572 923 | 28 391 544 | 29 381 760 | 29 935 404 |
Quantum médio de cereal, etc., em qrs. consumido anualmente por indivíduo, supondo igual divisão pela população, em excesso sobre a produção interna |
0,036 | 0,082 | 0,099 | 0,310 | 0,291 | 0,372 | 0,501 | 0,543 |
A enorme expansibilidade, aos sacões, do sistema fabril e a sua dependência do mercado mundial geram necessariamente uma produção febril seguida de uma saturação dos mercados, cuja contracção é acompanhada de paralisia. A vida da indústria transforma-se numa série de períodos de vivacidade mediana, prosperidade, sobre-produção, crise e estagnação. A incerteza e instabilidade a que o funcionamento com máquinas submete a ocupação, e consequentemente a situação de vida do operário, tomam-se normais com esta mudança periódica do ciclo industrial. Exceptuando os tempos de prosperidade, trava-se entre os capitalistas a mais acesa luta por uma quota-parte de espaço individual no mercado. Esta quota-parte está na razão directa da barateza do produto. Além da rivalidade que esta luta gera no uso de maquinaria aperfeiçoada, que substitui força de trabalho, e de novos métodos de produção, surge de cada vez um ponto em que se ambiciona o embaratecimento das mercadorias por compressão violenta do salário abaixo do valor da força de trabalho(15*).
O crescimento do número de operários fabris está, portanto, condicionado pelo crescimento proporcionalmente mais rápido do capital total investido nas fábricas. Este processo cumpre-se, porém, apenas no interior dos períodos de fluxo e refluxo do ciclo industrial. É, além disso, constantemente interrompido pelo progresso técnico que ora substitui virtualmente os operários ora os desaloja de facto. Esta mudança qualitativa no funcionamento com máquinas afasta constantemente operários da fábrica ou fecha os seus portões à nova corrente de recrutas, enquanto a extensão meramente quantitativa das fábricas absorve, junto com os expulsos, contingentes frescos. Os operários são, assim, continuamente repelidos e atraídos, empurrados de um lado para o outro, e isto a par de uma constante mudança no sexo, idade e destreza dos recrutados.
Os destinos do operário fabril são evidenciados da melhor maneira por uma rápida vista de olhos aos destinos da indústria algodoeira inglesa.
De 1770 a 1815, a indústria algodoeira esteve em depressão ou estagnação durante 5 anos. Durante este primeiro período de 45 anos, os fabricantes ingleses possuíam o monopólio da maquinaria e do mercado mundial. De 1815 a 1821, depressão; em 1822 e 1823, prosperidade; em 1824, abolição das leis de coalisão[N145], grande expansão geral das fábricas; em 1825, crise; em 1826, grande miséria e revoltas dos operários do algodão; em 1827, ligeira melhoria; em 1828, grande aumento dos teares a vapor e da exportação; em 1829, a exportação, principalmente para a Índia, ultrapassa os níveis de todos os anos anteriores; em 1830, mercados saturados, situação calamitosa; de 1831 a 1833, depressão continuada; o monopólio do comércio com a Ásia Oriental (Índia e China) é retirado à Companhia das Índias Orientais. Em 1834, grande crescimento de fábricas e maquinaria, falta de braços. A nova lei dos pobres estimula a migração de operários rurais para os distritos fabris. Condados rurais limpos de crianças. Comércio de escravatura branca. Em 1835, grande prosperidade. Simultânea morte à fome dos tecelões manuais de algodão; em 1836, grande prosperidade; em 1837 e 1838, estado de depressão e crise; em 1839, reanimação. Em 1840, grande depressão, revoltas, intervenção militar. Em 1841 e 1842, terrível sofrimento dos operários fabris. Em 1842, os fabricantes expulsam os braços das fábricas para obrigarem à revogação das leis dos cereais. Os operários afluem aos milhares ao Yorkshire, são reprimidos pelos militares e os seus dirigentes são levados a tribunal em Lancaster. Em 1843, grande miséria. Em 1844, reanimação. Em 1845, grande prosperidade. Em 1846, primeiro, surto continuado, depois, sintomas de reacção. Revogação das leis dos cereais. Em 