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Durante séculos, a China foi um país agrário que sofreu, em épocas recentes e constantemente, ações agressivas de várias potências imperialistas, convertendo-se em um país semicolonial extremamente agitado e, como dizemos antes, o ponto central das contradições do Oriente.
Em consequência disto, foi possível para a revolução de Nova Democracia na China, contra o imperialismo, o feudalismo e o capitalismo burocrático, aproveitar todas as vantagens destas contradições e concentrar todas suas forças para derrotar um por um aos inimigos do povo.
Relacionado a isto, dois tipos de erros foram cometidos na história do Partido Comunista da China. Um foi o oportunismo de direita: por exemplo, o de Chen Tu-hsiu durante o período da revolução, compreendido entre 1924 e 1927 e os erros direitistas cometidos por alguns camaradas no período inicial da Guerra de Resistência Antijaponesa. Os oportunistas de direita defendiam uma frente única sem princípios, pretendendo converter o proletariado em um apêndice da burguesia. Mao Tsé-tung definiu este erro oportunista de direita como “somente alianças e nenhuma luta”. Outro erro surgido foi o de oportunismo de “esquerda”, cometido em três ocasiões durante o período da Guerra Civil dos Dez Anos. Aqueles que cometeram tal erro, rechaçaram uma frente única de qualquer classe, isolando-se do proletariado, dos trabalhadores agrícolas e dos camponeses pobres. Mao Tsé-tung definiu tal erro de oportunismo de “esquerda” como “somente lutas e nenhuma aliança”.
Evidentemente, foi um grande erro negar a possibilidade de uma ampla frente única durante a Revolução Chinesa e sua necessidade sob determinadas condições. Em agosto de 1927, refutando a posição dos trotskistas em relação a China, Stalin escreveu que a premissa básica do leninismo sobre os problemas dos movimentos revolucionários nos países coloniais e dependentes, consistia em uma estrita distinção entre a revolução nos países imperialistas e a revolução nos países que estão sob a opressão imperialista de outros estados. A burguesia naqueles países é diferente da burguesia nacional destes últimos. A diferença é que a burguesia nos países imperialistas cumpre o papel de opressor perante outras nações, sendo “contrarrevolucionária em todas as etapas da revolução”, enquanto que a burguesia nacional nos países oprimidos pelo imperialismo “até certo grau e por certo período pode apoiar o movimento revolucionário de seu país, contra o imperialismo”.(1)
Em outras palavras, nos países coloniais e semicoloniais é possível para o proletariado estabelecer, sob determinadas condições históricas, uma frente única revolucionária com a burguesia nacional. É evidente que nesta frente única, o proletariado não deve ocultar sua posição independente e deve manter firmemente a independência do movimento operário. O proletariado deve esforçar-se para garantir sua posição de direção na frente única nacional. Este princípio também foi formulado e ratificado por Lenin e Stalin.
De acordo com a experiência da Revolução Chinesa, especialmente a experiência do Partido Comunista da China na formação da frente única com o Kuomintang, Mao Tsé-tung desenvolveu estes pontos de vista de Lenin e Stalin e assim pode formular um conjunto de políticas corretas relativas ao papel da frente única na Revolução Chinesa.
Mao Tsé-tung chamou a política do Partido Comunista de China de frente única com a burguesia - em especial sua política diante da grande burguesia representada pelo Kuomintang durante a Guerra de Resistência Antijaponesa - como uma política tanto de unidade quanto de luta. A razão pela qual se exigiu ambos, unidade e luta, foi o caráter dual que apresentava a burguesia chinesa. Os sectários de “esquerda” não compreendiam este duplo caráter da burguesia chinesa e, em consequência disso, negaram a possibilidade e a necessidade da unidade; já os oportunistas de direita também não compreendiam este caráter dual e, em consequência desta incompreensão, também, negaram a necessidade de luta. A política correta diante deste cenário, formulada por Mao Tsé-tung, era levar a cabo uma resoluta e séria luta em duas frentes, tanto conta o oportunismo de “esquerda” como contra o oportunismo de direita.
