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Primeira Edição: INVESTITIONSSTAU em www.exit-online.org. Publicado em Neues Deutschland, 30.10.2009
Fonte: http://www.obeco-online.org/robertkurz.htm
Transcrição e HTML: Fernando Araújo.
Reina o Princípio Esperança e não é só em Berlim. A maior queda da economia mundial na história do pós-guerra há-de ter sido também a mais curta. Como luz ao fundo do túnel temos os números positivos, na ordem das milésimas, que voltam a ser calculados para o trimestre de Verão. É verdade que no ano corrente se mantém na Alemanha, como nota de rodapé, uma queda do produto interno bruto de cinco por cento. Mas o acentuado declínio do crescimento, diz-se, estará agora estabilizado. Para 2010, os institutos económicos alemães esperam agora um crescimento global de um por cento. No entanto, tomando como ponto de partida o novo nível mais baixo a que se chegou, este seria apenas um desenvolvimento estagnado, ainda agravado pelos balanços duvidosos dos bancos e das empresas, bem como por uma dívida pública explosiva. Há um indicador-chave para saber se a famosa recuperação auto-sustentada a longo prazo há-de sair desta estagnação com ameaça de recuo, que é o aumento do volume de investimentos. Sobre isso pouco se tem falado até agora.
Como é sabido, acudiu-se inicialmente à queda com programas públicos de estímulo à economia. Uma parte significativa deles fluiu para o estímulo do consumo, tendo tido um papel central os prémios de abate de automóveis, entretanto esgotados na Alemanha e nos Estados Unidos. O investimento público, na sequência dos programas de estímulo económico, foi para o desenvolvimento de infra-estrutura (estradas, renovação do parque escolar etc.). Isso ajuda de facto a indústria de construção e parte da mão-de-obra. Mas não é provável que haja mais investimentos nesse sector. Portanto, o volume de programas de apoio económico é muito pequeno, podendo facilmente ser servido com as capacidades instaladas no tempo do boom imobiliário e das conjunturas de deficit recentes. Além disso, do ponto de vista macroeconómico, a mobilização destas capacidades constitui um consumo público, que não é coberto pelas receitas correntes, mas assenta em dívida adicional que, pelo contrário, vai sobrecarregar a economia no médio prazo.
Então, tudo depende de saber se começa um surto de investimento autónomo das grandes empresas e, numa frente alargada, das pequenas e médias empresas. Para as empresas, a melhoria dos resultados trimestrais baseia-se por agora apenas em medidas de poupança (horário de trabalho reduzido, reduções salariais, cortes no emprego), enquanto o declínio das vendas ainda continua na maioria dos sectores. As exportações caíram 20 por cento nas regiões mundiais centrais. Os afectados são as indústrias de base (siderurgia), bem como indústrias de bens de capital (construção de máquinas)), indústrias de consumo (automóveis) e, não menos importante, o sector dos transportes (ferroviário, camiões de contentores e sobretudo navios de contentores). Com o crescimento previsto na ordem de um por cento para os próximos dois anos, mantém-se um enorme excesso de capacidade industrial instalada. Isto também se aplica a toda a gama de fornecedores e serviços industriais.
Um crescimento que se baseia apenas no consumo estimulado não é auto-suficiente. A longo prazo, não é o consumo que empurra o investimento, mas sim o investimento que promove o consumo. Só assim se pode criar poder de compra suficiente no ciclo do capital. Dado o excesso de capacidade instalada, no entanto, será de contar mais com um congestionamento do investimento. A liquidez proporcionada pela política de baixas taxas de juro dos bancos centrais não está fluindo para investimentos reais, mas para os mercados de acções que, com o seu alto vôo intercalar, antecipam uma retoma ilusória. O congestionamento do investimento é o ponto cego no actual discurso de esperança, que poderá acabar com um mau despertar.