Dou-lhes calorosas boas-vindas por sua visita ao nosso país.
Hoje me sinto muito contente por tê-lo encontrado e conhecido, Secretário-Geral.
Agradeço por suas calorosas felicitações por ocasião do meu aniversário e por me desejar boa saúde e vida longa.
O Movimento Revolucionário 8 de Outubro do Brasil enviou cartas de solidariedade e publicou declarações em apoio à luta do nosso Partido. Nesta reunião, o Secretário-Geral expressou seu apreço e simpatia pela luta do nosso Partido em defesa dos princípios socialistas e da soberania nacional. Sinto-me muito grato pelo fato de seu Movimento apoiar ativamente a luta de nosso Partido.
Penso que o nome do seu Movimento tem como origem a data da morte de Che Guevara. Ele visitou nosso país logo após o triunfo da Revolução Cubana. Naquela ocasião, conversamos sobre muitas coisas agradáveis e também compartilhamos uma refeição. Che foi um revolucionário extraordinário e um verdadeiro internacionalista.
Compartilho da opinião que o Secretário-Geral acaba de expressar sobre as grandes provações enfrentadas pelo movimento comunista internacional nos últimos anos. A estratégia imperialista de “transição pacífica” deixou todos os países socialistas do Leste Europeu, inclusive a antiga União Soviética, em ruínas, o que provocou sérias vacilações e várias anormalidades nos partidos comunistas dos países capitalistas. Alguns adotaram outro nome, outros abandonaram os lemas comunistas e houve até mesmo aqueles que se dissolveram. Entretanto, esse fenômeno de abandono do socialismo quase não ocorreu na América Latina. Apraz-nos saber que nessa região o movimento socialista segue avançando, sob a influência do Partido Comunista de Cuba.
Em abril passado, numerosas delegações e delegados de partidos políticos, provenientes de diferentes países do mundo, visitaram nosso país por ocasião do meu 80º aniversário e aproveitaram o encontro em Pyongyang para debater e emitir uma declaração sobre a defesa e a promoção da causa socialista. Esse foi um evento esplêndido. O anúncio da Declaração de Pyongyang visava pôr termo à retração dos partidos socialistas e preparar a continuação de seu movimento. Desde então, quase um ano se passou. Os povos da extinta União Soviética e de outros países do Leste Europeu hoje lamentam por terem abandonado o socialismo e retornado ao capitalismo, o qual os levou a se tornarem desempregados e mendigos. Supunham que receberiam grande auxílio dos Estados Unidos, mas o resultado foi nulo. Atualmente, o movimento socialista se libertou da frustração e está entrando, gradualmente, na fase de reorganização, isto é, livrou-se do estado de retrocesso e prepara-se para recuperar seu avanço. Os partidos de tendência socialista estão se reorganizando na antiga União Soviética e nos demais países do Leste Europeu. Na América Latina e na Ásia, também, recuperaram seu fôlego e se preparam para um novo ímpeto.
O imperialismo estadunidense está concentrando todas as suas forças contra Cuba e nosso país, considerando que estes desempenham um importante papel na reconstrução do socialismo na América Latina e na Ásia, respectivamente.
Neste momento, os Estados Unidos estão nos pressionando injustamente com a infundada “questão nuclear”.
Somos um país amante da paz e não dispomos de armas nucleares. Não temos vontade nem capacidade de fabricá-las, fato que deixamos claro por diversas ocasiões. Ademais, não nos seriam úteis. É mais do que evidente que não podemos usá-las contra nossos compatriotas sul-coreanos. Tampouco podemos usá-las para desafiar os Estados Unidos, que as têm em quantidade mais que suficiente. Se fôssemos fabricar e utilizar uma arma nuclear, os Estados Unidos usariam mais de dez delas. Os Estados Unidos dispõem de navios e aviões capazes de transportar armas nucleares, algo que não temos. Contudo, insistem obstinadamente na existência de armas nucleares em nosso país, ameaçam-nos militarmente e até mobilizam organizações internacionais para nos pressionar.