Estas duas formas de oportunismo não são sempre igualmente perigosas para a revolução. A história da Revolução Chinesa comprova que antes da frente única com a burguesia ser constituída, o sectarismo de “esquerda” foi o principal perigo para o Partido; mas após ter se formado a frente única, o capitulacionismo de direita se tornou então o principal perigo. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Civil Revolucionária, oportunistas de “esquerda” também negaram a possibilidade e a necessidade de uma frente única com a pequena burguesia em geral. Consideravam algumas camadas minoritárias da pequena burguesia e alguns setores da burguesia nacional que não estavam no poder, como os inimigos mais perigosos da revolução. Em 1931, como resultado da ocupação do nordeste da China pelos imperialistas japoneses, determinadas modificações se efetuaram nas relações políticas das classes na China, mas não houve, apesar deste fato, nenhuma mudança na posição dos oportunistas de “esquerda”. Este erro do “esquerdismo” constituía o principal perigo naquele momento, dado que impediu a vinculação do Partido com as amplas massas e impossibilitou o máximo aproveitamento das vantagens proporcionadas pelas numerosas contradições, para assim facilitar a revolução. Contudo, após a Frente Única Nacional Antijaponesa ter sido constituída em 1937, alguns camaradas representados por Chen Shao-yu, que antes haviam apresentado desvios “esquerdistas”, cometeram erros direitistas. O erro do direitismo passou a ser então o principal perigo, uma vez que impediu ao Partido Comunista da China lutar contra os reacionários e contra as tendências reacionárias na frente única e expôs a classe operária ao grave perigo de perder sua independência.
No decorrer da Guerra de Resistência Antijaponesa, a frente única incluía também a camarilha do Kuomintang representada por Chiang Kai-shek. Esta camarilha estava integrada pelos grandes latifundiários pró-anglo-americanos e a grande burguesia, que durante dez anos havia travado uma cruel guerra contra o Partido Comunista da China. Era necessário incluir estes na frente única porque naquele momento possuía um grande exército e haviam contradições entre o imperialismo estadunidense e o imperialismo japonês em sua luta pela supremacia no extremo Oriente. Depois de formada esta ampla Frente Única Nacional Antijaponesa — aplicando o método de análise de classe — Mao Tsé-tung constatou que dentro desta frente haviam três grupos diferentes: a ala esquerda, as forças intermediárias e a ala direita. Ele propôs a política de estender e consolidar a ala esquerda, estimular as forças intermediárias a progredir e se modificar, e isolar a ala direita; ou em outras palavras, uma política de “desenvolver as forças progressistas, ganhar as forças intermediárias e isolar as forças reacionárias”.
Mas, estes camaradas que cometeram erros direitistas se opuseram a esta política de Mao Tsé-tung; ignorando as diferenças de classe na frente única, propuseram “não fazer distinção entre a ala de esquerda, as forças intermediárias e a ala direita”, e negaram a existência do fascismo na China. Também ignoraram a distinção de classe entre o Partido Comunista e o Kuomintang, considerando ambos partidos como “a confluência do que há de maior destaque da progressista juventude chinesa” [ver A Chave para a Salvação da Situação Presente, de Chen Shao-yu, publicado em dezembro de 1937]. Tais pontos de vista direitistas, na prática concreta, contribuíram, evidentemente para proteger as forças reacionárias chinesas, representadas pelo Kuomintang de Chiang Kai-shek respectivamente.
Os camaradas que cometeram erros de direita negaram o princípio de “independência na frente única” como propôs Mao Tsé-tung durante a Guerra de Resistência Antijaponesa e, com efeito, defenderam que tudo deveria ser realizado exclusivamente por Chiang Kai-shek e o governo do Kuomintang. No aspecto militar, advogaram pela “unificação de comandos, forças armadas, organização, disciplina, planos operacionais e ação”. Isto era equivalente a fusão do exército popular dirigido pelo Partido Comunista com o exército do Kuomintang, permitindo a Chiang Kai-shek absorvê-lo como bem desejasse. Isto coincidiu plenamente com a contrarrevolucionária exigência que Chiang Kai-shek fez mais tarde para a chamada “unificação dos comandos militares e a administração do governo”. Como Mao Tsé-tung havia dito, estes camaradas foram
“fazendo concessões a política antipopular do Kuomintang, tendo mais confiança neste do que nas massas, não se atrevendo a ampliar as regiões libertadas e os exércitos populares nas regiões ocupadas pelos japoneses e entregando a direção da Guerra de Resistência ao Kuomintang”.(2)
Ao explicar o princípio de “independência na frente única”, Mao Tsé-tung disse:
“Qual é então nosso propósito ao sustentar tal princípio? Em um aspecto, o de manter a firme posição que já conquistamos. Esta firme posição é o ponto de partida de nossa estratégia e sua perda poderia significar o fim de tudo. Mas o principal propósito está precisamente em outro aspecto, a saber: ampliar essa posição, compreender corretamente o positivo propósito de ”mobilizar centenas de milhões das massas para unir-se na Frente Única Nacional e, por meio desta, derrotar o imperialismo japonês”.(3)
Os princípios formulados pelo camarada Mao Tsé-tung a respeito dos problemas políticos e estratégicos da guerra, e a série de políticas formuladas acerca destes princípios, conduziram ao propósito geral de converter o resultado da Guerra de Resistência em uma vitória para o povo. Tais princípios e políticas foram decisivas na realização de tal vitória.
