A Situação Atual e as Tarefas do Partido

Mao Tsetung

10 de Outubro de 1939


Primeira Edição: Decisão do Comité Central do Partido Comunista da China, redigida pelo camarada Mao Tsetung.
Tradução: A presente tradução está conforme à nova edição das Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Tomo II (Edições do Povo, Pequim, Agosto de 1952). Nas notas introduziram-se alterações, para atender as necessidades de edição em línguas estrangeiras.
Fonte: Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Pequim, 1975, Tomo II, pág: 483-486.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
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1. A guerra imperialista mundial rebentou porque as potências imperialistas procuram sair da nova crise económica e política. Por natureza, essa guerra, tanto com respeito a Alemanha como com respeito a Inglaterra e a França, é uma guerra imperialista, injusta e de rapina. Todos os Partidos Comunistas do mundo devem combatê-la firmemente, combater o comportamento criminoso dos partidos social-democratas de apoio a essa guerra e de traição ao proletariado. A União Soviética socialista persiste, como sempre, na sua política de paz, mantém-se rigorosamente neutra com relação as duas partes na guerra e, com o envio de tropas para a Polónia, impediu a expansão para leste das forças agressoras alemãs e consolidou a paz na Europa Oriental, assim como emancipou as nacionalidades irmãs da Ucrânia e Bielo Rússia ocidentais, oprimidas pelos dirigentes polacos. A União Soviética assinou diversos acordos com os países vizinhos, prevenindo assim as ofensivas possíveis da reação internacional, e, além disso, luta pela restauração da paz mundial.

2. Na nova conjuntura internacional, a política do imperialismo japonês consiste em concentrar as forças na ofensiva contra a China, num intento de resolver a questão chinesa, preparando-se com isso para ampliar a sua futura aventura internacional. A política com que procura resolver a questão chinesa é a seguinte:

  1. quanto as regiões ocupadas, esforçar-se por conseguir a respetiva consolidação, como preparação para subjugar a totalidade da China. Para isso, necessita de “limpar” as bases de guerrilhas anti-japonesas, passar a exploração económica, criar um poder fantoche e liquidar o sentimento nacional do povo chinês;
  2. com respeito a retaguarda da China, a ofensiva política é o principal e a ofensiva militar, um meio auxiliar. A ofensiva política consiste sobretudo em dividir a Frente Única Anti-Japonesa, romper a cooperação entre o Kuomintang e o Partido Comunista e induzir o governo kuomintanista a capitulação, sem ter em muita conta uma ofensiva militar de grande envergadura.

No período atual, a possibilidade de o inimigo passar aos ataques estratégicos de grande envergadura, como o que lançou contra Vuhan, já não é grande, em virtude dos golpes que recebeu da heroica resistência da China nestes últimos dois anos e pouco, bem como em resultado da sua insuficiência em tropas e recursos materiais. Nesse sentido, a etapa de equilíbrio estratégico na Guerra de Resistência praticamente já começou. O período de equilíbrio estratégico é também o período de preparação para a contra-ofensiva. Mas, em primeiro lugar, quando dizemos que a situação de equilíbrio praticamente já começou, não negamos a possibilidade que o inimigo ainda tem de desencadear certas ofensivas operacionais; ele está a atacar Tchancha e, depois, pode atacar outras regiões. Segundo, a medida que aumentam as possibilidades de equilíbrio frontal, ele vai intensificando as operações de “limpeza” contra as nossas bases de guerrilhas. Terceiro, se a China não conseguir passar a sabotagens nas regiões ocupadas pelo inimigo, se o deixar portanto atingir o objetivo de consolidá-las firmemente e explorá-las, e se, além disso, não conseguir repelir-lhe a ofensiva política nem persistir na Guerra de Resistência, na união e no progresso, preparando assim as forças para a contra-ofensiva, ou ainda se o governo kuomintanista capitular de livre iniciativa, o inimigo voltará a ter, como antes, possibilidades para ofensivas em grande escala. Quer dizer, a situação de equilíbrio que já começou pode ainda ser sabotada pelo inimigo e pelos capitulacionistas.

3. Na situação presente, o perigo de capitulação, de desunião e de retrocesso continua a ser o perigo maior no seio da Frente Única Anti-Japonesa; as manifestações atuais de anti-comunismo e retrocesso ainda constituem medidas com que a classe dos grandes senhores de terras e a grande burguesia se preparam para capitular. A nossa tarefa ainda é a de, em coordenação com a totalidade dos patriotas do país, mobilizar as massas para pôr realmente em prática as três grandes palavras de ordem políticas contidas no “Manifesto de 7 de Julho” do nosso Partido — “perseverar na resistência e opor-se a capitulação”, “perseverar na união e opor-se a ruptura” e “perseverar no progresso e opor-se a regressão”, preparando desse modo as forças para a contra-ofensiva. Para atingir esse objetivo, é preciso, na retaguarda do inimigo, perseverar na guerra de guerrilhas, esmagar as operações de “limpeza” que este lança, passar a sabotagem nas regiões que ele invade e proceder a reformas políticas e económicas radicais em benefício das grandes massas populares anti-japonesas. Na frente, é imperioso apoiar a defesa militar e rechaçar toda a ofensiva operacional que o inimigo venha a lançar. Na nossa retaguarda, é necessário executar, rápida e conscienciosamente, reformas políticas, acabar com a ditadura kuomintanista de um só partido, convocar uma assembleia nacional que realmente represente a vontade do povo e disponha de poder, aprovar uma constituição e instaurar um regime constitucional. Toda a hesitação, toda a demora, toda a orientação contrária a isso são inteiramente erradas. Ao mesmo tempo, no nosso Partido, os órgãos de direção dos diversos escalões, bem como a totalidade dos camaradas, devem elevar a vigilância a respeito da situação atual, consolidar com todas as forças, no plano ideológico, político e de organização, tanto o Partido como o exército e o poder político dirigidos por este, preparando-se para enfrentar as surpresas suscetíveis de prejudicar a revolução chinesa, e fazendo com que o Partido e a revolução não sofram inesperadas perdas com isso.


Inclusão 29/12/2014