Pretendem, através dessa afronta ultrajante, asfixiar nossa República. Observam que, apesar do colapso do socialismo em vários países, essa causa segue viva em nosso país e, sob sua influência, tal movimento vem ganhando vida no cenário mundial. Por isso, levantaram a inexistente “questão nuclear” a fim de nos sufocar, custe o que custar. Dessa forma, também tentam justificar seu domínio sobre a Coreia do Sul. Até pouco tempo, sua ocupação da Coreia do Sul era justificada por nossa suposta “agressão” àquele país. Porém, agora que ambas as partes da península aprovaram o acordo sobre a inviolabilidade territorial e a declaração conjunta sobre a desnuclearização da península, os Estados Unidos não precisam mais manter suas armas nucleares e forças agressivas estacionadas na Coreia do Sul. À vista disso, pioram intencionalmente a situação na península, exigindo persistentemente que declaremos deter armas nucleares, com o objetivo de encontrar algum pretexto para ainda manter a Coreia do Sul sob seu domínio.
Originalmente, nosso país não havia aderido ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e nem assinado o acordo de garantia com a Agência Internacional de Energia Atômica, mas, em 1985, aderimos ao Tratado e, em seguida, assinamos o acordo para desnuclearizar a península, retirando as armas nucleares estadunidenses da Coreia do Sul. Posteriormente, atendemos à solicitação da AIEA de inspeção de nossas instalações nucleares. Até o momento, a agência realizou seu trabalho em seis ocasiões. No entanto, recentemente, instigada pelos Estados Unidos, declarou que executaria uma “inspeção especial” em duas de nossas instalações militares que não têm qualquer relação com atividades nucleares. Se permitíssemos que assim procedessem, significaria a exposição de nossos pontos vitais ao adversário. Por isso, não acatamos essa exigência e demandamos verificar, primeiramente, a alegação dos Estados Unidos de que haviam retirado suas armas nucleares da Coreia do Sul. Apesar de sua declaração, se recusam a inspecionar suas bases nucleares estacionadas nessa parte da Ásia. É totalmente injusto que os Estados Unidos tentem enganar os outros dizendo que já “deslocaram” as armas nucleares que levaram à Coreia do Sul enquanto, por outro lado, nos forçam escandalosamente a aceitar a “inspeção especial”, quando não dispomos de nenhuma dessas armas. Existe algo mais absurdo do que isso no mundo? Não compreendemos por que algumas pessoas no Ocidente acreditam no que os americanos declaram e desacreditam aquilo que dizemos. Por minha honra, como presidente de meu país, digo apenas a verdade. A título de ameaça, este ano os Estados Unidos retomaram os exercícios militares conjuntos “Team Spirit”, que haviam sido interrompidos anteriormente.
Em resposta às injustas medidas e à pressão dos Estados Unidos e da AIEA, declaramos um estado de pré-guerra em todo o país e a nossa retirada do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares a fim de defender a dignidade nacional e a soberania do país. Estamos dispostos a sentar à mesa de negociações, caso os Estados Unidos assim o desejem, para solucionar a “questão nuclear”. Porém, se continuarem a nos pressionar, saberemos confrontá-los resolutamente. Estão enganados se pensam que podem nos subjugar por meio de pressão. Não seremos como os jesuítas, que dão a outra face a quem lhes deu um tapa. Assim que os americanos nos bombardearem, responderemos à altura. Revidar o golpe do inimigo é nossa posição invariável de princípio.
Atualmente, os Estados Unidos querem levar nossa “questão nuclear” ao Conselho de Segurança da ONU, mas sua provocação permanecerá lá. Jamais poderão desencadear uma guerra. No máximo, recorrerão à coerção e tomarão algumas medidas, como sanções econômicas. Entretanto, mesmo assim, não conseguirão nos intimidar. Apesar de seu bloqueio econômico, que persiste ainda hoje, temos levado uma vida independente, apoiando-nos em nossas próprias forças. Temos alimentos, roupas e moradia. Em nosso país, ninguém está desempregado e todos vivem felizes, aprendendo o quanto quiserem. Não seremos dissuadidos por sanções econômicas imperialistas e avançaremos vigorosamente com a construção socialista, erguendo estruturas monumentais e moradias modernas. Naturalmente, tal imposição pode criar algumas dificuldades. Talvez possa tornar mais sensível a situação da eletricidade, para não mencionar outras coisas. Há alguns anos, no intuito de aumentar a produção de eletricidade, decidimos importar os equipamentos da planta de energia nuclear da antiga União Soviética. Para isso, um grupo de técnicos soviéticos veio ao nosso país e estava realizando os preparativos para a implementação da usina nuclear. No entanto, o projeto fracassou devido à queda da União Soviética. Se o inimigo nos impuser sanções econômicas no futuro, poderão obstruir a importação de equipamentos para a usina de energia nuclear. Porém, mesmo assim, não conseguirão arruinar nosso país socialista. Seria suficiente construir, por meio de nossos próprios esforços, mais usinas hidrelétricas e termoelétricas, além de adotar medidas para economizar a eletricidade que geramos. Continuaremos invariavelmente a hastear a bandeira do socialismo.
