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A ocupação militar do Afeganistão empreendida nos últimos dias pela União Soviética social-imperialista despertou grande raiva entre os povos progressistas e amantes da liberdade do mundo inteiro. A intervenção soviética é uma agressão descarada não apenas contra o Afeganistão, mas também contra seus povos vizinhos, contra todos os povos do Oriente Médio e contra a paz e segurança internacionais.
Essa agressão é uma agressão de tipo fascista, tal qual a ocupação da Tchecoslováquia em 1968, é uma nova versão dela, tanto do ponto de vista da ação militar quanto do ponto de vista dos argumentos usados para justificá-la. Os social-imperialistas soviéticos estão tentando apresentar a ocupação do Afeganistão como uma ação "legal" promovida supostamente com base no pedido de assistência do governo afegão e o "tratado de amizade" que existe entre os dois países para proteger o Afeganistão de interferências estrangeiras e assim em diante.
Todos esses "argumentos" estão ultrapassados e batidos. Têm sido usados por todos os agressores de todas as partes. A verdade é que os social-imperialistas soviéticos já haviam preparado cuidadosamente o terreno para essa ocupação com antecedência interferindo e desestabilizando a situação dentro do país a seu favor e prendendo o Afeganistão com as correntes de tratados escravizantes que os social-imperialistas soviéticos usam abertamente como instrumentos para ocupar outros países ou para manter esses povos dependentes e sob controle deles.
A derrubada da monarquia, e consequentemente de Daud, foi uma exploração cínica pelos senhores de Moscou dos desejos de liberdade do povo afegão, que sofria sob o pesado fardo da opressão e exploração pela monarquia e pelo feudalismo e os seus aliados soviéticos e que queriam ver seu país livre e soberano.
Os homens do Kremlin, de modo a disfarçar seus propósitos imperialistas e alcançá-los o mais rápido possível, intervieram brutalmente no Afeganistão, entregando o poder aos seus próprios homens, que eles haviam descartado um a um, de modo a encontrar o mais conveniente e obediente a Moscou.
A União Soviética não está interessada na liberdade e independência do Afeganistão ou na libertação do povo sofrido deste país como ela diz. O que ela quer acima de tudo é a posição estratégica do Afeganistão no Oriente Médio, sua proximidade à reservas de petróleo, sua posição privilegiada em uma área onde há uma disputa selvagem entre as superpotências.
A ocupação do Afeganistão pela União Soviética foi realizada enquanto os Estados Unidos da América estão engajados em uma série de atividades para exercer pressão e chantagem contra o Irã, quando estavam promovendo verdadeiras agressões políticas e econômicas contra este país, acompanhadas por demonstrações de força e ameaças de intervenção militar. Desse ponto de vista, os eventos no Irã e no Afeganistão estão intimamente ligados e podem vir a ser seguidos por outros eventos do mesmo tipo nessa região. Eles mostram o quão feroz é a disputa entre os Estados Unidos da América e a União Soviética pela hegemonia na região rica em petróleo do Oriente Médio e no Oceano Índico e os grandes perigos causados pelas superpotências para os povos dessas regiões. O objetivo das superpotências é atacar e suprimir os movimentos revolucionários dos povos e impedir que se libertem da hegemonia do imperialismo e social-imperialismo e trilhem o caminho do desenvolvimento nacional democrático e independente.
A agressão bárbara dos social-imperialistas soviéticos contra o Afeganistão, as contínuas ameaças de agressão por parte dos imperialistas americanos e as intrigas dos social-imperialistas chineses nessas regiões constituem grandes perigos para a paz e segurança mundiais. Essas atividades refutam todo o grande clamor demagógico que as superpotências fazem pela suposta "preservação da paz e estabilidade", manobras que fazem para baixar a guarda dos povos e países ameaçados por suas políticas hegemônicas e expansionistas. Os eventos no Irã e no Afeganistão provam que justamente no momento quando as potências imperialistas e social-imperialistas clamam por paz, redução de tensões, desarmamento, entre outros, elas estão preparando atos de agressão contra a liberdade e independência dos povos.
A ocupação do Afeganistão pela União Soviética é fruto de sua estratégia expansionista e agressiva. Demonstra claramente mais uma vez que a agressão e o uso de força militar são o recurso mais importante da política externa soviética de hoje. Na sua disputa com o imperialismo americano, o social-imperialismo soviético tem lutado com sangue nos olhos para assegurar novas posições estratégicas e ampliar sua esfera de controle e dominação na Ásia, África, América Latina e em todos os outros lugares. Nesses esforços, os soviéticos não hesitam em recorrer a quaisquer meios, desde manobras políticas diplomáticas até a violência militar.
