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Nos meados do século IV a.C um novo estado balcânico começou a afirmar-se — a Macedónia, que estava destinado a tornar-se um poderoso rival da Pérsia na luta pela hegemonia sobre a Grécia e o Médio Oriente.
Na sua estrutura económica e política, a Macedónia diferia muito dos outros Estados gregos. Não tinha comunicações com o mar e durante muito tempo foi incapaz de se dedicar ao comércio com outros povos ou à colonização. Daí que a Macedónia estivesse muito menos adiantada do que outras regiões da Grécia; era um país agrícola, cujos habitantes eram na sua maior parte camponeses.
Depois da guerra do Peloponeso, a Macedónia começou a assimilar rapidamente a civilização grega. Mas o que a Macedónia assimilou dos gregos não foi só a técnica industrial, o comércio e a cultura, mas também a técnica militar. Filipe II foi o responsável pela criação de um poderoso exército e pela instituição da famosa «falange da Macedónia». A infantaria pesada (hoplitas) foi desdobrada em filas de dezasseis a vinte guerreiros que estavam armados de lanças (cujo comprimento ia até 4,5 m), apoiando os das filas de trás as suas lanças nos ombros dos que estavam à sua frente. Esta massa compacta de infantaria pesada protegida por escudos enormes constituía uma força formidável.
O orgulho do exército macedónio era a cavalaria pesada formada pela nobreza macedónia (hetaeras ou companheiros do imperador). Outra característica importante do exército macedónio era o seu variado equipamento de cerco.
Pelos meados do século IV, a Macedónia já era uma potência importante nos Balcãs do Norte, graças às suas forças armadas. Conquistou parte do Epiro e da Trácia e a partir dessa altura havia de desempenhar um papel determinante nos negócios dos Estados gregos.
O primeiro pretexto para a interferência de Filipe nas questões gregas foi a guerra que estalou em 355 entre Tebas e o pequeno estado da Fócida, para a qual Atenas também foi arrastada.
Filipe II derrotou o povo da Fócida e tornou-se senhor de todo o Norte da Grécia. Conseguiu conquistar a Tessália, a maior parte da península Calcídica e o litoral da Trácia quase até ao Bósforo. A Macedónia conseguiu, assim, tornar-se uma potência marítima e controlar as principais vias marítimas da Grécia para o mar Negro.
O único Estado grego que ainda conseguia opor certa resistência a Filipe da Macedónia era Atenas. Contudo, dentro da própria Atenas havia duas facções rivais. Os defensores da facção pró-Macedónia consideravam que uma aliança com Filipe era a única maneira de pôr fim às constantes lutas e feudos internos; sob a chefia de Filipe os gregos poderiam unir-se e começar uma «guerra santa» contra a Pérsia, que além de uma vingança pela «profanação dos santuários» prometia ricos despojos. A facção anti-Macedónia era chefiada pelo famoso orador Demóstenes. Este chamava a atenção para o facto de que uma aliança com Filipe significaria a perda da liberdade, da independência e da democracia. Demóstenes conseguiu reunir uma forte coligação anti-Macedónia, na qual Tebas, Corinto e outras cidades se aliavam a Atenas.
Em Agosto de 338, a questão foi resolvida na batalha de Queroneia na Beócia. A falange Macedónia demonstrou o seu valor e os gregos foram derrotados. O flanco esquerdo do exército macedónio era comandado pelo filho de Filipe, Alexandre, que tinha apenas dezoito anos. Depois da vitória, Filipe convocou um congresso pan-helénico em Corinto, no qual foram tomadas importantes decisões. Formou-se uma aliança de todos os Estados gregos e foram proibidas guerras internas. A federação de Estados gregos concluiu uma aliança defensiva e agressiva permanente com o rei da Macedónia e foi decidido travar guerra com a Pérsia.
Filipe II começou a fazer cuidadosos preparativos para esta nova guerra. Em 336, a sua guarda avançada atravessou o Helesponto e chegou ao território da Ásia Menor. A guerra com a Pérsia tinha começado. Mas nesta altura Filipe foi assassinado.
