Conceitos Fundamentais de O Capital
Manual de Economia Política

I. Lapidus e K. V. Ostrovitianov


Livro nono: O imperialismo e a queda do capitalismo
Capítulo XXV - A luta pelos mercados estrangeiros e o militarismo
126. A exportação de capital


capa

Os agrupamentos capitalistas de um pais, defendidos pelas tarifas alfandegárias contra a concorrência dos agrupamentos capitalistas estrangeiros, não renunciam à esperança de minar as fronteiras de seus rivais e de conquistar seus mercados.

As tarifas alfandegárias impedem a importação de mercadorias dos países estrangeiros, importando-se, então, capitais em vez de mercadorias.

A frase que se atribue ao macedônio por ter tomado uma fortaleza pela corrupção. (Não há muralha que um burro carregado de ouro não possa transpor), aplica-se com grande justeza à sociedade moderna.

“O dinheiro não tem cheiro”. O dinheiro não traz o nome de seu dono. O dinheiro atravessa as fronteiras mais facilmente do que as mercadorias.

Os “empréstimos”, contraídos pelos capitalistas ou pelos governos de um pais noutro pais, constituem a primeira forma de exportação do capital.

Os capitalistas, que dão dinheiro emprestado, recebendo ótimos juros, reclamam e obtêm em primeiro lugar os privilégios que devem facilitar a conquista do país que toma dinheiro emprestado. O empréstimo acarreta sempre a obrigação de concluir tratados de comércio ou outras vantagens para aquele que concede dinheiro emprestado; os capitalistas credores exigem e obtêm o privilégio de importação de certas mercadorias e especialmente os fornecimentos de guerra do país devedor. Os capitalistas credores obtêm quase sempre concessões de estradas de ferro a construir, ou outros grandes trabalhos semelhantes. Se o capitalista que concede o empréstimo é um grande capitalista, ele pode permitir-se exercer sobre o Estado uma pressão num sentido determinado, etc.

Sabe-se que os banqueiros americanos, que recentemente ofereceram fundos à Polônia, exigiram que se lhes desse a administração das fábricas de fósforos. Os japoneses fornecedores de fundos a Tehang-Tso-Lin exigiram a autorização para construir estradas de ferro na Mandchúria.

A aplicação do plano Dawes reduziu-se ao controle da vida econômica da Alemanha à qual se concedia um empréstimo.

A exportação de capital toma também outras formas.

Os capitalistas podem exportar diretamente seus capitais para os países estrangeiros, fundando aí bancos ou entrando em relação com os bancos locais, não sem tentá-los submeter.

Sabe-se que os grandes bancos do Império russo eram na realidade, estabelecimentos mixtos de crédito, desempenhando o capital francés um papel preponderante. O Banco Comercial de Azov e do Don tinha um capital social de sessenta milhões de rublos, dos quais trinta e seis milhões eram de proveniência francês. O Banco Russo-Asiático tinha, em cincoenta e seis milhões de rublos de capital social, trinta e seis milhões de fundos de origem francesa.(1)

Também nas empresas comerciais e industriais do estrangeiro os capitalistas colocam seus fundos.

Temos, portanto, que distinguir aí duas formas de exportação de capital: os empréstimos e as exportações de capital industrial. Há empréstimo, quando os capitalistas fornecem créditos às empresas estrangeiras: o capital exportado rende então juros. Há exportação de capital industrial, quando os capitalistas colocam seus capitais nas empresas estrangeiras; o capital exportado produz então lucro.

A exportação do capital industrial efetua-se ordinariamente pela compra de ações de empresas estrangeiras.

Mais de 2.500.000.000 de rublos de capitais estrangeiros estavam colocados nas empresas industrias da Rússia Imperial. “O capital francês dominava completamente dois dos mais importantes ramos da indústria russa: a indústria da hulha e a indústria metalúrgica.(2)

O capital inglês controlava, na região de Baku, a extração de 199 milhões de puds de petróleo (60% da produção).

Na China, a maior parte das empresas da indústria pesada pertencem aos ingleses, japoneses e americanos.


Nota de rodapé:

(1) M. PAULOVITCH: O Imperialismo. (retornar ao texto)

(2) M. PAULOVITCH: Obra citada. (retornar ao texto)

 

Inclusão 10/06/2023