Ainda assim, quando os povos tomam as rédeas do seu destino e da defesa de sua causa justa e erguem uma revolução, como feito no Irã, as superpotências sofrem graves e irreparáveis golpes em suas posições hegemônicas.
Tendo ocupado e colocado o Afeganistão sob a égide de suas forças militares, os agressores social-imperialistas soviéticos agora tentam "apaziguar" a opinião pública alegando que despacharam alguns contingentes que ficarão ali "temporariamente" e "apenas enquanto for necessário", mas na verdade eles permanecerão lá por tempo indefinido. Atuarão no Afeganistão como agiram na Tchecoslováquia, onde suas tropas ocupantes ainda permanecem posicionadas, mesmo depois de 12 anos.
Quaisquer sejam as promessas e justificativas dos social-imperialistas soviéticos, eles não podem encobrir o grave crime que cometeram contra a liberdade, independência e soberania nacional do Afeganistão. Ninguém, sob pretexto algum, tem o direito de interferir nos assuntos internos e na vida de outros povos e nações. Apenas os povos são onipotentes e têm o direito de decidir por si próprios sobre os seus problemas internos sem qualquer interferência estrangeira.
Por outro lado, a demagogia hipócrita dos imperialistas americanos e social-imperialistas chineses, que tentam se apresentar como "defensores" do Afeganistão e derramam lágrimas de crocodilo sobre seu destino, não engana ninguém. Os imperialistas americanos estão tentando se aproveitar dessas situações conturbadas para seu próprio benefício, para justificar suas ameaças de medidas militares contra o Irã e outros países do Oriente Médio. Os povos não esquecem a guerra criminosa dos imperialistas americanos na Indochina e em outros lugares, nem esquecem a agressão criminosa de tipo fascista dos social-imperialistas chineses contra o Vietnã, do mesmo modo que jamais podem esquecer da Tchecoslováquia, Afeganistão e assim por diante. Está claro para eles que os imperialistas americanos, os social-imperialistas soviéticos, os social-imperialistas chineses e demais imperialistas e reacionários são igualmente agressores sanguinários, inimigos mortais da liberdade e independência dos povos e que fecham acordos e negócios entre si em detrimento dos povos.
Os eventos no Afeganistão e no Irã, que afetam o mundo inteiro, tornam imprescindível que os povos ergam sua guarda contra as atividades agressivas do imperialismo e do social-imperialismo e se unam na luta contra a política hegemônica, expansionista e agressiva das superpotências.
Agora, os combatentes pela liberdade pegaram em armas e estão lutando corajosamente nas montanhas e cidades contra a dominação dos soviéticos e seus agentes. Demonstram por toda parte sua bravura exemplar e provam sua determinação em manter erguida a bandeira da liberdade e da soberania nacional e lutar até o fim para expulsar os ocupadores.
Nesta luta justa e legítima, eles têm e continuarão a ter o apoio de todos os povos amantes da liberdade e pessoas honestas e progressistas de todo o mundo. A revolução iraniana e o povo iraniano prestam um poderoso apoio a sua luta. Os combatentes afegãos certamente serão apoiados por todos os povos muçulmanos amantes da liberdade de todas as partes. Em particular, os povos africanos e árabes, que estão atualmente sob grande ameaça dos imperialistas americanos e social-imperialistas soviéticos, devem se levantar e expressar sua solidariedade combativa com a revolução iraniana e com o levante afegão, porque assim estarão lutando por sua própria liberdade, independência e soberania. Nestas situações, as posições adotadas pelos líderes desses países serão o que distinguirão aqueles que verdadeiramente defendem os interesses nacionais e de seus povos daqueles que os vendem para estrangeiros.
Os povos árabes, que vivem em uma zona rica em petróleo, mas que são pobres, oprimidos e explorados, veem claramente as atrocidades que os imperialistas e neocolonialistas estão cometendo contra eles. Estamos, porém, convencidos que a revolta iniciada nesses países jamais será contida. As armas modernas que seus inimigos empregam, até mesmo as mais sofisticadas, não podem funcionar sem o petróleo que pertence aos povos que lutam por liberdade e independência.
O povo albanês expressa sua profunda convicção de que o bravo povo afegão será capaz de lidar com os agressores social-imperialistas soviéticos, esmagando-os e expulsando-os de seu país.