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Escrito: em 3 de Outubro de 1919
Publicado: a 4 de Outubro, no Pravda nº 221
Fonte: Obras Escolhidas em três tomos, Edições "Avante!", 1977, t3, pp 196-197.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t.39, pp. 206-208.
Transcrição e HTML: Manuel Gouveia
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante!" — Edições Progresso Lisboa — Moscovo.
Os jornais já comunicaram que os operários de Petrogrado começaram a mobilização intensiva e o envio dos melhores trabalhadores para a Frente Sul.
A tomada de Kursk por Deníkine e o movimento em direcção a Oriol explicam plenamente este ascenso de energia do proletariado de Petrogrado. O seu exemplo deve ser seguido pelos operários de outros centros industriais.
Os homens de Deníkine contam provocar o pânico nas nossas fileiras e obrigar-nos a pensar apenas na defesa, apenas na direcção dada. As rádios estrangeiras mostram com que empenho os imperialistas da França e da Inglaterra ajudam Deníkine, como ajudam com armas e centenas de milhões de rublos. As rádios estrangeiras gritam a todo o mundo que o caminho de Moscovo está aberto. Assim querem intimidar-nos os capitalistas.
Mas não conseguirão intimidar-nos. As nossas tropas estão distribuídas segundo um plano meditado e firmemente aplicado. A nossa ofensiva sobre a fonte principal das forças do inimigo continua firmemente. As vitórias alcançadas há uns dias — captura de 20 canhões no distrito de Bogutchar e a tomada da stanitsa(1*) de Véchenskaia — mostram o avanço vitorioso das nossas tropas para o centro da zona cossaca, que é a única que dava e dá a Deníkine a possibilidade de criar uma força séria. Deníkine será esmagado como o foi Koltchak. Não nos intimidarão, e levaremos a nossa causa até à vitória final.
A tomada de Kursk e o movimento do inimigo em direcção a Oriol colocam-nos a tarefa de dar forças adicionais para repelir aqui o adversário. E os operários de Petrogrado mostraram com o seu exemplo que compreenderam correctamente a tarefa. Sem esconder a nós próprios o perigo, sem minimizar em nada a sua gravidade, dizemos: o exemplo de Petrogrado demonstrou que temos forças adicionais. Para repelir a ofensiva sobre Oriol e passar à ofensiva em direcção a Kursk e a Khárkov é necessário, além daquilo de que dispomos, mobilizar os melhores trabalhadores do proletariado. O perigo criado com a queda de Kursk é grave. Nunca o inimigo esteve tão perto de Moscovo. Mas para repelir esse perigo, em reforço das tropas anteriores enviamos novos destacamentos de operários avançados, capazes de efectuar uma viragem no estado de espírito das unidades que retrocedem.
Entre as tropas do Sul ocupavam um lugar importante os desertores que tinham voltado às fileiras do exército. A maior parte deles tinha voltado voluntariamente, sob a influência da agitação, que lhes explicava qual era o seu dever e lhes explicava toda a seriedade da ameaça do restabelecimento do poder dos latifundiários e dos capitalistas. Mas os desertores não aguentaram, faltou-lhes a firmeza, começaram a retroceder a cada passo, sem aceitar combate.
Eis porque é de primordial importância o apoio ao exército com um novo afluxo de forças proletárias. Os elementos inseguros serão reforçados, elevar-se-á o moral, conseguir-se-á uma viragem. O proletariado, como tem acontecido constantemente na nossa revolução, apoiará e guiará as camadas vacilantes da população trabalhadora.
Há muito tempo já que os operários de Petrogrado têm tido de suportar mais sacrifícios que os operários de outros centros industriais. O proletariado de Petrogrado sofreu mais do que o proletariado de outros lugares a fome, o perigo da guerra e a saída dos seus melhores operários para cargos nos Sovietes de toda a Rússia.
E apesar de tudo vemos que entre os operários de Petrogrado não há o menor desalento, o mínimo desânimo. Pelo contrário. Temperaram-se. Encontraram novas forças. Destacam novos combatentes. Cumprem excelentemente a tarefa de destacamento de vanguarda, enviando ajuda e apoio para onde é mais necessário.
Quando tais forças frescas vão reforçar as unidades do nosso exército que cederam, então as massas trabalhadoras, os soldados de origem camponesa, recebem novos chefes saídos de entre a sua gente, de entre os trabalhadores mais desenvolvidos, mais conscientes, mais firmes de espírito. É por isso que tal ajuda no nosso exército camponês nos dá uma superioridade decisiva sobre o inimigo, pois no campo do inimigo, para «apoiar» o seu exército camponês, são enviados apenas os filhos dos latifundiários, e sabemos que esse «apoio» perdeu Koltchak e perderá Deníkine.
Camaradas operários! Lancemo-nos todos ao novo trabalho, seguindo o exemplo dos camaradas de Petrogrado! Mais forças para a actividade no exército, mais iniciativa e audácia, mais emulação para igualar os operários de Petrogrado, e a vitória será dos trabalhadores, a contra-revolução latifundiária e capitalista será derrotada.
P.S. Acabo de saber que também partiram de Moscovo para a frente várias dezenas de camaradas dos mais dedicados. Depois de Petrogrado, Moscovo pôs-se em movimento. Depois de Moscovo devem pôr-se em movimento os restantes.
3 Outubro de 1919
N.L.
Notas de rodapé:
(1*) Povoação cossaca. (N. Ed.) (retornar ao texto)
Notas de fim de tomo:
(N119) Em ligação com a difícil situação na Frente Sul, a reunião plenária do CC do PCR (b) realizada em 21 e 26 de Setembro de 1919 decidiu levar a cabo uma mobilização dos comunistas e enviar para a Frente os melhores do Partido e da classe operária. Em resposta ao apelo do CC, o Comité de Petrogrado do PCR (b) decidiu mobilizar para a Frente Sul 1200 comunistas. Em 2 de Outubro, Lénine dirigiu aos operários de Petrogrado um telegrama, no qual os saudava pelo seu enérgico trabalho em auxílio da Frente Sul. (retornar ao texto)