1847, crise. Redução geral dos salários em 10% e mais em honra da «big loaf»[N146]. Em 1848, depressão continuada. Manchester sob protecção militar. Em 1849, reanimação. Em 1850, prosperidade. Em 1851, queda dos preços das mercadorias, salários baixos, strikes frequentes. Em 1852, começo de melhoria, continuação das strikes, fabricantes ameaçam com a importação de operários estrangeiros. Em 1853, subida da exportação. Strike de oito meses e grande miséria em Preston. Em 1854, prosperidade, saturação dos mercados. Em 1855, dos mercados dos Estados Unidos, Canadá e da Ásia Oriental afluem notícias de bancarrotas. Em 1856, grande prosperidade. Em 1857, crise. Em 1858, melhoria. Em 1859, grande prosperidade, aumento das fábricas. Em 1860, zénite da indústria algodoeira inglesa. Mercados indianos, australianos e outros tão saturados que em 1863 ainda não tinha sido absorvida toda a tralha. Tratado comercial com a França. Enorme crescimento de fábricas e maquinaria. Em 1861, prosperidade continuada durante certo tempo, reacção, guerra civil americana, falta de algodão. De 1862 a 1863, colapso completo.
A história da falta de algodão é demasiado característica para que não nos debrucemos sobre ela um momento. A partir das indicações do estado do mercado mundial de 1860 a 1861 depreende-se que, para os fabricantes, a falta do algodão veio a propósito e em parte foi vantajosa — facto reconhecido em relatórios da Câmara do Comércio de Manchester, proclamado no Parlamento por Palmerston e Derby, confirmado pelos acontecimentos(17*). Sem dúvida que, em 1861, das 2887 fábricas de algodão do Reino Unido muitas eram pequenas. Segundo o relatório do inspector fabril A. Redgrave, cujo distrito administrativo inclui 2109 daquelas 2887 fábricas, 392 ou 19% aplicavam menos de 10 forças de cavalo de vapor cada; 345 ou 16% delas, 10 e menos de 20 forças de cavalo; em contrapartida, 1372, 20 e mais forças de cavalo(18*). A maioria das fábricas pequenas eram tecelagens, construídas durante o período de prosperidade, a partir de 1858, principalmente por especuladores, em que um fornecia o fio, o outro a maquinaria, e um outro, o terceiro, as instalações, sob a direcção de antigos overlookers ou por outras pessoas de poucos recursos. Estes pequenos fabricantes na sua maioria faliram. O mesmo destino lhes estaria reservado pela crise do comércio impedida pelo azar com o algodão. Embora formassem 1/3 do número de fabricantes, as suas fábricas absorviam apenas uma parte incomparavelmente diminuta do capital investido na indústria algodoeira. No que diz respeito ao volume da paralisia, em Outubro de 1862, segundo avaliações autênticas, 60,3% dos fusos e 58% dos teares estavam parados. Este dado diz respeito a todo o ramo industrial e estava naturalmente muito modificado de distrito para distrito. Só muito poucas fábricas trabalhavam a tempo inteiro (60 horas para semana); as restantes, com interrupções. Mesmo para os poucos operários ocupados a tempo inteiro, ganhando o usual salário à peça, encolhia necessariamente o salário semanal na sequência da substituição de algodão de melhor qualidade por um de pior qualidade, o Sea Island pelo do Egipto (em tecelagens finas), o americano e egípcio pelo surat (das Índias Orientais) e algodão puro por mistura de restos de algodão com surat. A fibra mais curta do algodão surat, o seu estado de sujidade, a maior fragilidade dos fios, a substituição de farinha por toda a espécie de ingredientes mais pesados para encolar o fio da urdidura, etc., diminuíam a velocidade da maquinaria ou o número de teares que um tecelão podia vigiar, aumentavam o trabalho por causa das falhas da máquina e limitavam, juntamente com a massa de produtos, o salário à peça. Com o uso do surat e com plena ocupação, crê-se que a perda do operário é de 20, 30 ou mais por cento. Além disso, a maioria dos fabricantes baixava também a taxa do salário à peça 5, 7 1/2 e 10 por cento. Pode-se, portanto, entender a situação dos apenas ocupados 3, 3 1/2, 4 dias por semana ou 6 horas por dia. Mesmo em 1863, depois dê uma melhoria relativa, os salários semanais dos fiandeiros, dos tecelões, etc., era 3 sh. e 4 d., 3 sh. e 10 d., 4 sh. e 6 d., 5 sh. e 1 d., etc.