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Temos uma nova crise ministerial. O ministério Camphausen foi derrubado, o ministério Hansemann desabou. O Ministério de Ação(1) teve uma duração de oito dias, apesar de todas as mezinhas caseiras, emplastros, processos contra a imprensa, prisões, apesar do atrevimento petulante com que a burocracia reergueu a cabeça de atas empoeiradas e tramou uma vingança mesquinha e brutal por seu destronamento. O "Ministério de Ação", resumo da pura mediocridade, estava ainda, no início da última sessão da Assembléia Ententista,(2) suficientemente confuso para acreditar em sua inabalabilidade.
No final da sessão(3) estava totalmente destroçado. Esta transcendente sessão deu ao primeiro-ministro, von Auerswald, a convicção de que devia apresentar sua demissão; também o ministro von Schreckenstein não queria permanecer por mais tempo moço de recados de Hansemann, e assim ontem o ministério inteiro se dirigiu ao rei em Sanssouci. O que foi acertado lá ficaremos sabendo até amanhã.
Nosso correspondente berlinense afirma em um pós-escrito:
"Acaba de propagar-se o boato de que Vincke, Pinder, Mevissen(4) foram convidados urgentemente para ajudar a compor um novo ministério."
Se o boato se confirmar teremos chegado, pois, finalmente, de um ministério de mediação, através do Ministério de Ação, a um ministério da contra-revolução. Finalmente! O curtíssimo tempo de vida desta contra-revolução ministerial seria suficiente para mostrar ao povo, em todo seu tamanho natural, o anão que, ao menor vento de reação, ergue novamente a cabecinha.
Notas de rodapé:
(1) Ao governo Camphausen seguiu-se, na Prússia, de 26 de junho a 21 de setembro de 1848, o governo A uerswald-Hansemann, o assim chamado "Ministério de Ação". Auerswald era o primeiro-ministro desse ministério, e Hansemann, a verdadeira cabeça do gabinete, continuou sendo, como sob Camphausen, ministro das Finanças. (retornar ao texto)
(2) Valemo-nos, aqui, da solução encontrada pelos tradutores de A burguesia e a contra-revolução (São Paulo, Ensaio, 1989) para o termo Vereinbarungsversammlung (N. da T.). (retornar ao texto)
(3) Ao término da sessão de 4 de julho de 1848, na qual se debateu novamente sobre a Comissão para a Investigação dos Acontecimentos na Posnânia, a Assembléia Nacional Prussiana decidiu conceder plenos poderes àquela comissão. Tomar essa decisão significava uma derrota para o ministério Auerswald—Hansemann. Os representantes da ala direita procuraram, então, contra as regras parlamentares, impor uma nova votação, e justamente sobre a proposta já rejeitada com a primeira decisão, a de limitar os plenos poderes da comissão. Em sinal de protesto, os deputados da ala esquerda deixaram a sala de sessões. A direita aproveitou-se disso e aprovou a proposta de negar à comissão o direito de ir à Posnânia e interrogar testemunhas e especialistas no próprio local. Com isso, a decisão original da Assembléia foi ilegalmente anulada. (retornar ao texto)
(4) Vincke, Georg Freiherr Von (1811-1875): político liberal prussiano; em 1848, um dos líderes da ala direita da Assembléia Nacional de Frankfurt; mais tarde, ex-liberal. Pinder: funcionário público prussiano, liberal moderado; em 1848, chefe de administração da Silésia, deputado à Assembléia Nacional Prussiana (direita) e membro da Assembléia Nacional de Frankfurt. Mevissen, Gustav Von (1815-1899): banqueiro em Colônia, um dos líderes da burguesia liberal renana; em 1848 foi membro da Assembléia Nacional de Frankfurt (centro-direita). (retornar ao texto)
Inclusão | 09/11/2014 |