Os senhores têm razão quando dizem que o mais importante na construção socialista e comunista é a realização correta das tarefas no campo político e ideológico. Para construir o socialismo e o comunismo, é indispensável ocupar as duas fortalezas: uma é ideológica e a outra é material. Nem o socialismo nem o comunismo podem ser realizados alcançando apenas uma das duas fortalezas. Essas sociedades só são construídas ao atingi-las conjuntamente. Dentre estas, a ideológica deve ser priorizada. Evidentemente, a fortaleza material também é importante, porque as pessoas precisam de alimentos, roupas e moradia em suas vidas. Contudo, sem a fortaleza ideológica, a material também não poderá ser alcançada com êxito. Portanto, no curso da construção socialista e comunista, é preciso se esforçar ativamente para conquistar as duas fortalezas, sempre dando prioridade à ideológica.
Para ocupar as duas fortalezas do socialismo e do comunismo, as revoluções ideológica, tecnológica e cultural devem ser realizadas energicamente. Nosso Partido dedica grande atenção a essas três revoluções, definindo-as como a linha estratégica da construção socialista.
A mais fundamental das três revoluções é a ideológica. Trata-se de uma luta para imbuir a consciência revolucionária, operária e comunista em todos os membros da sociedade. Sem isso, não se pode esperar sucesso algum na construção socialista. Infelizmente, a revolução ideológica foi extremamente negligenciada na antiga União Soviética, o que levou as pessoas à avidez por dinheiro. Até mesmo os militantes do Partido Comunista estavam preocupados apenas em ganhar dinheiro para comprar carros ou construir vivendas. Esse fato ocasionou o fim da União Soviética. A história mostra que, se as pessoas têm uma visão ideológica degenerada, não conseguem sustentar a defesa do socialismo.
Sempre valorizamos muito a revolução ideológica e intensificamos a educação revolucionária e comunista de todos os membros da sociedade, concentrando-nos em muni-los firmemente com a ideia Juche de nosso Partido. Ao promover o trabalho educacional de variadas formas, tentamos dotá-los de consciência revolucionária, classista e comunista, além de transformá-los em revolucionários consistentes que sabem como preservar sua integridade e convicção revolucionárias em qualquer situação adversa.
Nosso partido apresenta Ri In Mo como a personificação da fé e da vontade. Atualmente, conta com 76 anos de idade e é testemunha de nossa luta antijaponesa. Presenciou, com seus próprios olhos, meu tio, Kim Hyong Gwon, discursar para o povo logo após matar o ímpio chefe de polícia de seu vilarejo. Meu tio estava no comando de uma equipe de trabalho do Exército Revolucionário da Coreia(1) que operava na pátria. Antes da libertação do país, era um propagandista antijaponês e, durante a Guerra de Libertação da Pátria(2), acompanhou, na condição de correspondente, o Exército Popular da Coreia(3) em seu avanço ao sul, deixando para trás sua esposa e filha. Posteriormente, caiu nas mãos do inimigo enquanto lutava na guerrilha da Montanha Jiri. Prisioneiro de guerra, deveria ter retornado ao final desta, durante a troca de prisioneiros. Porém, o inimigo o manteve encarcerado por 34 anos, tentando, em vão, forçá-lo a renunciar. Sob torturas desumanas e todo tipo de tentações, não desistiu de sua crença revolucionária. Quando libertado, o condecoramos com o título de Herói da República, em reconhecimento à sua luta, e nos empenhamos ao máximo para trazê-lo de volta à nossa República o quanto antes. Como resposta à nossa veemente exigência, e vendo que sua saúde havia se deteriorado a um nível crítico, as autoridades sul-coreanas se viram obrigadas a devolvê-lo há pouco. Assim, pôde retornar à República após 43 anos da separação. Os inimigos o espancaram tanto que já não consegue mais falar normalmente ou caminhar. No momento, um grupo médico está lhe dando tratamento intensivo para restabelecer sua saúde.
