(1928-1954): ceifeira portuguesa, mãe de três filhos que, numa greve de assalariadas rurais por aumento da jorna, foi assassinada pelo tenente Carrajola da GNR em Baleizão, perto de Beja, no Alentejo, quando explicou que só queriam “pão e trabalho”. Catarina tinha ao colo o filho de oito meses quando foi baleada à queima-roupa. Quando as autoridades tentaram fazer o funeral às escondidas, os populares correram para o local protestando. Seguiu-se um espancamento violento, incluindo aos familiares da falecida, e o caixão foi levado à pressa para Quintos, terra do marido de Catarina. Nove camponeses foram acusados de desrespeito à autoridade e condenados a dois anos de prisão com pena suspensa. O tenente Carrajola foi transferido para Aljustrel e nunca foi a julgamento. Só em 1974, quando caiu a ditadura, os restos mortais da ceifeira foram levados para Baleizão. Catarina acabou por simbolizar a resistência ao regime de Salazar, e foi adoptada pelos antifascistas como figura emblemática da resistência, sendo a sua memória celebrada todos os anos no Alentejo. Muitos poetas, escritores e artistas lhe dedicaram poemas. O mais conhecido é o poema de Vicente Campinas "Cantar Alentejano", musicado e interpretado pela primeira vez por Zeca Afonso. Símbolo da resistência do proletariado rural alentejano à repressão e à exploração do salazarismo e, ao mesmo tempo, um símbolo do combate pela liberdade e da emancipação da mulher portuguesa.