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Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
Os médicos e o resto dos profissionais e técnicos da saúde cubana constituem uma força excepcional.
Nenhum país tem algo semelhante; da mesma forma que os soldados internacionalistas da nossa ilha, formaram-se no combate. Suas missões no estrangeiro ajustam-se a rigorosas normas éticas. Os seus serviços são oferecidos gratuitamente ou se comercializam, segundo as circunstâncias do país receptor. Eles não são exportáveis.
No entanto, os livros não são suficientes. Não basta que nas bibliotecas existam suficientes para as consultas incessantes que são realizadas. Faz falta que cada um de nossos profissionais da saúde tenha um texto clássico de sua especialidade e se desempenha ou pratica dois, três ou mais missões no hospital ou na policlínica, deve ter um exemplar clássico de cada uma delas.
Um graduado em Medicina Geral Integral recebe esse título após nove anos de intensos estudos teóricos e práticos de nível superior. Mais de 50 especialidades diferentes são aplicadas em nossos centros de saúde. Muitas delas requerem como base ser formado em Medicina Geral Integral. As atitudes são detectadas muito antes como, por exemplo, em Cirurgia, Cardiologia, Oncologia, Hematologia, Imageneologia, Transplantes, Medicina Esportiva, oferecendo aos futuros peritos a oportunidade da preparação simultânea.
O que faz um médico sem o texto atualizado que seja considerado ideal sobre esses conhecimentos? O que faz se for cirurgião sem ter um texto adicional sobre Cirurgia? O que faz se trabalha como clínico de um hospital geral onde também atende numerosos pacientes idosos? Três livros clássicos pessoais: como médico geral integral, como clínico e como geriatra devem estar em suas mãos.
Hoje as especialidades estão vinculadas entre si e se combinam. Os conhecimentos sobre nutrição, sistema nervoso, cardíaco e sobre o sistema ósseo; os medicamentos adequados estão em constante transformação e requerem um grande acervo de conhecimentos, individuais ou coletivos, entre os especialistas que geralmente fazem parte das equipes médicas.
Em Medicina muitos problemas são urgentes e as urgências precisam de decisões imediatas. Os meus compatriotas percebem sobre o que lhes estou falando, porque sabem de centros assistenciais e de serviços, onde ficam e quem os atende, a nível local, regional ou nacional, mais do que ninguém imagina. Aos conhecimentos básicos do especialista é preciso acrescentar o uso intensivo da computação para a informação e para a realização de interconsultas.
Em nossa legislação nacional está estabelecido o direito a utilizar com fins educativos qualquer texto que se publique no mundo desde A llíada até Cem anos de Solidão. Não acontece assim no caso da impressão com fins comerciais de obras protegidas por legislações sobre o direito de autor. É preciso oferecer algum estímulo a aqueles que se esmeram em criar arte e ciência, quer dizer, bens para a vida espiritual e material.
Há apenas alguns dias, alguém me facilitou um filme não profissional do conhecido balé “O Lago dos Cisnes”, tema no qual eu estou longe de ser um perito, mas que nas atuais circunstâncias constitui para mim uma agradável forma de me esquecer quase totalmente do tempo. Durante quase duas horas observei a incrível atuação da que talvez seja hoje a melhor intérprete desse balé no mundo: Viengsay, filha de um casal diplomático cubano a quem chamaram assim em honra de uma região de Laos, onde eles representaram Cuba.
Há atuações que são irrepetíveis!, exclamou um crítico europeu. Eu concordo nisso. Não imaginava tão admirável elegância e flexibilidade, sem a mais mínima imprecisão. Este é o fruto de toda uma escola dirigida por Alicia Alonso, genial inspiradora do Balé Nacional, companhia artística que esteve à altura da intérprete.
Eu sabia que por trás da bailarina estava também o fisoterapeuta, já aposentado, que durante 36 anos trabalhou num hospital geral da cidade e que, após cada jornada extenuante da artista no seu treinamento, trabalhava com ela uma hora ao dia para garantir a elasticidade e a fortaleza de cada um dos músculos que participavam em seus movimentos. "Evita-me riscos de distensão”, afirmou Viengsay há vários anos.
De fisioterapeuta artístico eu o classifiquei numa breve mensagem no qual o exortava a que escrevesse um livro sobre a sua experiência com a destacada bailarina.
Segundo me contaram depois eles mesmos, ambos tinham pensado igual há aproximadamente 5 anos; mas, entre as múltiplas tarefas diárias, ninguém pôde ocupar-se do assunto. Acho que desta vez o comprometi a sério.
Esta disquisição talvez sirva para transmitir a idéia que sustento. Em janeiro passado falei sobre Elena Pedraza, a fisioterapeuta chilena de 97 anos, que tanto nos ajudou no desenvolvimento dessa especialidade que quase não existia em Cuba antes da Revolução. Após a minha Reflexão, ela enviou um exemplar escrito por Debra J. Rose, fisioterapeuta da Califórnia, publicado por uma editorial espanhola. Desse exemplar, editamos 10 000 para aqueles que oferecem esses serviços em Cuba, entre eles os estudantes dos últimos cursos e 500 serão adquiridos na casa editora para os fisioterapeutas cubanos que trabalham na Venezuela.
Desse texto, selecionamos exercícios fundamentais de aplicação geral à população que ultrapassa os 50 anos, porque é preciso educar o povo para atividades de saúde que se generalizam. É impossível ter um fisioterapeuta para cada pessoa dos milhões que precisam receber esses tratamentos.
Como gostariam os hierarcas europeus e estadunidenses de comprarem médicos cubanos, da mesma maneira em que o fazem com os formados dos países africanos, latino-americanos e de outras partes do Terceiro Mundo, privando-os dos profissionais que com tantos sacrifícios preparam!
Numa aldeia da África – como já dissemos e diremos todas as vezes que for necessário-, um médico internacionalista cubano pode formar simultaneamente vários excelentes médicos, no maior laboratório do mundo, que é a comunidade e nela combater as doenças concretas de cada região específica da África. Os livros que esse médico tenha servirão como um fundo comum de conhecimentos.
Um profissional da saúde sem um texto especializado em suas mãos é como um cristão sem Bíblia.
Enquanto escrevo estas linhas na tarde do domingo, reitero a idéia, se o tempo me permite fazê-lo, elaborarei umas Memórias. Se alguém pagasse por elas, eu alocaria esses fundos à impressão em Cuba de textos para os nossos profissionais da saúde. Entretanto, já há mais de 100 mil garantidos com antecedência, os quais serão distribuídos nos próximos meses, não em grossos e pesados volumes como os importados, senão divididos em volumes mais pequenos por grupos de capítulos.
Amanhã se inicia o Encontro sobre Globalização e Problemas do Desenvolvimento. Seu principal orador no primeiro dia seria o nosso querido amigo o presidente do Equador, Rafael Correa. Ele não poderá assistir. Escutam-se com força no sul de nosso continente as trombetas da guerra, em conseqüência dos planos genocidas do império ianque.
Nada é novo! Estava previsto!
Fidel Castro Ruz
2 de março de 2008
19h42