Se tiverem tempo, seria interessante visitá-lo para ver de que ferro são forjados os comunistas coreanos. Em sua casa, também conhecerão sua esposa e filha. Ele tem dificuldades para falar, o que tornará impossível uma comunicação fluida. No entanto, como os senhores também são revolucionários, acredito que conhecê-lo será suficiente para que compreendam, ao se depararem com aquele que lutou incansavelmente detrás das linhas inimigas por 43 anos, a profundidade de sua fé e determinação.
A revolução técnica é uma tarefa destinada a desenvolver as forças produtivas e liberar o ser humano do trabalho extenuante. A sociedade socialista e a comunista se diferenciam por seu nível de desenvolvimento. Enquanto a primeira é uma sociedade em que as pessoas trabalham segundo sua capacidade e são retribuídas de acordo com sua contribuição, na segunda, trabalham o quanto podem e recebem o tanto que necessitam. A fim de atender a essa grande demanda, é necessário realizar a revolução técnica e desenvolver as forças produtivas.
A revolução técnica deve ser conduzida por etapas. O processo produtivo deve, inicialmente, ser semimecanizado e mecanizado; em seguida, evoluir para semiautomatizado e automatizado, e, enfim, ser administrado remotamente. Essa é a maneira de liberar as pessoas do trabalho penoso, alterando a jornada de trabalho de 8 horas por uma de 6 ou 5 horas e ampliando o bem-estar material para introduzir a distribuição conforme as necessidades de cada indivíduo.
É importante promover a revolução cultural juntamente à revolução ideológica e técnica. Ao elevar o nível cultural e intelectual do povo através da revolução cultural, pode-se construir o socialismo e o comunismo com êxito.
Durante muitos anos, nosso Partido dedicou profunda atenção à revolução cultural. Imediatamente após a libertação, o país dispunha de apenas doze graduados do instituto técnico superior, como consequência do domínio colonial japonês. Naquela época, havia somente um técnico ou especialista para cada 700.000 habitantes. Quando estávamos iniciando a construção de uma nova sociedade, precisávamos de intelectuais como nunca antes. Por isso, no ano seguinte à libertação do país, em 1946, fundamos a Universidade Kim Il Sung, o primeiro centro de formação de nossos próprios quadros nacionais, e continuamos a estabelecer numerosos institutos superiores. Até o momento, a Universidade Kim Il Sung formou diversos quadros nacionais, os quais atualmente ocupam cargos importantes no Partido e no Estado. Dentre estes, encontra-se o camarada Kim Jong Il, o sagaz líder de nosso Partido e povo.
Hoje, dispomos de um exército inteiro de intelectuais, que chega a 1.660.000. A proporção atual entre a população coreana e seus intelectuais é de 12:1, a qual era de 700.000:1 no momento subsequente à libertação. O país conta com um número suficiente de intelectuais, os quais desempenham com excelência as suas funções em todos os campos da construção socialista.
Todos os jovens membros da nova geração estudam em um sistema de educação bem organizado. Em nosso país, após a creche e o jardim de infância, frequentam as escolas primárias e secundárias e, em seguida, ingressam no ensino superior. Criamos e instruímos todas as crianças e estudantes em diferentes níveis, às expensas do Estado e da sociedade, e lhes fornecemos uniformes em cada estação do ano. Estes nem sequer sabem o que significa o custo de seus estudos e os estudantes universitários ainda recebem bolsas de estudo do Estado. Nosso país deve ser o único no mundo que oferece educação para toda a nova geração às custas do Estado e da sociedade.
Graças à política de educação popular do Partido, todas os cidadãos do meu país atingiram o nível de conhecimento de, pelo menos, um graduado do ensino médio. Alguns de nossos cidadãos acima de 60 anos de idade receberam apenas o ensino fundamental no passado, mas adquiriram o conhecimento de um graduado do ensino médio por meio da educação de adultos.
