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A nova fase do desenvolvimento do capitalismo, a época do capital financeiro, resulta “do desenvolvimento e da continuação direta das tendências essenciais do capitalismo em geral”.(1)
Sem se ter estudado as leis do capitalismo em geral, não é possivel compreender como o capitalismo atinge sua nova fase e como adquire os caracteres que definem esta última. É conveniente, além disso, recordar que estes caracteres específicos aparecem num dado momento do desenvolvimento capitalista em que “certos caracteres essenciais do capitalismo se transformam em seu contrário, em que se precisa e se revela a transição do capitalismo para uma ordem econômica e social mais elevada. A essência econômica deste processo é a substituição da livre concorrência pelos monopólios”.
“A livre concorrência é o caráter dominante do capitalismo e da produção das mercadorias em geral: o monopólio é o oposto da livre concorrência... Contudo, nascendo da livre concorrência, o monopólio não a destrói, mas a domina, coexistindo com ela, dando assim nascimento a antagonismos, a atritos, conflitos de particular gravidade”.(2)
As tendências dos agrupamentos capitalistas, a extensão de suas esferas de influência e a luta encarniçada pelos mercados, luta esta que tende a se transformar em conflitos armados, faz com que se chame a este período a época do imperialismo.
Do mesmo modo que uma maquina (um edifício, uma matéria prima) não é um capital e é preciso haver relações capitalistas de produção para fazer da máquina um capital, toda tendência à extensão do poder, toda política de conquista não é forçosamente imperialista: é imperialista somente aquela que deriva de relações sociais estabelecidas à base do capitalismo de monopólios.
O imperialismo, escreve Buckharine, significa uma política de conquista, mas toda política de conquista não é imperialista. O capital financeiro não pode ter outra política; também nós subentendemos, quando falamos de imperialismo como da política do capital financeiro, seu caráter conquistador; mas nós indicamos também quais relações de produção reproduzem esta política de conquista.(3)
Se considerarmos a política de conquista, independentemente de suas formas e de suas causas, como o traço único e essencial do imperialismo, seriamos levados a estender infinitamente a noção de imperialismo. O primeiro bandido que viesse à apossar-se da propriedade de alguém seria então chamado de imperialista; Seria preciso então chamar de imperialista à todo ser vivo, em geral, que disputa seu lugar ou seu alimento a outros, quando não ha bastante para todos.
A aplicação tao generalizada de um mesmo termo a fatos tão diferentes, não poderia ser considerada como cientifica. Longe de querer tudo confundir, a ciência esforça-se por descobrir em cada fenômeno suas particularidades concretas e as causas de seus caracteres exteriores. O imperialismo é caracterizado essencialmente pelo predomínio dos monopólios.
Se fosse necessário, diz Lenine, dar ao imperialismo uma definição tão breve quanto possível, poder-se-ia dizer que este é a fase de monopólios do capital...
Mas as definições breves, embora úteis por resumirem o essencial, são insuficientes... Também seria preciso dar do imperialismo uma definição que abrangesse os seus cinco caracteres essenciais seguintes: 1.º) a concentração da produção e do capital, chegado a tão alto grau de desenvolvimento, dá origem aos monopol1os, que desempenham papel decisivo ha vida econômica; 2.º) a fusão do capital bancário com o capital industrial e a criação, nesta base, do capital financeiro, da oligarquia financeira; 3.º) a importância de mercadorias; 4.º) a formação de monopólios capitalistas internacionais, que entre si repartem o mundo; 5.º) o fim da repartição territorial do globo entre as potências capitalistas. O imperialismo é o capitalismo na sua fase de desenvolvimento, em que se institue a dominação dos monopólios e do capital financeiro, em que a exportação dos capitais adquire uma importância extraordinária, em que a partilha do mundo entre os trustes internacionais começou, em que terminou a partilha territorial do globo entre os maiores países capitalistas.(4)
Notas de rodapé:
(1) V. LENINE: O imperialismo. (retornar ao texto)
(2) V. LENINE: Obra citada. (retornar ao texto)
(3) N. BUKHARINE: A economia mundial e o imperialismo. (retornar ao texto)
(4) V. LENINE: O imperialismo. (retornar ao texto)
Inclusão | 10/06/2023 |