(20*). Mesmo nestas situações tormentosas, o espírito inventivo do fabricante em deduções ao salário não parava. Estas eram em parte infligidas como penalizações por defeitos da obra feita devidos ao mau algodão, a maquinaria inadequada, etc. Nos casos em que o fabricante era proprietário das cottages(22*) dos operários, pagava-se ele próprio da renda da casa por dedução no salário nominal. O inspector fabril Redgrave conta-nos sobre self-acting minders (operários que vigiavam um par de self-acting mules),
«no fim de uma quinzena de trabalho a tempo inteiro ganhavam 8 sh. e 11 d., e desta soma era deduzida a renda da casa, devolvendo o manufactureiro contudo metade da renda de presente. Os vigilantes (minders) levavam a soma de 6 sh. e 11 d. [...]» O salário dos «tecelões variava, durante a última parte de 1862, a partir de 2 sh. e 6 d. por semana.»(23*)
Mesmo quando os braços trabalhavam pouco tempo, o aluguer da casa era frequentemente deduzido dos salários(24*). Não admira que em algumas partes do Lancashire tivesse rebentado uma espécie de peste da fome! Mas mais característico que tudo isto foi como se processou a revolucionação do processo de produção à custa do operário. Eram experimenta in corpore vili(25*) em forma, como as dos anatomistas em rãs.
«Embora», diz o inspector fabril Redgrave, «eu tivesse dado os ganhos efectivos dos operários em várias fábricas, não se segue que eles ganhassem o mesmo montante semana após semana. Os operários estão sujeitos a uma grande flutuação por causa da constante experimentalização (experimentalising) dos manufactureiros... os ganhos dos operários sobem e descem com a qualidade das misturas de algodão; umas vezes ficam dentro dos 15 por cento dos seus ganhos anteriores, e depois, numa semana ou duas, caem de 50 por cento a 60 por cento.»(26*)
Estes experimentos não foram feitos apenas à custa dos meios de vida dos operários. Tiveram de pagar com todos os seus cinco sentidos.
«A gente que está empregada no fabrico de algodão Surat queixa-se muito. Informam-me que ao abrir os fardos de algodão há um cheiro intolerável que causa enjoo... Nas salas de mistura, de carmear (scribbling) e cardação, o pó e a sujidade libertados irritam todas as passagens de ar e dão origem a tosse e dificuldade de respiração. Uma doença de pele, sem dúvida por causa da irritação em virtude da sujidade contida no algodão Surat, predomina também... Por a fibra ser muito curta é usada uma grande quantidade de cola tanto animal como vegetal... A bronquite predomina devido ao pó. Inflamações da garganta são comuns em virtude da mesma causa. Enjoo e dispepsia são produzidos pela frequente quebra da trama, quando o tecelão chupa a trama através do olho da lançadeira.»(27*)
Por outro lado, os substitutos da farinha eram um saco de Fortunato para os senhores fabricantes porque aumentavam o peso do fio. Eles faziam «15 lib. de matéria-prima pesar 26 lib.(28*) depois de terem sido tecidas»(29*). No relatório dos inspectores fabris de 30 de Abril de 1864 lê-se:
«O negócio vale-se presentemente deste recurso numa medida que chega a ser vergonhosa. Sei, de boa fonte, de um tecido pesando 8 libras que foi feito de 5 1/4 lib. de algodão e 2 2/4 lib. de cola; e de um outro tecido pesando 5 1/4 lib., das quais 2 lib. eram cola. Eram tecidos para camisas (shirtings) ordinárias de exportação. Em tecidos de outras espécies adiciona-se por vezes até 50 por cento de cola, de tal modo que um manufactureiro pode gabar-se, e verdadeiramente se gaba, de que está a enriquecer vendendo tecido por menos dinheiro por libra do que pagou pelo fio de que ele se compõe.»(30*)
Os operários tiveram, porém, de sofrer não só com os experimentos dos fabricantes nas fábricas e das municipalidades fora das fábricas, não só com as reduções dos salários e desemprego, com a escassez e as esmolas, com os discursos elogiosos dos lordes e dos membros da Câmara Baixa.