Queremos continuar a aprimorar nosso trabalho educativo até que todos os cidadãos se convertam em intelectuais. O ser humano se torna civilizado através da educação. Por isso, nas Teses sobre a Educação Socialista, estabeleci a tarefa de intelectualizar toda a sociedade. Quando tal tarefa for cumprida, o país se desenvolverá mais celeremente.
Cabe aos partidos que aspiram ao socialismo envolver ativamente os intelectuais na revolução e na construção, obtendo um entendimento correto sobre estes. A intelligentsia constitui uma das importantes forças motrizes da revolução. Em agosto de 1946, quando o Partido Comunista foi reorganizado no Partido do Trabalho(4), a organização política das massas do povo trabalhador, propus incluir em seu emblema o pincel representando os intelectuais, juntamente ao martelo e à foice, símbolos do operário e do camponês. Naquela época, os partidos de alguns países sustentavam que os intelectuais não constituíam uma classe independente e era uma camada social que vacilava entre as classes capitalista e proletária e, portanto, não poderia fazer parte das forças motrizes da revolução. Entretanto, os definimos como componentes do Partido, considerando-os como donos do país, juntamente aos operários e camponeses, na nova sociedade em que o povo detém o poder em suas mãos e se torna dono do país. Nosso Partido é o único cujo emblema está gravado com o pincel, o martelo e a foice.
O Secretário-Geral perguntou-me qual é o segredo da minha boa saúde. Lhe direi que isso se deve ao meu otimismo. Não sei o que é pessimismo. Sou otimista porque tenho convicção de que sempre haverá uma saída, mesmo que o céu esteja caindo sobre minha cabeça. Nenhuma circunstância adversa me preocupa. O revolucionário deve sempre levar uma vida otimista, com firme confiança na vitória. Dessa forma, poderá alcançar o triunfo da revolução, criando o que não existe e superando as provações. Viver como um otimista, sem conhecer o pessimismo, é a regra de ferro que rege minha vida.
Se sempre tenho confiança na vitória e sou otimista, deve-se ao fato de que confio no povo e me apoio nele para realizar a revolução. Para restaurar o país, travei uma luta clandestina durante cinco anos e uma luta armada por mais quinze anos. Em suma, lutei contra o imperialismo japonês por vinte anos. Após a libertação do país, travei uma guerra de três anos contra a agressão imperialista estadunidense e, no pós-guerra, reconstruí o país das cinzas. Depois de tantos anos de luta revolucionária, cheguei à conclusão de que se confiarmos na força do povo e nos apoiarmos nele, venceremos, enquanto aqueles que lhe dão as costas estarão fadados ao fracasso.
Para fazer a revolução, deve-se mergulhar profundamente no povo. Nós, revolucionários, precisamos aprender com o povo e ensiná-lo, em um íntimo contato.
Desde o princípio de minha atividade revolucionária, aprendi com o povo, compartilhando ao seu lado as tristezas e alegrias. Em um ano, no início da década de 1930, minha organização revolucionária e meus camaradas recomendaram-me que fosse à União Soviética para estudar e prepararam um conjunto de roupas ocidentais, materiais de estudo e até uma mala para mim. Naquela época, havia um instituto comunista administrado pela Internacional em Moscou. Muitas pessoas selecionadas por grupos pertencentes ao movimento comunista foram enviadas para lá. Embora fosse grato pela recomendação dos meus camaradas, decidi não ir estudar na União Soviética. Então, aos camaradas que vieram à minha despedida, disse: “Entendo seu desejo de que lá estude, mas não creio que aprenderei muito na União Soviética, pois serei perfeitamente capaz de estudar as teorias revolucionárias sozinho, lendo as obras de Marx e Lênin aqui. Quanto aos métodos da revolução coreana, seria mais proveitoso aprendê-los aqui do que lá; os soviéticos conhecem muito bem a sua própria revolução, mas não a nossa. Nosso povo está mais bem informado sobre esta. Por isso, não irei à União Soviética, mas estarei junto de meu povo para aprender com este as teorias e os métodos da revolução coreana”. Mais tarde, foi isso que fiz com meus camaradas e, nesse processo, fiquei mais firmemente convencido de que, apoiando-se no povo, a vitória pode ser alcançada sem falta.