Alexandre da Macedónia tinha vinte anos quando subiu ao trono. No entanto, será errado supor que ele não estava preparado para realizar o importante papel que o esperava. Desde muito jovem que acompanhava sempre o pai na guerra e era já um chefe militar competente. Também tinha recebido uma boa educação do seu mentor e professor Aristóteles. Alexandre gostava muito de literatura e conhecia bem a Ilíada; Aquiles era o seu herói preferido.
Quando subiu ao trono depois do inesperado e misterioso assassínio de seu pai, Alexandre encontrava-se numa posição difícil. Assim que a notícia da morte de Filipe chegou às cidades gregas, espalhou-se logo um clima de agitação. A facção anti-Macedónia de Atenas — Demóstenes era ainda vivo — elevou de novo a voz, enquanto em Tebas eclodia uma revolta. No entanto, o jovem imperador, por meio de medidas extremamente radicais e por vezes cruéis (tais como a destruição de Tebas e a venda dos tebanos como escravos) conseguiu pôr fim a toda a resistência ao domínio macedónio.
Em 334, Alexandre iniciou a sua famosa Campanha do Oriente. O seu exército não era particularmente numeroso; era composto por cerca de trinta mil soldados de infantaria, cinco mil a cavalo e uma frota de cento e cinquenta ou cento e sessenta navios. O exército de Alexandre atravessou o Helesponto e depois avançou pela Ásia Menor. A primeira batalha contra os persas deu-se nas margens do rio Cranico. Embora Alexandre fosse obrigado a fazer uma travessia sob ataque persa, conseguiu, no entanto, derrotar o inimigo, abrindo assim caminho para a Ásia. Marchou então para o Sul ao longo da costa e foi libertando as cidades gregas do domínio persa.
No ano 333 a.C., perto da cidade de Issus (na parte sudeste da Ásia Menor), Alexandre teve de enfrentar as forças principais do rei persa Dario III. As tropas persas ultrapassavam em número o exército de Alexandre e ele recorreu a uma ousada manobra. Conduziu o flanco esquerdo da infantaria ligeira e da cavalaria para uma posição avançada, ladeando o exército de Dario e atacando-o pela retaguarda. Desta maneira, conseguiu cercar e derrotar os persas e Dario foi obrigado a fugir para não ser capturado.
Então Alexandre partiu para a costa fenícia, e depois de tomar Tiro dirigiu-se ao Egipto. Aí declarou-se libertador dos Egípcios do jugo persa e os sacerdotes proclamaram-no filho do deus Amon e herdeiro dos faraós.
Em 331, Alexandre partiu mais uma vez para o interior da Ásia e travou a sua última batalha contra Dario em Gaugamela (não muito longe de Ninive). Mais uma vez os persas foram derrotados e Dario obrigado a fugir. O exército de Alexandre penetrou no interior da Ásia em perseguição de Dario e de caminho tomou as suas três capitais, Babilónia, Susa e Persépolis. Nestas cidades, Alexandre pôde deitar mão a tesouros fabulosos. Na Babilónia proclamou-se solenemente rei da Pérsia. Em perseguição de Dario e mais tarde dos seus sátrapas, Alexandre atravessou o rio Oxus (Amu-Dária) e chegou ao território dos actuais Uzbequistão e Tajiquistão. Aqui passou aproximadamente dois anos (até 327) e, depois, atraído pelas lendas sobre a famosa riqueza da Índia, invadiu o Norte da Índia. Aí derrotou as tropas do rei indiano Parus numa batalha na qual, seja dito como curiosidade, tanto os gregos como os macedónios encontrariam pela primeira vez elefantes de guerra.
O exército de Alexandre avançou até um afluente da margem esquerda do rio Indo, quando os acontecimentos inesperadamente mudaram o seu curso. As suas tropas, que até aí não tinham dado sinais de insurreição, recusaram-se teimosamente a continuar. Depois de dois dias de reflexão, Alexandre foi obrigado a ceder e a dar ordens para voltar à pátria. A marcha de regresso durou mais dois anos. Parte das tropas veio por mar e outra por terra ao longo das costas do golfo Pérsico; ambas as partes do exército se reencontraram na Babilónia em 324.
