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Tradução: Jorge Fonseca de Almeida - do original disponível em https://credo.library.umass.edu/view/full/mums312-b153-i071
HTML: Fernando Araújo.
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Para Gus Hall, Presidente
Partido Comunista dos E.U.A.
Nova Iorque, Nova Iorque
Neste primeiro dia de Outubro de 1961, candidato-me à admissão de membro do Partido Comunista dos Estados Unidos. Fui demorado e lento a chegar a esta conclusão, mas por fim estou decidido.
Na universidade ouvi o nome de Karl Marx, mas não li nenhuma das suas obras, nem as ouvi ser explicadas. Na Universidade de Berlim, ouvi muito acerca dos pensadores que responderam definitivamente às teorias de Marx mas, de novo, não estudámos o que o próprio Marx disse. Não obstante, participei em encontros do Partido Socialista e considerava-me um socialista.
A seguir ao meu regresso à América estudei e ensinei durante dezasseis anos. Expliquei a teoria do Socialismo e estudei a vida social organizada dos Negros americanos; mas outra vez não ouvi nem li muito sobre o marxismo. Depois vim para Nova Iorque como funcionário do NAACP e como editor da revista The Crisis. O NAACP era defensor do capitalismo e esperava o apoio de filantropos ricos. Mas tinha uma forte componente socialista na sua liderança, através de pessoas como Mary Ovington, William English Wallin e de Charles Edward Russell. Seguindo o conselho deles juntei-me ao Partido Socialista em 1911. Nessa altura não sabia nada sobre as políticas socialistas concretas e na campanha de 1912 senti-me sem vontade de votar nos candidatos socialistas mas aconselhei os Negros a votar por Wilson. Isto era contrários as regras do Partido Socialista e, consequentemente, demiti-me do Partido Socialista.
Nos vinte anos seguintes tentei desenvolver uma forma de vida politica para mim e para o meu povo. Ataquei os democratas e os Repúblicanos por monopolizarem a política e por retirarem o direito de voto aos Negros; ataquei os Socialistas por tentarem segregar os seus membros nos Estados do Sul; elogiei as atitudes raciais dos Comunistas mas opôs-me as suas táticas no caso dos rapazes de Scottsboro Boys e à sua defesa de um Estado Negro. Simultaneamente comecei a estudar Karl Marx e os comunistas; li Das Kapital e outra literatura comunista; saudei a Revolução Russa de 1917, mas fiquei confuso com as notícias contraditórias sobre a Rússia.
Finalmente em 1926 comecei um novo esforço; visitei os territórios comunistas. Fui à União Soviética em 1926, 1936, 1949 e 1959; vi a nação a desenvolver-se. Visitei a Alemanha Oriental, a Checoslováquia e a Polónia. Passei dez semanas na China, viajando por todo o lado. E finalmente, este, descansei um mês na Roménia.
Desde cedo pensei que o Socialismo era uma ótima forma de vida, mas pensei que pudesse ser alcançado de várias formas. Em relação à Rússia pensei que tinha escolhido a única via que tinha na altura. Vi a Escandinávia optar um método diferente, a meio caminho entre o Socialismo e o Capitalismo. Nos Estados Unidos vi no Cooperativismo de Consumidores uma via do Capitalismo para o Socialismo, ao mesmo tempo que a Inglaterra, a França e a Alemanha avançavam na mesma direção pelos seus próprios caminhos. Depois da Grande Depressão e da Segunda Guerra fiquei desiludido. O movimento progressista nos Estados Unidos falhou. A Guerra Fria começou. O Capitalismo apelidou o Comunismo de crime.
Hoje cheguei a uma conclusão firme.
O Capitalismo não pode reformar-se a si mesmo; e está condenado à autodestruição. Nenhum tipo de egoísmo universal não pode trazer o bem social para todos.
O Comunismo – o esforço para dar a todos os homens o que necessitam e pedir a cada um o seu melhor contributo – é a única forma de vida humana. É um objetivo final difícil e duro de atingir – cometeram-se e far-se-ão erros; mas hoje o comunismo marcha triunfalmente na educação e na ciência, na habitação e na alimentação, com um aumento na liberdade de pensamento e na libertação dos dogmas. Quero ajudar a atingir esse dia.
O caminho do Partido Comunista Americano é claro; consolidar um verdadeiro Terceiro Partido na América e, assim, restaurar a verdadeira democracia nesta terra. Apelarei às seguintes causas:
Estas causas não são crimes. Elas estão a ser crescentemente praticadas em todo o mundo. Nenhum país se pode autointitular livre se não deixa os seus cidadãos trabalhar em prol destas causas.