(1920-1973): Dirigente do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B). Nasceu em 1920 na cidade de Santos, São Paulo. Operário naval, ferreiro e, posteriormente, jornalista. Casado, tinha um filho adotivo, Gino, muito querido por ele. Em 1945, ainda na cidade de Santos, entrou para o Partido Comunista do Brasil e atuava junto aos portuários. Em 1953 foi para o Rio, tornando-se membro do Comitê Regional dos Marítimos. Em 1962, alinhou-se com o grupo que deu origem ao PC do B e, em 1966, foi eleito membro de seu Comitê Central. Foi morto aos 53 anos de idade no Rio de Janeiro, logo após a sua prisão. Seu cadáver foi encontrado nas Ruas Girapimirim com Turvânia, Rio de Jaeiro. Sua esposa, Orandina Guilhardini, narra que, em 4 de janeiro de 1973, sua casa à Rua Guararema, 62 (RJ), foi invadida por treze homens armados e que ali mesmo começaram as torturas. Ela, seu filho de 8 anos e Luiz Guilhardini foram colocados em cômodos separados e espancados. Foram levados encapuzados em viaturas diferentes para um local que presume fosse o DOI-CODI/RJ. Seu filho assistiu o pai ser torturado, ao mesmo tempo em que também sofria sevícias. No mesmo dia, Orandina e seu filho foram levados para um quartel do Exército, que supõe ficasse em São Cristóvão. Ali permaneceram três dias em uma cela exposta ao sol, o que provocou desidratação na criança. Esta foi levada para o antigo SAM (Serviço de Assistência ao Menor), no bairro de Quintino. Orandina era interrogada diariamente e, cerca de nove dias depois de sua prisão, soube por um dos torturadores que Luiz Guilhardini estava morto. "Seu homem bancou o durão e foi pro inferno e você também está a caminho para lhe fazer companhia", disseram-lhe em um dos interrogatórios. Somente foi libertada três meses depois, quando conseguiu encontrar seu filho. O corpo de Guilhardini entrou no IML em 5 de janeiro de 1973 pela Guia n. 14 do DOPS como desconhecido, descrevendo-o apenas como "morto quando reagiu às Forças de Segurança". Sua necrópsia realizada no mesmo dia como desconhecido é firmada pelos Drs. Salim Raphael Balassiano e Rubens Pedro Macuco Janini, que confirmam a falsa versão de morte em tiroteio, apesar de descreverem que "o membro superior direito exibe sinais de lesões violentas". Sua esposa afirma que Guilhardini saiu de casa preso com as mãos amarradas por fios e que seus braços estavam roxos. As fotos de perícia do local, ICE n. 0078/73, mostram os pulsos de Guilhardini com claros sinais de algemas ou fios, o que a necrópsia não descreve. Foi reconhecido oficialmente, no mesmo dia, pelo Serviço de Identificação do Instituto Félix Pacheco/RJ e no dia seguinte foi enterrado com seu próprio nome como indigente no Cemitério de Ricardo de Albuquerque (RJ) na cova 22.708, quadra 21. Em 20 de março de 1978 seus restos mortais foram transferidos para um ossário geral e, em 1980/81, enterrados numa vala clandestina com cerca de 2.000 outras ossadas de indigentes. A certidão de óbito n. 17.117 estranhamente coloca sua morte em 1º de janeiro de 1973, quando ainda não havia sido preso, e é assinada pelo 2° legista Rubens Pedro Macuco Janini e não pelo 1° legista, como ocorre normalmente. Tem como declarante José Severino Teixeira. Laudo de perícia de local (Ocorrência n. 14/73) afirma não haver arma de fogo no local e que "nos pulsos da vítima havia sinais recentes de ferimentos produzidos por algo que os prenderam. Os ferimentos, embora superficiais, faziam-se notar nitidamente". Informa ainda que Luiz estava vestido com "camisa esporte azul clara e calça azul sobre cueca branca e sapato azul e branco". Sua esposa informa que foi preso com bermudas e chinelos, mas que os homens que o levaram, pegaram um terno azul de linho, camisa e sapatos.