Assim acabou a grande Campanha do Oriente de Alexandre, que durou dez anos. Deu-lhe a possibilidade de fundar um enorme império que se estendia do mar Adriático, a Oeste, à Índia, a Leste; das colinas do Cáucaso, a Norte, aos troços centrais do Nilo, a Sul. No entanto, Alexandre não gozaria durante muito tempo deste poder sem precedentes: no ano a seguir ao seu regresso em 323 a.C. morreu com a idade de trinta e dois anos, e logo a seguir o seu extenso império começou a desintegrar-se.
As razões da vitória de Alexandre, o Grande, sobre o exército persa são perfeitamente claras e lógicas. O bem organizado exército greco-macedónio chefiado por um génio militar, pouca dificuldade teve em vencer forças inimigas compostas de uma grande variedade de tribos e povos, incluindo mercenários. Na verdade, o enorme império persa estava longe de estar firmemente unido: era um perfeito exemplo do proverbial colosso com pés de barro.
Alexandre submeteu o império persa pela força das armas, mas a tarefa de o consolidar como Estado centralizado e unificado ultrapassava as suas possibilidades. Não havia unidade interna económica nem política entre os vários estados e regiões que constituíam o império persa. Assim, o império de Alexandre, o Grande, desmembrou-se em resultado das lutas entre os seus sucessores. Os principais Estados que viriam então a levar existência independente foram o Egipto, onde se estabeleceu a dinastia ptolomaica, o reino sírio (abrangendo a Síria, a Palestina, Babilónia e todo o império persa até ao rio Indo), onde se fixou a dinastia selêucida, e, finalmente, a Macedónia, que manteve a sua hegemonia sobre a Grécia e a costa da Ásia Menor, que caiu nas mãos de Antígono Gonatas e dos seus sucessores.
Seria errado pensar que, porque o império de Alexandre, o Grande, durou pouco, a sua Campanha do Oriente não tenha tido consequências históricas de grande alcance. Na verdade, foi o contrário que sucedeu: o período desde a morte de Alexandre até à conquista romana da Grécia e do Médio Oriente é vulgarmente chamado época helenística. Empregamos a palavra helenismo quando falamos do estabelecimento do domínio grego sobre o Médio Oriente e das influências recíprocas das civilizações grega e oriental nos campos da economia, da organização política e da cultura.
O helenismo foi, sem dúvida, um factor de progresso. A época helenista assistiu a um rápido crescimento de cidades que se tornaram centros de comércio e indústria avançada. O Médio Oriente estabeleceu relações económicas e culturais mais íntimas com o Mediterrâneo Ocidental e o Extremo Oriente (através da Índia). A influência recíproca entre as duas culturas foi particularmente útil. Nalguns Estados helenísticos, a actividade intelectual e cultural desenvolveu-se. Surgiram importantes centros científicos e artísticos, tais como Antioquia, capital do reino selêucida, e Alexandria, capital do reino ptolomaico. Em Alexandria havia uma notável fundação científica que traria à cidade fama universal. Era conhecida como Museu (templo dedicado às Musas) e consistia numa grande biblioteca, uma vasta colecção de objectos raros e obras de arte, e era utilizada como ponto de encontro de estudiosos, onde se faziam reuniões e debates culturais. O período helenístico deu ao mundo uma série de notáveis matemáticos, astrónomos e geógrafos tais como Euclides, Eratóstenes, Arquimedes, Hiparco e Hero. Durante este período, a língua grega tornou-se a língua franca das costas orientais do Mediterrâneo e este factor também serviu para promover a unidade cultural dos países helenísticos.
Todas estas realizações dos Estados helenísticos nas esferas económica e cultural prepararam o caminho para a unificação de todos os Estados mediterrânicos, que foi pouco depois conseguida por Roma, cujo império iria abranger todos os países civilizados da bacia do Mediterrâneo.
Inclusão | 05/04/2016 |