Conceitos Fundamentais de O Capital
Manual de Economia Política

I. Lapidus e K. V. Ostrovitianov


Livro quinto: O capital comercial e o lucro comercial
Capítulo IX - O capital comercial e o lucro comercial na economia capitalista
47. A explicação dos empregados no comércio


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Já vimos que o trabalho dos empregados no comércio não cria nem valor nem mais-valia. Pode-se falar, nestas condições, de exploração dos empregados pelo capital comercial? Averiguemos qual é o papel dos empregados no comércio. O comerciante recebe um lucro proporcional ao seu capital. Mas a atividade do capital comercial seria impossível sem o trabalho dos empregados no comércio; e quanto maior for a soma de capital comercial — ficando invariáveis todas as outras condições — maior deve ser o número de empregados. Desta maneira, ainda que o trabalho deles não crie mais-valia, constitui, no entanto, uma condição absolutamente necessária para aplicação do capital no comércio e, por isto mesmo, para apropriação, pelo comerciante, de uma parte da mais-valia do industrial. Decorre daí que o comerciante está grandemente interessado em que esta aplicação de seu capital e esta apropriação da mais-valia se realizem com o mínimo de despesas. Também ele não pagará aos seus empregados — como o capitalista industrial aos seus operários — mais do que for preciso para a reprodução de sua força de trabalho; em outros termos, ele pagará o valor desta força de trabalho. Ele não se esquecerá também de obrigar seus empregados a trabalhar mais do que o tempo necessário, afim de beneficiar-se gratuitamente com o seu trabalho suplementar, para a apropriação da mais-valia do capital industrial. De maneira que, no regime capitalista, o empregado de escritório e de loja é tão explorado como o operário de fábrica. A diferença entre um e outro está em que o trabalho do operário cria a mais-valia para o capitalista industrial, enquanto o trabalhador empregado no comércio assegura ao capitalista comerciante a possibilidade de embolsar uma parte desta mais-valia.

A situação dos empregados no comércio não cessa de piorar com o desenvolvimento do capitalismo. A divisão do trabalho, cada vez mais aperfeiçoada no escritório, e a simplificação das diversas operações que o compõem, exigem uma instrução profissional cada vez menos importante. Por outro lado, o progresso da instrução pública torna cada vez mais acessíveis à maioria da população os conhecimentos elementares necessários para o trabalho de escritório. Resulta daí um aumento da oferta no mercado do trabalho e aumento da concorrência entre os empregados e, por consequência, uma baixa de salários.


Inclusão 21/09/2018