«Mulheres desafortunadas que, em consequência da falta de algodão, eram no começo postas fora do emprego e tinham-se por isso tomado escórias da sociedade... e continuam a sê-lo. Há também na circunscrição mais prostitutas jovens do que eu já tive conhecimento nos últimos 25 anos.»(31*)
Encontrámos nos primeiros 45 anos da indústria algodoeira britânica, de 1770 a 1815, apenas 5 anos de crise e estagnação, mas este foi o período do seu monopólio mundial. O segundo período, de 48 anos, de 1815 a 1863, conta apenas 20 anos de reanimação e prosperidade contra 28 anos de depressão e estagnação. De 1815 a 1830 começa a concorrência com a Europa continental e os Estados Unidos. A partir de 1833, a extensão dos mercados asiáticos é forçada mediante «destruição da raça humana»[N147]. Desde a revogação das leis dos cereais, de 1846 a 1863, 8 anos de vivacidade e prosperidade mediana, 9 anos de depressão e estagnação. A situação dos operários algodoeiros masculinos adultos, mesmo durante o tempo da prosperidade, pode ser ajuizada a partir da nota seguinte(33*).
Notas de rodapé:
(1*) Ganilh considera, pelo contrário, como resultado final do funcionamento com máquinas uma redução absoluta do número de escravos do trabalho, à custa dos quais então um número acrescido de «gens honnêtes»(2*) vive e desenvolve a sua conhecida «perfectibilité perfectible»(3*). Por pouco que entenda do movimento da produção, sente pelos menos que a maquinaria é uma instituição muito fatal se a sua introdução transforma operários ocupados em indigentes, enquanto o seu desenvolvimento faz renascer mais escravos do trabalho do que os que esmagou. Só se consegue exprimir o cretinismo do seu ponto de vista através das suas próprias palavras: «As classes condenadas a produzir e a consumir diminuem e as classes que dirigem o trabalho, que aliviam, consolam e iluminam toda a população multiplicam-se... e apropriam-se de todos os benefícios que resultam da diminuição dos custos do trabalho, da abundância das produções e barateza dos consumos. Nesta direcção, a espécie humana eleva-se às mais altas concepções do génio, penetra nas profundezas misteriosas da religião, estabelece os princípios salutares da moral» (que consiste em «apropriar-se de todos os benefícios», etc.), «as leis tutelares da liberdade» (a liberdade para «as classes condenadas a produzir»?) «e do poder, da obediência e da justiça, do dever e da humanidade.» Esta algaraviada em Des systèmes d’économie politique, etc. Par M. Ch. Ganilh, 2ème éd., Paris, 1821, t. I, p. 224; cf. ibid., p. 212. (retornar ao texto)