Ao final da guerra, o país se encontrava em uma situação extremamente difícil. A guerra havia destruído e reduzido tudo a cinzas. Nenhum dos que nos reunimos para discutir a reabilitação no pós-guerra sabia exatamente como começar e o que fazer. À vista disso, disse-lhes que poderíamos ressurgir das cinzas exitosamente, contanto que tivéssemos nosso território, o povo, o governo e o Partido liderando a revolução.
Naquele período, partindo da realidade concreta de nosso país, apresentamos a linha de priorizar a indústria pesada e, ao mesmo tempo, desenvolver a indústria leve e a agricultura. A proposta foi questionada por um número significativo de pessoas. Algumas se demonstraram céticas, dizendo que nunca tinham ouvido falar de tais teorias, as quais nem sequer estavam registradas nos livros marxistas-leninistas. Porém, não hesitamos nem um pouco e fomos consistentes na materialização de nossa linha, apoiando-nos nas massas populares.
Também remonta àquela época a fabricação de tratores com nossas próprias forças, de acordo com a capacidade do povo. Havia muitas dificuldades, entre as quais a principal era o fato de não termos o projeto do trator. Quando pedimos o projeto aos soviéticos, estes o recusaram, indagando-nos a razão pela qual deveríamos fabricar tratores em um país tão pequeno como a Coreia e aconselhando-nos a comprá-los deles, pois os fabricariam. Respondemos que não havia problema se não quisessem nos fornecer o projeto e nos propusemos a fabricar o trator por conta própria. Em estreita colaboração com os operários, nossos técnicos desmontaram uma máquina, concluíram o projeto desenhando cada uma de suas partes na planta e, a partir disso, conseguiram fabricar o primeiro trator. No entanto, em seu primeiro teste, a máquina se moveu para trás, não para frente. Ao ser informado sobre isso, afirmei que se mover para trás significa que a máquina pode se mover para frente e que isso, por si só, representa um sucesso. Dessa maneira, encorajei os funcionários e operários, sugerindo que prosseguissem em seus esforços até que o trator fosse aperfeiçoado. Os Estúdios Cinematográficos da Coreia(5) produziram um filme baseado nos eventos vivenciados naquela época. A obra retratou de forma vívida e artística o processo em que os técnicos, juntamente aos operários, conseguiram aperfeiçoar a máquina, de modo que esta se movesse adiante.
Por termos confiado e nos apoiado no povo, obtivemos sucessivos triunfos na revolução e na construção, sem nunca fracassar.
Disseram-me que a visita de ontem à Barragem do Mar Ocidental lhes causou uma ótima impressão. Esta desempenha um papel importante na proteção das bacias do rio Taedong contra danos causados por enchentes, além de garantir o fornecimento de água potável e irrigação aos seus habitantes. Em nosso país, a enchente de 1967 causou sérios danos à cidade de Pyongyang. Naquela época, uma forte enchente, provocada por chuvas torrenciais, desceu pelo curso superior do rio, enquanto as marés altas subiam pelo curso inferior. Ambas se encontraram nas proximidades de Pyongyang, transbordaram o dique e inundaram a cidade. O nível da água estava tão elevado que os moradores da ilha de Rungna não tiveram tempo de evacuar e subiram nas árvores; fomos obrigados a mobilizar helicópteros para resgatá-los. Era uma época em que o Estádio Primeiro de Maio ainda não havia sido construído na ilha. Quando a cidade foi inundada, uma grande quantidade de lama se acumulou na usina termoelétrica, na fábrica têxtil e nas fábricas de maquinários. A remoção do lodo exigiu um árduo trabalho. Entretanto, mesmo assim, não foi possível evitar que muitos equipamentos e produtos estragassem, resultando na perda de bilhões de dólares.
