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Do mesmo modo que, na vida econômica, os “magnatas do capital financeiro” asseguram a hegemonia em todos os domínios da vida social e, em primeiro lugar, a do poder político: eles são os donos do Estado capitalista moderno.
O Estado tem sido, em todos os tempos, um instrumento por meio do qual a classe dirigente organiza o seu predomínio e contém a resistência das classes inferiores. Na fase progressista do capitalismo, o Estado representava, ainda, numa certa medida, os interesses gerais da classe capitalista, ou, pelo menos, da maioria dessa classe. O regime do capitalismo financeiro caracteriza-se, ao contrário, pela subordinação do Estado a um punhado de magnatas do capital, que são os verdadeiros donos do mundo.
A organização de numerosas empresas regidas pelo Estado, tais como os transportes e as comunicações, exigem, nas condições atuais, fundos consideráveis, que os governos são frequentemente obrigados a tomar de empréstimos aos bancos. A manutenção da administração e os armamentos, mais custosos ainda, obrigam o Estado moderno a recorrer amiudadamente a empréstimos. Os bancos desempenham o seu Papel na colocação desses empréstimos. O Estado depende, cada vez mais, do capital financeiro.
Fundando fábricas, usinas, vias de comunicação, o Estado assume às vezes a função de um patrão capitalista e cai, em virtude disso, sob a influência das leis que regem o capitalismo, na época do capital financeiro: é forçado a fundir-se com monopólios privados.
Os reis da finança podem, quando o Estado rejeita as suas propostas de acordo, empregar contra ele os meios que empregam contra os capitalistas “selvagens”.
O poderio financeiro assegura-lhes o monopólio da imprensa, que, por sua vez, cria a “opinião pública”. Servil e venal, a imprensa torna-se um dos instrumentos mais poderosos do capital financeiro.
A fusão intima do Estado e dos monopólios capitalistas faz dos funcionários, dos deputados, dos homens de Estado mais influentes, servidores dos trustes e dos banco capitalistas. Não é raro que um ministro ou um parlamentar conhecido seja recompensado pelos seus “patrões” pela sua ação parlamentar, pelo voto a certos projetos de lei, etc. Não é raro um homem de Estado deixar a política e receber uma sinecura num truste ou num banco. De outra parte, os dirigentes de empresas capitalistas tomam frequentemente nas suas próprias mãos o governo do Estado.
O primeiro ministro inglês, o senhor Baldwin, é o proprietário de uma das maiores fábricas de aço britânicas, a firma Baldwin N Co. Compreende-se que ele tenha defendido com zelo um projeto de construção de habitações operárias de aço, cuja vealização condenaria os proprietários a gelar durante o inverno e a torrar durante o verão.
O ministro alemão Rathenau, assassinado em 1922, dirigia uma das maiores associações capitalistas do mundo: a Sociedade Geral de Eletricidade (Allgemeine Elektricitátsgesellschaft).
A hegemonia dos monopólios capitalistas, bancos, sindicatos e trustes, transforma, assim, pouco a pouco, o Estado “num gigantesco combinado dirigido pelos reis da finança”.(1)
Nota de rodapé:
(1) N. BUKHARINE: A economia mundial e o imperialismo. (retornar ao texto)
Inclusão | 10/06/2023 |