(2*) Em francês no texto: «gente honesta» (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(3*) Em francês no texto: «perfectibilidade perfectível». Na edição francesa acrescenta-se: «de que Fourier troça com tanta verve.» Cf., por exemplo, Fourier, Traité de l’association domestique agricole e La fausse industrie morcelée. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(4*) Ver o presente tomo. p. 476 (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(5*) Reports of Insp. of Fact., 31st Oct., 1865, pp. 58 sq. Simultaneamente, estavam porém também já lançadas as bases materiais para a ocupação de um número crescente de operários em 110 novas fábricas com 11 625 teares a vapor, 628 576 fusos, 2 695 forças de cavalo de vapor e de água. (L. c.) (retornar ao texto)
(6*) Reports, etc., for 31st Oct., 1862, p. 79. Suplemento à 2.a ed. Em finais de Dezembro de 1871, o inspector fabril A. Redgrave disse numa conferência dada em Bradford, na New Mechanics' Institution: «O que me chocou há algum tempo atrás foi o aspecto alterado das fábricas de lã. Dantes estavam- cheias de mulheres e crianças, agora parece que a maquinaria faz o trabalho todo. Quando pedi a um manufactureiro uma explicação para isto ele deu-me a seguinte: “No velho sistema eu empregava 63 pessoas; depois da introdução da maquinaria aperfeiçoada reduzi os meus braços para 33 e ultimamente, em consequência de novas e extensivas alterações, fiquei em posição de reduzir estes 33 para 13”.» (retornar ao texto)
(7*) Na edição inglesa: 1856. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(8*) Reports, etc., for 31st Oct., 1856, p. 16. (retornar ao texto)
(9*) «Os sofrimentos dos tecelões manuais» (de algodão e materiais misturados com algodão) «foram objecto de um inquérito por uma Comissão Régia, mas embora a sua miséria fosse reconhecida e lamentada, o melhoramento» (!) «da sua condição foi deixado [...] aos acasos e mudanças do tempo, que é de esperar agora» (20 anos mais tarde!) «que tenham quase (nearly) obliterado essas misérias e não improvavelmente pela presente grande extensão dos teares a vapor.» (Rep. Insp. of Fact., 31 Oct.. 1856, p. 15.) (retornar ao texto)
(10*) No livro terceiro serão mencionados outros métodos pelos quais a maquinaria influi na produção da matéria-prima. (retornar ao texto)
(11*) Exportação de algodão das Índias Orientais para a Grã-Bretanha: 1846: 34 540 143 lib. 1860: 204 141 168 lib. 1865: 445 947 600 lib.
Exportação de lã das Índias Orientais para a Grã-Bretanha: 1846: 4 570 581 lib. 1860: 20 214 173 lib. 1865: 20 679 111 lib. (retornar ao texto)
(12*) Exportação de lã do Cabo da Boa Esperança para a Grã-Bretanha:
1846: 2 958 457 lib. 1860: 16 574 345 lib. 1865: 29 920 623 lib.
Exportação de lã da Austrália para a Grã-Bretanha: 1846: 21 789 346 lib. 1860: 59 166 616 lib. 1865: 109 734 261 lib. (retornar ao texto)
(13*) O desenvolvimento económico dos Estados Unidos é, ele próprio, um produto da grande indústria europeia, mais precisamente da inglesa. Na sua figura actual (1866) os Estados Unidos têm de ser considerados ainda um país colonial da Europa. {A 4.ª ed. — Desde então desenvolveram-se em segundo país industrial do mundo, sem por isso perderem totalmente o seu carácter colonial. — F. E.)
