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Primeira edição: Publicado, em fins de outubro de 1917, em um folheto, pela editora Priboi. V. I. Lênin, Obras, 4.ª ed. em russo, t. 25, págs. 337/339
Fonte: A aliança operário-camponesa, Editorial Vitória, Rio de Janeiro, Edição anterior a 1966 - págs. 352-354
Tradução: Renato Guimarães, Fausto Cupertino Regina Maria Mello e Helga Hoffman de "La Alianza de la Clase Obrera y el Campesinado", publicado por Ediciones en Lenguas Extranjeiras, Moscou, 1957, que por sua vez foi traduzido da edição soviética em russo, preparada pelo Instituto de Marxismo-Leninismo adjunto ao CC do PCUS, Editorial Política do Estado, 1954. Capa e apresentação gráfica de Mauro Vinhas de Queiroz
HTML: Fernando Araújo.
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Para ser revolucionária, de fato, a democracia da Rússia atual deve marchar em estreita aliança com o proletariado, a única classe consequentemente revolucionária, e apoiar sua luta.
Esta é a conclusão a que nos leva a análise dos meios com os quais se pode combater a catástrofe iminente, de proporções inéditas.
A guerra provocou uma crise tão grande, de tal maneira pôs em tensão as forças materiais e morais do povo e assestou tais golpes em toda a organização da sociedade moderna, que a humanidade se vê colocada ante um dilema: perecer ou pôr seu destino nas mãos da classe mais revolucionária, a fim de passar com a maior rapidez e decisão a um modo de produção mais elevado.
Em virtude de diversas causas históricas — o maior atraso da Rússia, as dificuldades especiais que para ela apresentava a guerra, a maior putrefação do regime tzarista e a extraordinária vivacidade das tradições de 1905 — a revolução eclodiu na Rússia antes do que em qualquer outro país. A revolução fez com que, em alguns meses, a Rússia alcançasse, por seu regime político, os países mais adiantados.
Mas isso não basta. A guerra é implacável e apresenta a questão com impiedosa agudeza: perecer ou alcançar e ultrapassar também economicamente os países adiantados.
É isto é possível, pois contamos com a experiência vivida por um grande número de países adiantados e com as realizações de sua técnica e de sua cultura. Servem-nos de apoio moral a crescente revolta da Europa contra a guerra e o clima de revolução operária mundial em ascensão. Estimula-nos e impulsiona-nos a liberdade democrático-revolucionária, extraordinariamente rara em uma época de guerra imperialista.
Perecer ou avançar a todo vapor. Assim é que a história coloca a questão.
É a posição do proletariado diante do campesinato, num momento assim, confirma — com a variação correspondente — a velha tese bolchevique: arrancar o campesinato da influência da burguesia. Essa é a única garantia de salvar a revolução.
É o campesinato é o representante mais numeroso de toda a massa pequeno-burguesa.
Nossos socialistas revolucionários e mencheviques assumiram um papel reacionário: manter o campesinato sob a influência da burguesia e levá-lo a uma aliança com ela e não com o proletariado.
A experiência da revolução ensina as massas com rapidez. É a política reacionária dos esserristas e dos mencheviques fracassa: foram derrotados nos sovietes das duas capitais. Em ambos os partidos democrático-pequeno-burgueses cresce a oposição de «esquerda». Em Petrogrado, a conferência local dos esserristas, a 10 de setembro de 1917, deu uma maioria de dois terços aos esquerdistas, que se inclinam à aliança com o proletariado e rechaçam a aliança (coalizão) com a burguesia.
Os esserristas e os mencheviques repetem a contraposição predileta da burguesia: burguesia e democracia. Mas, no fundo, essa contraposição é tão disparatada como o seria comparar um pud com uma vara.
Há burguesia democrática e democracia burguesa: só quem ignora por completo a história e a economia política pode negá-lo.
Os esserristas e os mencheviques recorreram a essa falsa contraposição para encobrir um fato indiscutível: entre a burguesia e o proletariado encontra-se a pequena burguesia, a qual, em virtude de sua situação econômica de classe, vacila inevitavelmente entre a burguesia e o proletariado.
Os esserristas e os mencheviques empurram a pequena burguesia para a aliança com a burguesia. Essa é a essência de toda a sua «coalizão», de todo o governo de coalizão, de toda a política de Kerenski, esse semidemocrata constitucionalista típico. Em seis meses de revolução, esta política sofreu uma bancarrota completa.
Os democratas constitucionalistas exultam: a revolução, segundo eles, fracassou, a revolução não acabou nem com a guerra nem com a ruína.
Não é verdade. Quem fracassou foram os democratas constitucionalistas e os esserristas com os mencheviques, pois foi esse bloco (aliança) que governou a Rússia durante meio ano, e que durante meio ano aumentou a ruína e confundiu e agravou a situação militar.
Quanto mais completa for a bancarrota da aliança da burguesia com os esserristas e os mencheviques, mais rapidamente aprenderá o povo. É com maior facilidade encontrará o caminho certo; a aliança dos camponeses pobres, isto é, da maioria dos camponeses, com o proletariado.
10/14 de setembro de 1917