Contudo, como os pontos de vista direitistas, haviam conduzido ao abandono das posições que haviam sido conquistadas, e sua ampliação estava, portanto, fora de questão. Em decorrência disto, os camaradas que apresentaram desvios direitistas chegaram a uma conclusão contrária à de Mao Tsé-tung. Em seu artigo, A Chave para a Salvação da Situação Presente, Chen Shao-yu fez prognóstico da perspectiva da Guerra de Resistência: “A atual situação na China é a seguinte: se o Kuomintang e o Partido Comunista da China, devido a sua cooperação podem expulsar os invasores japoneses e lograr a vitória, então o Kuomintang terá provado de fato ser o maior partido político que lutou pela existência nacional do povo chinês e o líder do Kuomintang, o senhor Chiang Kai-shek e outras pessoas que firmemente dirigiram a Guerra de Resistência, serão eternamente honrados como heróis nacionais da China. Quanto isto ocorrer, quem poderá desconhecer o desejo do povo chinês e seguir uma luta para derrotar o Kuomintang?” E concluía Chen Shao-yu: “Como consequência, pode-se ver que aqueles que creem que ”após a Guerra de Resistência, a China irá pertencer ao comunismo soviético", não apenas ignoram a atual situação chinesa, como tampouco tem confiança no grande poder combativo e das brilhantes perspectivas do Kuomintang. Obviamente, esta posição é algo prejudicial".
De acordo com esta opinião, após conquistada a vitória na guerra contra o Japão, a China desejaria permanecer sob o governo de Chiang Kai-shek e dos reacionários do Kuomintang, e não queria ser uma Democracia Popular dirigida pelo Partido Comunista. Esta era então a lógica e inevitável conclusão derivada de uma série de diretivas e concepções incorretas dos oportunistas de direita nesta época. Esta ignominiosa conclusão foi muito danosa para o poder combativo e para as brilhantes perspectivas do povo chinês. Não obstante, ao longo de toda sua vida militante, o povo chinês descartou há muito tempo essa ignomínia. Totalmente ao contrário da expectativa de Chen Shao-yu, Chiang Kai-shek havia se tornado nada mais nada menos que um traidor “de quem todos os cidadãos consideravam merecer ser castigado com a morte”, enquanto que os verdadeiros heróis nacionais, que sempre iluminaram o caminho para o futuro do povo chinês e quem serão eternamente honrados pelo povo, são os inumeráveis membros do Partido Comunista e os combatentes populares, quem com heroico esforço executaram façanhas para a revolução. Fica claro diante disso, que ninguém desconhecia mais a situação daquela época na China do que os oportunistas de direita.
Os camaradas que cometeram erros direitistas esperavam manter a unidade com o Kuomintang de Chiang Kai-shek de forma unilateral e com concessões passivas. Isto foi totalmente equivocado. Contrariamente a estes camaradas, Mao Tsé-tung adotou uma política de luta ativa como um meio para unir todas as forças antijaponesas. Mao Tsé-tung disse: “No período da Frente Única Antijaponesa, as lutas são os meios para a solidariedade e a solidariedade é a alma das lutas... a solidariedade é realizar do início ao fim as lutas e destruir do início ao fim as concessões”.(4)
Os acontecimentos que tiveram lugar no país ao longo de todo o período da Guerra de Resistência, confirmaram plenamente esta verdade posta por Mao Tsé-tung. Na frente única, nosso Partido, aderindo a política de Mao, adotou resolutamente uma política revolucionária dual de unidade e de luta para fazer frente a vil política da grande burguesia no Kuomintang, que consistia em resistir ao Japão enquanto que, ao mesmo tempo, preparava a capitulação, e de unir-se ao Partido Comunista enquanto que, ao mesmo tempo, intentava destruí-lo. Como resultado disto, nosso Partido foi capaz de mobilizar completamente o povo, unir toda as forças possíveis que estavam contra o Japão, estabilizar os elementos vacilantes, isolar os reacionários, rechaçar várias campanhas anticomunistas de Chiang Kai-shek e persistir, de forma consequente, na Guerra de Resistência e manter a Frente Única Antijaponesa até o final.