Exportação de algodão dos Estados Unidos para a Grã-Bretanha (em lib.): 1846: 401 949 393; 1852: 765 630 544; 1859: 961 707 264; 1860: 1 115 890 608
Exportação de cereais, etc., dos Estados Unidos para a Grã-Bretanha (1850 e 1862) | ||||
Trigo cwts(14*) | 1850 | 16202 312 | 1862 | 41 033 503 |
Cevada cwts | 1850 | 3 669 653 | 1862 | 6 624 800 |
Aveia cwts | 1850 | 3 174 801 | 1862 | 4 426 994 |
Centeio cwts | 1850 | 388 749 | 1862 | 7 108 |
Farinha de trigo cwts | 1850 | 3 819 440 | 1862 | 7 207 113 |
Trigo mouro cwts | 1850 | 1 054 | 1862 | 19571 |
Milho cwts | 1850 | 5 473 161 | 1862 | 11 694 818 |
Bere ou bigg (tipo especial de cevada) cwts | 1850 | 2 039 | 1862 | 7 675 |
Ervilhas cwts | 1850 | 811 620 | 1862 | 1 024 722 |
Feijões cwts | 1850 | 1 822 972 | 1862 | 2 037 137 |
Importação total cwts | 1850 | 35 365 801 | 1862 | 74 083 441 |
(14*) Abreviatura de hundredweights (ver lista de pesos no final do tomo III.) (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(15*) Num apelo às Trade Societies of England feito em Julho de 1866 pelos operários despedidos através de um «lock-out»(16*) pelos fabricantes de calçado de Leicester declara-se, entre outras coisas: «Há vinte anos, o negócio de calçado de Leicester foi revolucionado pela introdução do rebite em vez de costura. Nessa altura podiam ganhar-se bons salários.» Depressa se expandiu este novo negócio. «Surgiu uma grande concorrência entre as diferentes firmas para ver qual podia fornecer o artigo mais esmerado. Pouco depois, contudo, surgiu uma espécie pior de concorrência, a saber, a de vender abaixo do preço (undersell) no mercado. As consequências prejudiciais rapidamente se manifestaram na redução dos salários e tão brusca foi a queda do preço do trabalho que muitas firmas agora só pagam metade dos salários originais. E, no entanto, embora os salários descessem cada vez mais, os lucros pareciam aumentar com cada alteração na escala de salários.» — Mesmo os períodos mais desfavoráveis da indústria são utilizados pelos fabricantes para tirar lucros extraordinários através do abaixamento excessivo dos salários, i. é, através do roubo directo dos meios de vida mais necessários ao operário. Um exemplo. Trata-se da crise na tecelagem de seda de Coventry: «A partir de informação que recebi tanto de manufactureiros como de operários parece não haver dúvidas de que os salários foram reduzidos em maior medida do que a tomada necessária quer pela concorrência de produtores estrangeiros quer por outras circunstâncias... a maioria dos tecelões está a trabalhar com uma redução de 30 a 40 por cento nos seus salários. Uma peça de fita, pela qual o tecelão recebia cinco anos antes 6 sh. ou 7 sh., só lhe dá agora 3 sh. e 3 d. ou 3 sh. e 6 d.; outros trabalhos anteriormente pagos a 4 sh. e 4 sh. e 3 d., são agora a 2 sh. ou 2 sh. e 3 d. A redução no salário parece ter sido levada a um extremo maior do que o necessário para aumentar a procura. De facto, a redução do custo de 'tecelagem, no caso de muitas espécies de fita, não foi acompanhada por qualquer redução correspondente no preço de venda do artigo manufacturado.» (Relatório do comissário F. D. Longe, in Ch. Emp. Comm., V. Rep., 1866, p. 114, n. 1.) (retornar ao texto)
(16*) Em inglês no texto: literalmente, «encerramento», isto é, encerramento das fábricas pelos patrões. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(17*) Cf. Reports of Insp. of Fact. for 31st Oct., 1862, p. 30. (retornar ao texto)
(18*) L. c. pp. 18, 19(19*). (retornar ao texto)
(19*) Nas edições inglesa e francesa: p. 19. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(20*) Reports of Fact. for 31st Oct., 1863, pp. 41-45, 51(21*). (retornar ao texto)
(21*) Na edição inglesa: pp. 41-45. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(22*) Em inglês no texto: casas pequenas, cabanas. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(23*) Reports, etc., 31 st Oct., 1863, pp. 41, 42. (retornar ao texto)
(24*) L. c. p. 57. (retornar ao texto)
(25*) Em latim no texto: experimentos em corpo de pouco valor. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(26*) L. c. pp. 50, 51. (retornar ao texto)
