Intervenção por altura da 10ª Sessão do 2º Congresso do Profintern

Georgi Mikhailovich Dimitrov

29 de Novembro de 1922


Primeira edição: Boletim do II Congresso da Internacional Vermelha dos Sindicatos, Moscovo, 1922.
Fonte:
Dimitrov e a Luta Sindical. Edições Maria da Fonte, Tradução: Ana Salema e Carlos Neves; Biografia e notas: Manuel Quirós.
Transcrição: João Filipe Freitas
HTML:
Fernando A. S. Araújo
.
capa

Estamos inteiramente de acordo no que respeita ao essencial das teses apresentadas. É verdade que se impõem determinadas modificações, mas seria preferível que fosse a própria comissão a proceder a essas mesmas modificações.

Contudo, a delegação búlgara crê que é indispensável realçar nessas teses, de uma maneira ainda mais nítida, o facto da transformação das uniões de trabalhadores do circuito produtivo em secções da União Geral ser não apenas prematura, mas extremamente nociva no estádio actual do movimento sindical operário, quando ainda é necessário levar a cabo uma intensa luta por reivindicações parciais dos operários, para fazer recuar (muitas vezes em condições bastante diversas) a ofensiva capitalista em todos os sectores da produção, e que a tarefa principal e imediata consiste em dar coesão às massas, por sectores de produção, a fim de organizar a resistência e de subtrair essas massas à influência e à direcção dos reformistas.

Em segundo lugar, é indispensável condenar ainda mais resolutamente o federalismo(1) enquanto forma de organização antiquada do movimento sindical, longe de estar adaptada às condições actuais da luta de classe e às tarefas dos sindicatos.

Facilmente se compreende que não é possível em França, na Itália e em Espanha, transformar de uma só vez e por meio de uma única resolução do congresso o federalismo tradicional em centralismo. Ninguém alimenta tais ilusões. Mas é necessário desdobrar uma grande actividade metódica para realizar a centralização, isto é, uma adaptação rápida, tanto quanto possível, das formas de organização do movimento sindical em todos os países às condições e às exigências da luta revolucionária do proletariado.

Todos os partidários do Profintern deveriam ter compreendido, há já muito tempo, que na época contemporânea o proletariado não saberia lutar com sucesso contra o capital centralizado senão dispondo de uniões centralizadas e da massa dos trabalhadores do circuito produtivo.

As objecções do camarada italiano Vecchi acerca do centralismo, têm com efeito uma certa importância, mas apenas ao que respeita ao centralismo mecânico e burocrático. Nenhum comunista aprovaria um tal centralismo mecânico e burocrático. As objecções do camarada Vecchi não poderiam dizer respeito ao centralismo proletário que é uma necessidade histórica inevitável na fase actual da luta de classe do proletariado internacional, bem como uma condição importante para o triunfo deste último.

Em terceiro lugar, a delegação búlgara insiste em que o artigo respeitante à informação e ao contacto com as massas seja aperfeiçoado de maneira mais pormenorizada. Além disso, é necessário indicar de uma maneira concreta os órgãos e os meios indispensáveis ao Bureau Executivo do Profintern com a ajuda dos quais poderia estar em contacto estreito e permanente com as organizações e os partidários do Profintern, e dirigir eficazmente a actividade dos sindicatos revolucionários e a sua luta à escala internacional.

Além disso, a delegação búlgara propõe que as teses sejam completadas com um parágrafo especialmente destinado aos Balcãs e assim apresentado:

É indispensável retomar a actividade para o restabelecimento da unidade do movimento sindical nos Balcãs, com excepção da Bulgária onde este está unificado e unido ao Profintern. O restabelecimento dos sindicatos revolucionários, mais especialmente na Juguslávia e na Roménia, desfeitos em 1920 e 1921, será realizado em condições extremamente difíceis — nas condições do terror branco, de uma reacção desenfreada e de uma resistência acerba por parte dos reformistas. Quanto mais os sindicatos restabelecidos con- siguirem unir estreitamente as massas operárias, na base duma luta enérgica pelos seus interesses vitais, tanto mais facilmente essas dificuldades serão superadas com rapidez e sucesso.

Na Grécia, onde a Confederação do Trabalho é de facto fiel à plataforma do Profintern, os partidários deste último têm por tarefa levar a cabo uma intensa luta contra a política fétida de um punhado de líderes nacionalistas amarelos, que mantêm ainda a sua influência em algumas organizações sindicais, que ainda permanecem suas aliadas. É indispensável, antes de tudo, arrancar às mãos desses líderes a organização dos estivadores e do pessoal marítimo e fazê-la reintegrar na Confederação Geral do Trabalho.

Na Turquia onde os operários estão sobretudo organizados em sindicatos nacionais à parte (turcos, gregos, arménios), a tarefa essencial dos partidários do Profintern consiste em desenvolver uma intensa actividade para a união desses sindicatos em sindicatos gerais por sectores de produção, sem ter em conta a origem étnica, mas apenas com base na luta de classe.

Examinada a estreita interdependência económica e política dos países balcânicos, o sucesso da luta do proletariado nos Balcãs depende principalmente da acção conjunta dos sindicatos de todos os países balcânicos. Assim, os partidários do Profintern nos Balcãs têm por tarefa primordial assegurar a possibilidade de uma tal acção comum que, mais tarde, deverá, sob o ponto de vista de organização, tomar a forma de uma federação balcânica dos sindicatos, filiada ao Profintern.


Notas de rodapé:

(1) O federalismo que Demitrov ataca é uma atitude típica dos anarco-sindicalistas, presos à estreiteza das concepções puramente profissionais e também à recusa do trabalho político centralizado no seio da classe operária (N. P.) (retornar ao texto)

Inclusão 20/04/2015