Posteriormente, tomamos medidas decisivas para proteger a região do rio Taedong dos danos causados pelas enchentes. Construímos a Barragem de Mirim, a Barragem de Ponghwa, a Barragem de Songchon, a Barragem de Sunchon e a Usina Elétrica de Taedonggang a montante do Rio Taedong e a Barragem do Mar Ocidental a jusante do Rio Taedong. Concluímos a construção desta última em junho de 1986. No mês seguinte, houve outra inundação na região de Pyongyang, devido a chuvas torrenciais. A precipitação excedeu a do verão de 1967. No entanto, não houve danos à capital, graças à regulação do rio pelas barragens na porção superior do rio e à retenção da maré alta pela Barragem do Mar Ocidental no estuário. Naquele ano, ao prevenirmos a possível perda por inundação, recuperamos o capital investido na construção da Barragem do Mar Ocidental.
Antes da construção da Barragem do Mar Ocidental, os habitantes de Pyongyang sofriam com a escassez de água potável durante a seca, mas agora que foi construída, temos água de sobra. A quantidade de água retida entre a Barragem do Mar Ocidental e a Barragem de Mirim é de 2,9 bilhões de toneladas. Em seguida, construímos um canal de 800 km de extensão para transportar essa água a fim de irrigar as planícies de Yonbaek e Ongjin, na província de Hwanghae do Sul. A construção da Barragem do Mar Ocidental aperfeiçoou a irrigação da economia rural do país em um nível mais elevado. Posso dizer que nosso país é o mais desenvolvido do mundo em termos de irrigação.
O Secretário-Geral perguntou-me como avalio Stalin, penso que foi um homem que fez muitas coisas úteis. Neste momento, algumas pessoas falam muito sobre seus erros, mas, mesmo assim, não devem negar seus méritos. Foi Stalin quem realizou a industrialização socialista da URSS e guiou seu povo à vitória na Segunda Guerra Mundial. Se não tivesse educado seu povo ideologicamente e estabelecido uma disciplina firme, não teriam sido capazes de derrotar a Alemanha Nazista na Guerra. Os oficiais e homens do exército soviético lutaram com abnegação sob os lemas “Pela pátria” e “Por Stalin” na Segunda Guerra Mundial porque haviam sido bem instruídos por Stalin. Mesmo quando o exército alemão chegou às proximidades de Moscou, Stalin permaneceu, liderando seu exército e seu povo, e ali organizou o desfile em homenagem ao triunfo da Revolução Socialista de Outubro. Para ser honesto, ninguém jamais imaginou que o exército soviético organizaria o desfile tão próximo ao inimigo, pois Moscou estava literalmente sitiada por este. Stalin estava certo em não abandonar a capital e liderar seu exército e seu povo à vitória, permanecendo ao seu lado. Se tiverem algum tempo, gostaria que assistissem ao filme soviético Batalha de Moscou(6). Nele, perceberão como foram corajosos o exército e o povo soviéticos que combateram sob a liderança de Stalin. Não devemos ignorar jamais os excelentes serviços prestados por Stalin ao Partido Soviético, ao Estado e ao povo.
Saúdo seu desejo de estabelecer relações diplomáticas entre a República Popular Democrática da Coreia e o Brasil, bem como sua determinação em trabalhar para atingir tal objetivo. Não temos nenhuma objeção quanto a isso.
Concordo plenamente com o desenvolvimento da cooperação entre os dois partidos e sugiro que consultem o Secretário de Relações Internacionais do Comitê Central do nosso Partido, caso tenham outras questões a discutir.
Espero que continuem a nos visitar regularmente. Minha idade avançada dificulta que visite seu país, mas vocês poderão fazê-lo. Hoje, nos conhecemos pela primeira vez, mas, da próxima, nos encontraremos como velhos amigos. Penso que, neste estágio, é muito útil que troquemos ideias frequentemente sobre como desenvolver o movimento revolucionário.
O Secretário-Geral referiu-se à sua impressão sobre essa visita, declarando que o socialismo coreano é radicalmente distinto do de outros países. Diria que o nosso socialismo está centrado nas massas populares, respondendo às suas aspirações e demandas. Em meu país, os resquícios do capitalismo foram eliminados há muito. Portanto, tenho certeza de que, em sua próxima visita, adquirirão muita experiência e verão com seus próprios olhos como nosso povo se sente feliz sob um sistema socialista genuíno.
Desejo que o Brasil tenha muitos outros revolucionários excelentes como os senhores e que seu movimento obtenha sucesso na luta pelo socialismo.