(27*) Como noutros passos sucede, também nesta citação subsistem pequenas variações entre a versão alemã de Marx, que por vezes resume o sentido do texto original ou altera a ordem das frases, etc, e a edição inglesa. De acordo com o critério geral da nossa tradução, as passagens entre aspas correspondem ao texto inglês. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(28*) Nas edições alemã e francesa: 20. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(29*) L. c., pp. 62, 63. (retornar ao texto)
(30*) Reports, etc., 30th April, 1864, p. 27. (retornar ao texto)
(31*) De uma carta do chief constable(32*) Harris, de Bolton, in Reports of Insp. of Fact., 31st Oct., 1865, pp. 61, 62. (retornar ao texto)
(32*) Em inglês no texto: chefe de polícia. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(33*) Num apelo dos operários algodoeiros, na Primavera de 1863, para a formação de uma sociedade de emigração, lê-se entre outras coisas: «Poucos negarão que agora é absolutamente essencial uma grande emigração de operários fabris [...]; mas para mostrar que uma corrente contínua de emigração é exigida em todas as alturas e que sem a qual é-lhes impossível manter a nossa posição em tempos normais, permitimo-nos chamar a atenção para os factos anexos: — Em 1814 o valor oficial» (que é apenas índice da quantidade) «dos bens de algodão exportados era £17 665 378, enquanto o valor real do mercado era £20 070 824. Em 1858 o valor oficial dos bens de algodão exportados foi de £182 221 681, mas o valor real ou de mercado foi só de £43 001 322, sendo o décuplo da quantidade vendida por pouco mais do dobro do preço anterior. Para produzir resultados tão desvantajosos para o país em geral e para os operários fabris em particular, cooperaram várias causas [...] a mais óbvia é a constante redundância de trabalho, sem a qual um negócio tão ruinoso nos seus efeitos nunca teria sido levado a cabo e que requer um mercado constantemente em extensão para o salvar do aniquilamento. As nossas fábricas de algodão podem ser paralisadas por causa das estagnações periódicas do negócio, as quais, na presente organização são tão inevitáveis como a própria morte; mas a mente humana está constantemente a trabalhar [...] avaliando por baixo, que seis milhões de pessoas deixaram estas costas nos últimos 25 anos [...] em virtude do desalojamento de trabalho para embaratecer a produção, uma grande percentagem de homens adultos, mesmo nos tempos mais prósperos, não consegue encontrar trabalho nas fábricas em quaisquer condições.» (Repurts of Insp. of Fact., 30thApril, 1863, pp. 51, 52.) Veremos num capítulo ulterior como os senhores fabricantes, durante a catástrofe do algodão, tentaram evitar a emigração dos operários fabris por todos os meios, mesmo através do Estado. (retornar ao texto)
Notas de fim de tomo:
[N144] Estes dados foram extraídos por Marx do documento parlamentar: Com, Grain and Meai Return to an Order of the Honourable the House of Commons, Dated 18"' February 1867. (retornar ao texto)
[N145] Leis de coalizão — leis aprovadas pelo Parlamento inglês em 1799 e 1800, que proibiam a criação e a actividade de quaisquer organizações operárias. Estas leis foram revogadas pelo Parlamento em 1824, e no ano seguinte a sua revogação foi novamente confirmada. Mas mesmo depois disso as autoridades limitavam extremamente a actividade das associações operárias. Designadamente, a simples propaganda a favor da filiação dos operários numa associação e da participação em greves era considerada como «coacção» e «violência» e punida como um delito comum. (retornar ao texto)
[N146] Ver a nota 98. (retornar ao texto)
[N147] Marx refere-se à intensa penetração dos comerciantes privados ingleses no
mercado chinês depois da supressão do monopólio da Companhia das índias Orientais sobre o comércio com a China (1833). Atingiu dimensão particularmente grande o contrabando do ópio, gozando de todo o apoio do governo da Inglaterra, que
assim espezinhava conscientemente as leis e os interesses estatais da China e favorecia a intoxicação em massa dos chineses. Em resposta às medidas resolutas das
autoridades chinesas contra o contrabando desse narcótico para dentro do seu país,
os ingleses desencadearam a primeira «guerra do ópio» (1839-1842), que para a China terminou com um tratado injusto e leonino. (retornar ao texto)
Inclusão | 27/10/2013 |