Por uma parte, os oportunistas de direta se negaram a entender que a frente única com o Kuomintang de Chiang Kai-shek durante o período da Guerra de Resistência, foi construída sobre a base das forças armadas populares. Chiang Kai-shek estava obrigado a aderir à frente única. Se não existissem as forças armadas populares, Chiang Kai-shek não estabeleceria nenhum tipo de frente única conosco. Por outra parte, os oportunistas de direita resistiram ao entendimento de que, após ter sido obrigado a formar uma frente única conosco, o Kuomintang apoiado em suas forças armadas contrarrevolucionárias, constantemente utilizava qualquer meio e qualquer oportunidade para nos atacar e eliminar o Partido Comunista e as forças armadas populares. Por conseguinte, nós teríamos que nos apoiar nas forças armadas populares com o objetivo de travar lutas justas, úteis e limitadas contra tais ataques contrarrevolucionários lançados pelo Kuomintang. Mao Tsé-tung criticou os erros dos oportunistas de direita nestes dois pontos básicos, destacando que essa aliança contra o Japão era principalmente uma aliança de forças armadas que estavam obrigadas a adiantar a luta dentro da Frente Única Nacional Antijaponesa. Quando Chiang Kai-shek, em conluio com os agressores japoneses, fez ataques armados contra as forças armadas populares e as bases anti-japonesas, Mao Tsé-tung declarou que não devíamos permitir-lhes retornar a épocas passadas, mas que devíamos continuar nas lutas necessárias de autodefesa, tanto quanto fossem justas, úteis e limitadas. Quando coordenado com os agressores japoneses, Chiang Kai-shek lançou três campanhas anticomunistas em forma de ataques armados, o Partido Comunista não se intimidou com ataques contrarrevolucionários, mas pelo contrário, os rechaçou resolutamente e, desta forma, salvaguardou as forças armadas populares e as bases antijaponesas e, assim, conquistou a vitória na Guerra de Resistência.
Sobre a questão da luta contra os reacionários do Kuomintang na Frente Única Antijaponesa, ao lado das concepções de direita segundo as quais “as lutas poderiam dividir a frente única”, estavam os pontos de vista "esquerdistas" de que as lutas deveriam ser adiantadas sem limites e adotar táticas incorretas com os vacilantes. Mao Tsé-tung criticou tanto os pontos de vistas direitistas, como também os pontos de vista esquerdistas. Foi precisamente então, com o propósito de prevenir qualquer possível desvio ultraesquerdista, que formulou seus três famosos princípios na luta contra os reacionários do Kuomintang: o princípio de “justiça”, o princípio de “utilidade” e o princípio de “limitação” (segundo a qual uma luta deve deter-se no momento oportuno). Mao Tsé-tung escreveu:
"Persistindo em tais lutas justas, úteis e limitadas, podemos desenvolver as forças progressistas, ganharmos as forças intermediárias, isolar as forças reacionárias e nos colocar em guarda diante dos reacionários que nos atacam de forma desavergonhada, se comprometem com o inimigo, colocam em marcha uma guerra civil em grande escala, de maneira vil".(5)
Uma política tal de unidade com a burguesia reacionária, assim com a luta contra esta na frente única, é a expressão da “correspondência da luta nacional com a luta de classes”(6), princípio exposto por Mao Tsé-tung. Esta é a arte da revolução — a arte marxista-leninista da revolução que Mao aplicou tão exitosamente. Durante a Guerra de Resistência, esta política teve grande êxito e atingiu o maior grau possível, isolando as forças reacionárias, ganhando as forças intermediárias e desenvolvendo as forças progressistas.
Tudo isto preparou o Partido Comunista e o povo, ideológica, política, organizativa e militarmente, de tal maneira que após a rendição do Japão, no espaço de dois ou três anos, o Partido Comunista da China foi capaz assim de dirigir o povo sistematicamente para esmagar a guerra contrarrevolucionária lançada pelos imperialistas dos Estados Unidos e seu lacaio Chiang Kai-shek contra o povo chinês, derrotar a última dinastia contrarrevolucionária na China encabeçada por Chiang Kai-shek, e conquistar a vitória pela qual o povo chinês lutara durante mais de um século.
