Sobre a Ideia Juche

Kim Jong Il


Anexos
Sobre algumas questões para a compreensão da filosofia Juche


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Recentemente, certo sociólogo me enviou uma carta na qual expôs suas opiniões acerca da filosofia Juche.

Seu conteúdo constitui mais um testemunho de que em nossos círculos acadêmicos ainda não existe uma compreensão correta dela.

A filosofia Juche é uma nova corrente criada pelo Líder.

É uma filosofia centrada no homem e sobre a base do qual se desenvolveu e sistematizou. Mas isto não significa que estuda e esclarece simplesmente as questões humanas. Quer dizer que parte do homem ao colocar seus problemas fundamentais e ao definir o conceito, o ponto de vista e a atitude a ser tomada em relação ao mundo.

Não obstante, o referido sociólogo interpreta a filosofia Juche como uma filosofia do homem. Semelhantes opiniões se manifestam também entre alguns outros sociólogos.

Originalmente a filosofia do homem foi criado há muito tempo atrás e, ademais, teve diversas escolas, as quais se ocupavam, por igual, de problemas puramente humanos. Tratava-se de uma filosofia da vida que negava a missão original da filosofia como ciência encarregada de oferecer uma concepção do mundo, abordando principalmente essas questões: o que é o ser humano e como é sua vida.

A filosofia Juche difere daquela. Coloca como seus problemas fundamentais a posição e o papel que desempenha o homem no mundo, e esclarece o princípio de que ele é o dono e definidor de tudo. De maneira tal que seus temas básicos não são puramente humanos, mas se referem as relações entre o homem e o mundo e seu princípio não elucida meramente os pontos de vista da vida, mas oferece uma concepção de mundo. A filosofia Juche definiu uma concepção do mundo com o homem como centro do enfoque, uma concepção do mundo inspirada no Juche.

A filosofia Juche oferece novos conceitos sobre o ser humano.

Durante muito tempo, ao longo da história, a questão do homem foi objeto de estudo filosófico e de muitos debates, mas não pode contar com um esclarecimento perfeito. Foram os clássicos do marxismo quem conseguiram um grande avanço a respeito ao considerar o tema a partir do ponto de vista da dialética materialista. Eles definiram a essência do homem como a totalidade de suas relações sociais e concederam uma importância decisiva, dentro de suas atividades, à produção material e a suas relações socioeconômicas. Contudo, sobre a questão do homem, não conseguiram elucidar de forma integral suas características essenciais como ser dominante e transformador da natureza e da sociedade.

Ao formular pela primeira vez que a independência, o espírito criador e a consciência constituem as características essenciais do homem como ser social, a filosofia Juche ofereceu uma interpretação cabal e ofereceu um correto esclarecimento sobre seu posto e papel como dono da natureza e da sociedade, como seu dominador e transformador.

Quanto ao ser humano, a filosofia Juche e a filosofia do homem têm conceitos diametralmente opostos. A diferença da primeira, que vê o homem como um ente social independente, criador e consciente, os partidários da segunda negam o caráter social do ser humano, considerando-o como uma existência dominada pelo instinto, uma existência impotente isolada do mundo. Essa filosofia burguesa, que recusa a compreensão científica do mundo e suas mudanças revolucionárias, fomenta a tristeza, o pessimismo e o individualismo exacerbado.

Devemos conhecer toda a essência reacionária deste pensamento e ter uma compreensão justa da originalidade da filosofia Juche, que colocou e esclareceu de forma inédita a questão do homem.

Para compreender a filosofia Juche é necessário ter conhecimentos cabais acerca da nova interpretação do mundo baseada no homem.

A filosofia Juche define o critério, o ponto de vista e a posição a respeito do mundo tomando o homem como base. Eis aqui sua importante característica como concepção de mundo revolucionária da nossa época. Ao formulá-la de maneira original ofereceu às massas trabalhadoras, principalmente a classe operária, uma poderosa arma para transformar o mundo e forjar seu próprio destino.

Contudo, há quem afirme que o universo se formou tendo o homem como centro ou que graças a ele são realizadas todas as mudanças e progressos do mundo material, considerando isto como se fosse um novo critério da filosofia Juche que a diferencia das correntes precedentes.

O fato de que o mundo está formado não por consciências ou ideias, mas pela matéria, e que se move, modifica e evolui não devido a uma forma sobrenatural, mas conforme suas próprias leis, já fora elucidado pela dialética materialista. É uma verdade irrefutável que o mundo é, por essência, matéria e está unido materialmente; se move, modifica e evolui segundo suas próprias leis. A filosofia Juche explica uma nova questão: quem é o dono do mundo e de onde emana a força que o transforma e modifica. Ao postular um critério original sobre o mundo, estabelecendo que o homem domina e transforma a natureza e a sociedade, deu uma brilhante solução às tarefas da filosofia de nossa época, em que as massas populares se apresentam como donas de seu próprio destina e da história.

Assim, pois, a filosofia Juche esclareceu que o homem é o dono do mundo e o domina, mas, jamais postulou que o mundo material constituiu-se em torno do homem. Também demonstrou que o homem é o transformador do mundo, mas nunca que é a ele que se devem todas suas mudanças. A ideia de que o mundo material se integra em torno do homem e de que este é o fator de todas suas mudanças e evoluções que se produzem naquele, derivam precisamente do fato de que se ignora a filosofia Juche. Não se pode se equivocar sobre a posição e o papel do homem ao interpretar o critério sobre o mundo que ela formulou.

