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Como já se disse precedentemente, não é possível romper a ofensiva dum adversário que possui uma superioridade absoluta a não ser que a situação que se cria no decurso da retirada estratégica se torne favorável para nós e desfavorável para o adversário, e seja diferente da que existia no início da ofensiva inimiga; essa situação resulta, aliás, de diversos factores.
A existência de condições e a existência duma situação que nos seja favorável mas desfavorável ao adversário, não basta para infligir a este uma derrota. Tais condições e tal situação tornam possível a nossa vitória e a derrota do inimigo, mas não constituem, por si sós, essa vitória e essa derrota; elas não dão logo, a qualquer dos exércitos em presença, a vitória ou a derrota reais. Para transformar em realidade essa possibilidade de vitória ou derrota, é necessária uma batalha decisiva, único facto que poderá estabelecer qual dos exércitos é o vitorioso. Aí está toda a tarefa reservada à fase da contra-ofensiva estratégica. A contra-ofensiva representa um longo processo, constitui a fase mais exaltante e a mais dinâmica da defensiva, de que aliás é a última fase. Por defesa activa entende-se principalmente uma contra-ofensiva estratégica de carácter decisivo.
Essas condições e essa situação não se formam unicamente no decurso da fase da retirada estratégica, elas continuam a constituir-se por ocasião da contra-ofensiva. No decorrer desta, elas não permanecem absolutamente idênticas, nem na forma nem no carácter, ao que eram no decurso da fase anterior.
Aquilo que na forma e no carácter pode permanecer idêntico na segunda fase, por exemplo, o esgotamento crescente do adversário e as suas perdas cada vez maiores em forças vivas, não é mais do que a continuação do que se passou na primeira fase.
Inevitavelmente, porém, surgem condições e uma situação inteiramente novas. Por exemplo, quando o exército inimigo sofre uma ou várias derrotas, as condições que nos são favoráveis e desfavoráveis ao adversário já não se limitam ao esgotamento do inimigo, etc, junta-se-lhes também um novo factor, a saber, o facto de ele ter sofrido derrotas. A situação, aliás, regista também novas modificações: quando o exército inimigo se desloca em desordem e faz falsas manobras, a potência relativa dos dois exércitos em luta fica naturalmente modificada.
Admitamos que é o nosso exército e não o do adversário quem sofre a derrota ou as derrotas: nesse caso, as condições e a situação mudam no outro sentido. Quer dizer que há menos condições desfavoráveis ao adversário e que, em compensação, começam a aparecer, e até mesmo a agravar-se, condições que nós são desfavoráveis. Aí está mais um fenómeno completamente novo, diferente do que vimos precedentemente.
A derrota duma das partes conduz directa e rapidamente o campo vencido a fazer novos esforços para tentar sair do perigo, desembaraçar-se da nova situação e das novas condições que lhe são desfavoráveis, mas favoráveis ao adversário, e voltar a criar umas condições e uma situação que lhe sejam favoráveis e desfavoráveis ao adversário, a fim de poder exercer uma pressão sobre este.
Pelo contrário, os esforços despendidos pelo campo vencedor visam a ampliação da sua vitória, a imposição ao adversário de perdas ainda mais importantes, e o aumento ou o desenvolvimento de condições e duma situação que lhe sejam favoráveis, ao mesmo tempo que impedem o adversário de desembaraçar-se das condições desfavoráveis e sair da situação perigosa.
Assim, qualquer que seja o campo a considerar, é na fase da batalha decisiva que a luta resulta mais encarniçada, mais complexa, mais rica em vicissitudes e, ao mesmo tempo, a mais difícil e árdua de toda a guerra ou de toda a campanha, sendo também, do ponto de vista do comando, o momento mais delicado.
No decorrer da contra-ofensiva surge um grande número de problemas. Os principais são os seguintes: o início da contra-ofensiva, a concentração das forças, a guerra de movimento, a guerra de decisão rápida e a guerra de aniquilamento.
Para resolver esses problemas, aplicam-se, no essencial, os princípios que se aplicam para a ofensiva. Nesse sentido, pode dizer-se que a contra-ofensiva é uma ofensiva.
Todavia, não se trata em absoluto da mesma coisa. Os princípios da contra-ofensiva são aplicados quando o adversário ataca, enquanto que os da ofensiva se aplicam quando ele se defende. Nesse sentido existem certas diferenças entre a contra-ofensiva e a ofensiva.
Por esta razão, embora vários problemas relativos à acção militar tenham sido incluídos no estudo da contra-ofensiva neste capítulo da defensiva estratégica, e que, para evitar repetições, só outros problemas sejam abordados no capítulo da ofensiva estratégica, também não podemos perder de vista as semelhanças e as diferenças entre a contra-ofensiva e a ofensiva, quando da sua aplicação prática.
Inclusão | 15/05/2010 |