Durante a Guerra de Resistência, a burguesia nacional ou a média burguesia, constituíram a ala vacilante entre os operários, os camponeses e outros setores da pequena burguesia por uma parte, e os grandes senhores feudais e a grande burguesia representada por Chiang Kai-shek, por outra. O Partido Comunista da China adotou a política de conquistar estas forças vacilantes. Mao Tsé-tung explicou a situação da seguinte maneira:
Ainda que como classe esteja em contradição com os operários e não aprove a independência da classe operária, contudo, oprimida pelo imperialismo japonês nas áreas ocupadas pelo inimigo, e limitada pelos grandes senhores feudais e a grande burguesia nas áreas sob o governo de Kuomintang, quer por isto resistir ao Japão e conquistar força política para si mesma. Sobre a questão da resistência ao Japão, a burguesia nacional apoia a solidariedade na resistência; e em sua ânsia de conquistar uma posição de força política maior, contribui para o movimento pelo constitucionalismo e trata de conquistar seu objetivo explorando as contradições existentes entre as forças progressistas e as reacionárias. Este é um extrato social que nós devemos conquistar para a nossa causa.(7)
Uma política de unidade com a burguesia nacional foi adotada perante sua vacilação a fim de obrigá-la a compro- meter-se. Esta política de crítica foi uma outra forma de luta, diferente da que se aplicou contra os reacionários do Kuomintang, posto que a burguesia nacional não estava no poder. Também foi uma política de unidade de luta aplicada à burguesia nacional e que a fez permanecer firme na luta contra o imperialismo.
Após concluída a Guerra de Resistência, a burguesia nacional seguia limitada e oprimida pelos grandes senhores feudais e a burguesia burocrática [a grande burguesia] representada por Chiang Kai-shek. Ao mesmo tempo, assim que a opressão imperialista japonesa terminou, foi substituída pela opressão imperialista estadunidense, que também usurpava os interesses da burguesia nacional. Isto possibilitou ao proletariado manter uma frente única com a burguesia nacional. A questão se colocava da mesma maneira: adotar uma política de unidade com a burguesia nacional no que diz respeito a seu apoio à revolução, e adotar uma política de crítica e de luta contra ela no que diz respeito a sua vacilação, para o- brigá-la a comprometer-se. Mao também observou que após a vitória da revolução, poderia ainda ser necessário manter uma frente única com a burguesia nacional no campo econômico devido ao atraso da economia da China.
Naturalmente, como explicou, a política dual de unidade e de luta devia ser também levada ao campo econômico na frente única. Uma política de unidade com a burguesia devia ser adotada até onde fosse possível e operar com perspicácia para desenvolver a produção industrial; enquanto que uma política de luta contra esta devia ser adotada, sempre e quando se recorresse a especulação e ao monopólio, assim violando as leis governamentais e os planos econômicos.
Os acontecimentos dos últimos anos comprovaram novamente a exatidão da política de Mao Tsé-tung que “para fazer frente à opressão imperialista e elevar sua economia atrasada a um nível mais alto, a China deve utilizar todos os elementos do capitalismo rural e urbano que sejam benéficos e não prejudiciais para a economia nacional e a vida do povo, e devemos unir-nos com a burguesia nacional em uma luta comum”(8). Sua exatidão pode se comprovar nas realizações econômicas e financeiras da República Popular da China. Isto se torna ainda mais evidente nas massivas mobilizações populares, como por exemplo, o movimento de resistência a agressão dos Estados Unidos e de ajuda a Coreia, a supressão dos elementos contrarrevolucionários, e a reforma agrária.
Os acontecimentos dos últimos anos demonstraram a falsidade das posições do oportunismo de direita, que intentava sacrificar a independência de direção do proletariado na frente única e que, em consequência, teria sacrificado inevitavelmente a vitória do povo caso fossem aplicadas. A falsidade das posições do oportunismo de “esquerda” também ficou comprovada, as quais, no momento em que era necessário e possível isolar os inimigos da revolução, tratava de isolar o Partido, beneficiando assim o inimigo contrarrevolucionário.
Notas de rodapé:
(1) J. V. Stalin, obra citada, vol. X, página 11. (retornar ao texto)
(2) Mao Tsé-tung, “Obras Escolhidas”, Pequim, vol. IV, página 171. (retornar ao texto)
(3) Mao Tsé-tung, “Obras Escolhidas”, Londres, Vol. II, página 113. (retornar ao texto)
(4) Ibid., Vol. III, páginas 194. (retornar ao texto)
(5) Ibid., página 199. (retornar ao texto)
(6) Ibid., Vol. II, página 264. (retornar ao texto)
(7) Ibid., Vol. III, páginas 195-196. (retornar ao texto)
(8) Mao Tsé-tung, "Obras Escolhidas", Pequim, Vol. IV, página 421. (retornar ao texto)
Inclusão | 26/07/2019 |