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Primeira edição: Sovietskaia Gazeta (Elets), nº 73, 11 de agosto de 1918 V. I. Lênin, Obras, 4.ª ed. em russo, t. 28, págs. 32/34
Fonte: A aliança operário-camponesa, Editorial Vitória, Rio de Janeiro, Edição anterior a 1966 - págs. 384-386
Tradução: Renato Guimarães, Fausto Cupertino Regina Maria Mello e Helga Hoffman de "La Alianza de la Clase Obrera y el Campesinado", publicado por Ediciones en Lenguas Extranjeiras, Moscou, 1957, que por sua vez foi traduzido da edição soviética em russo, preparada pelo Instituto de Marxismo-Leninismo adjunto ao CC do PCUS, Editorial Política do Estado, 1954. Capa e apresentação gráfica de Mauro Vinhas de Queiroz
HTML: Fernando Araújo.
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Trouxeram-me um recorte de um jornal de Elets no qual se fala da assembleia extraordinária realizada a 27 de julho pela organização local do partido dos esserristas de esquerda. Nessa informação leio que Mochenov informou sobre a Conferência de Saratov, dos esserristas, na qual 8 organizações manifestaram-se a favor da tática de seu C.C., o que foi justificado pelo senhor Kolegaev, e 13 (treze) organizações se pronunciaram pela reorganização do partido e pela mudança de tática.
Entre outras coisas, o camarada Rudakov insistia, na assembleia de Elets, em «reorganizar nosso (dos esserristas de esquerda) partido», mudar seu nome, depurá-lo e não permitir de modo algum sua desagregação e sua morte. Depois, um tal Kriukov relatou que, em Moscou, havia conversado com representantes do poder central; que os camaradas Avanesov, Sverdlov e Bronch-Bruevitch lhe haviam declarado ser desejável para o Poder soviético a existência do partido dos esserristas de esquerda; que eu, muna conversa com Kriukov, lhe havia dito o mesmo, assinalando que os comunistas também se haviam afastado tanto de sua anterior teoria, dos livros, que no momento presente não têm, em geral, um programa, e que nas plataformas há extraordinária quantidade de imitações indiretas da teoria «populista», etc., etc.
Considero um dever declarar que tudo isso são histórias e que eu nunca conversei com Kriukov algum. Peço encarecidamente aos camaradas operários e camponeses do distrito de Elets que tenham extraordinário cuidado com os esserritas de esquerda, que muito frequentemente não dizem a verdade.
De passagem, algumas palavras sobre a opinião deles.
Está claro que sujeitos como Kolegaev & Cia. são meros peões manejados pelos guardas brancos, os monarquistas e os Savinkov, que mostraram em Yaroslavl quem «se aproveitou» da sublevação dos esserristas de esquerda. A idiotice e a falta de caráter levaram os senhores Kolegaev a essa decadência; este é seu caminho. «Lacaios de Savinkov»: eis como os chamará a história. Mas os fatos mostram que entre os esserristas de esquerda há homens (e em Saratov são a maioria) que se envergonham dessa idiotice, dessa falta de caráter, desse papel de lacaios do monarquismo e dos interesses dos latifundiários. Se tais homens querem inclusive mudar o nome de seu partido, (e, segundo ouvi, chamar-se «comunistas-comunalistas» ou «comunistas-populistas», etc.), isso só pode ser digno de aplauso.
A base puramente ideológica de tal populismo, ao qual os comunistas-bolcheviques nunca negaram aliar-se, consiste no seguinte: em primeiro lugar, desacordo com o marxismo; em segundo lugar, pleno acordo com a teoria do «usufruto igualitário do solo» (e com a lei que o regula).
Somos partidários dessa aliança, do acordo com os camponeses médios, já que nós, os operários comunistas, não devemos nos separar deles e estamos dispostos a fazer a eles uma série de concessões. Já o demonstramos, e não com palavras, mas com fatos, pois temos aplicado com estrita lealdade a lei de socialização da terra,(1) apesar de não estarmos inteiramente de acordo com ela. Em geral, temos sido e somos partidários da luta implacável contra os culaques, mas somos igualmente partidários do acordo com os camponeses médios e da fusão com os pobres do campo. Não se deve porém entender que o acordo com o camponês médio significa o acordo obrigatório com o esserrista de esquerda. Nada disso.
Levamos à prática a lei de socialização quando não tínhamos acordo algum com os esserristas de esquerda; essa lei significa, precisamente, nosso acordo com os camponeses médios, com a massa camponesa, e não com os intelectuais esserristas de esquerda.
Camaradas operários e camponeses: não andem atrás de um acordo com os esserristas de esquerda, pois vimos e experimentamos sua insegurança; difundam o comunismo entre os camponeses pobres, cuja maioria estará a nosso lado.
Procurem fazer concessões ao camponês médio, ter para com ele a atitude mais prudente e justa; a ele podemos e devemos fazer concessões. Sejam implacáveis com o punhado insignificante de exploradores, inclusive os culaques e os especuladores do trigo, que lucram com a penúria do povo, com a fome das massas operárias; sejam implacáveis com o punhado de culaques, que chupam o sangue dos trabalhadores.
V. Ulianov (N. Lênin)
Moscou, 6 de agosto de 1918
Notas de fim de tomo:
(1) A Lei de Socialização da Terra foi aprovada a 18 (31) de janeiro de 1918 pelo III Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia (realizado em 10/18 (23/31) de janeiro de 1918) e promulgada a 19 de fevereiro do mesmo ano. Na obra A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky, Lênin deu uma definição desta lei. Ver a presente edição, págs. 513-539 (retornar ao texto)