"Por que resisti à prisão é composto de maneira interessante, pois começa por um fato concreto, que ele descreve com relevo palpitante: a sua prisão em 9 de maio de 1964, com requintes desnecessários de brutalidade, durante uma sessão de cinema cheia de crianças, no bairro do Tijuca, no Rio de Janeiro. Marighella, homem que não conhecia o medo, resistiu e foi baleado no peito, sendo a seguir preso e longamente maltratado. (...) O livro é de 1965 e muita coisa ainda mais grave estaria por acontecer, na vida de Marighella e na vida do povo brasileiro. Trata-se, por isso, de documento inestimável sobre um determinado momento de ambas, digno de ser lido e admirado pela expressividade da escrita, a lógica da composição e a flama revolucionária de um lutador intemerato, mas tolerante, que era um marxista aberto, pronto para aceitar os matizes da realidade e a pluralidade das opiniões, dentro do pressuposto básico da aspiração a uma democracia popular, que abolisse a máscara dos regimes destinados a perpetuar o privilégio. Quando sabemos que o preço que pagou foi a morte, avaliamos plenamente a estatura de Marighella como herói do povo brasileiro e o significado desta narrativa de uma experiência pessoal coroada pela teoria da luta pela liberdade." |