Para entendê-la na totalidade é importante ter uma correta compreensão acerca da independência.

A filosofia jucheana definiu pela primeira vez que o homem é um ser social que considera a independência como sua própria vida. Isto constitui uma mudança histórica na explicação da natureza do homem, da sua posição e do seu papel.

Contudo, hoje se observam erros na interpretação da independência, concebida pela filosofia jucheana.

Segundo a carta que me enviou aquele sociólogo e na opinião de outras pessoas, se entende por independência do homem um atributo natural, desenvolvido e terminado, que geralmente qualquer ser possui para manter sua existência.

Sendo a independência um atributo que o homem possui enquanto ser social, seria equivocado considerá-la como a expressão do desenvolvimento e aperfeiçoamento do atributo natural e biológico de qualquer matéria viva. Esta opinião deriva, em essência, do método evolucionista.

Evidentemente, não negamos o evolucionismo. É um fato, demonstrado há muito tempo pela ciência, que o homem é fruto do longo processo de evolução.

A independência do homem, ao contrário do seu corpo, não é produto da evolução.

Ela é um fruto social, um atributo que não provém da natureza, mas da sociedade, herdado do meio natural, mas que se forma e desenvolve ao longo da história social. Se a primeira dá ao ser humano características naturais e biológicas, a segundo lhe outorga características sociais. Podemos dizer então que a independência do homem é exigência e reflexo da vida e da prática sociais.

Assim, a partir do ponto de vista evolucionista e comparando-o com outras matérias vivas, pode-se constatar que o homem é o único ser que pode possuir a independência.

Não se pode imaginá-lo separado do seu organismo peculiar, formado e desenvolvido no curso de um dilatado processo da evolução.

Por possuir um organismo desenvolvido, o homem tem faculdades particulares, que outros seres não podem possuir, ou seja, a faculdade do juízo e do trabalho e, por conseguinte, a independência. Contudo, não se deveria considerar que esta formou-se no processo de evolução junto com seu próprio organismo, pois, sendo um atributo do homem, não existiu nem poderia existir sequer em forma de germe antes de que fosse constituída a sociedade.

A independência do homem distingue-se essencialmente do simples instinto de conservação física que possuir qualquer ser vivo. Trata-se de um atributo de viver e progredir como ser social. De forma que é incorreto explicá-lo como um instinto biológico de sobrevivência. Porque isto não seria outra coisa senão eliminar a diferença fundamental que existe entre o ser social e o natural, entre o atributo social e o biológico.

A independência que possui o homem como ser social é, em todo caso, uma categoria sócio-histórica e, por consequência, deve ser estudada e interpretada a partir deste ponto de vista.

Dizer que não se deve considerá-la como uma característica natural da matéria viva, não significa negar a condição do homem como um ser material.

O homem é, no final das contas, um ser material, porém não um ser simples. Ao contrário das demais matérias vivas que dependem do mundo objetivo e o obedecem, o domina e o transforma a partir da sua vontade e das suas exigências. Se consideramos como algo natural da independência, propriedade do homem, em última instância, isto apagará a linha divisória entre este, que é um ser social, e as matérias vivas em geral, reduzindo-o ao nível destas, apesar da posição e papel que tem como dominador e transformador do mundo.

Ainda que a independência seja uma importante característica do homem como ser social, não representa a totalidade dos seus atributos sociais. Junto com esta, estão também o espírito criador e a consciência. Contudo, estes três elementos refletem distintos aspectos. Como atributos do homem, a independência estimula a viver de maneira independente como dono do mundo e do seu próprio destino; o espírito criador faz transformar o mundo e forjar seu destino com um fim bem determinado; e a consciência determina todas as atividades para compreender e modificar o mundo e a si mesmo. Ainda que se diferenciam entre si, estes elementos estão estreitamente relacionados entre si. À margem da independência é impossível manifestar plenamente a criatividade e vice-versa. E ambos têm por premissa e garantia, a consciência. Portanto, é importante observá-los corretamente em relação unitária para compreender atributos sociais do homem.

Ao esclarecer originalmente a natureza do ser humano e sua posição e papel como dominador e transformador do mundo, a filosofia Juche elevou sua dignidade e valor ao mais alto nível. Isto é um grande mérito que não pode alcançar nenhuma outra corrente do pensamento.

Atualmente, ela goza cada vez mais de apoio e simpatia entre os povos do mundo.

Nosso dever é orientar os sociólogos para que a estudem a fundo e expliquem e difundam corretamente com o propósito de ressaltar ainda mais a grandeza da Ideia Juche.

Em outra ocasião farei uma ampla exposição sobre os problemas da independência e outras questões que se colocam para a compreensão da Ideia Juche. Por isso desejo que ainda não transmitam minhas palavras, mas que ajudem os sociólogos a aprofundar seus estudos para alcançar uma correta compreensão da Ideia Juche.

Conversa com trabalhadores da divulgação teórica do Partido, em 2 de abril de 1974


Inclusão: 19/06/2020