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Fonte: Arquivo Vania Bambirra - https://www.ufrgs.br/vaniabambirra/ - Datilog. 1982 - Baixe o original em pdf
HTML: Fernando Araújo.
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Com o golpe civil-militar de 1964 e a repressão em todos os níveis que este descandeou, perdemos o nosso cargo de professora na Universidade de Brasília. Fomos, eu e meu esposo, para São Paulo e aí vivemos dois anos, semiclandestinamente, lutando contra a ditadura. Então nasceu nossa filha: foi um nascimento clandestino, apoiado pela solidariedade de médicos, amigos e familiares. Em 1966 não restou outra opção senão sair do Brasil, devido a perseguição arbitrária e ilegal por parte dos que conquistaram o poder, em busca de emprego e de um ambiente livre onde pudéssemos desenvolver o nosso trabalho científico. Fomo então recebidos com todo o carinho no Chile e ali assistimos a vitória de Salvador Allende e participamos, junto ao povo chileno, de suas conquistas e de suas esperanças.
Em 1973, com o golpe militar encabeçado pelo general A. Pinochet, tivemos de novo de nos exilar. Fomos para o Panamá e logo para o México. Neste país encontramos, outra vez, uma enorme solidariedade. Pudemos prosseguir nosso trabalho num ambiente de plena liberdade. Ganhamos o concurso para professor titular do Depto. de Pós-Graduação da Faculdade de Economia da UNAM. Escrevemos e publicamos vários livros, artigos e ensaios que foram editados em vários países do mundo, com o objetivo de explicar as causas da misérias e do atraso na América Latina e no Brasil em particular e vislumbrar os meios de sua superação. Prosseguimos nossa convivência com cientistas sociais provenientes de diversas partes do mundo. Fizemos conferências em várias universidades e em muitos países.
Em 1979, com a anistia, abandonamos tudo o que havíamos construído no exterior e regressamos ao Brasil. Voltamos com uma imensa disposição de luta. Participamos na elaboração e na discussão do programa do PDT. Estamos certo de que este partido, pelas suas tradições, pela sua liderança, pelas experiências que acumulou e pelas suas profundas propostas de mudanças estruturais, se transformará pronto num grande partido popular do Brasil.
Sou candidata a Deputada Federal porque:
1°) – este mandato será para nós um instrumento de luta em prol da causa de justiça para a imensa maioria do nosso povo que está desempregado ou semidesempregado, marginalizado, expulso da terra, analfabeto, carente de alimentação, vestuário, saúde e habitação. Com este mandato proporemos profundas reformas com vistas a terminar a situação de miséria e injustiça que foi agravada nos 18 anos de autoritarismo.
2°) – Estamos convencidos de que as mulheres trabalhadoras e das classes médias, as donas de casa – que são a maioria da nossa população – necessitam se fazer representar no parlamento, com o objetivo de ampliar a luta pelas suas reivindicações essenciais; a luta contra a dupla exploração do seu trabalho que se traduz numa jornada de pelo menos 80 horas semanais; a luta contra a sua discriminação social, civil e laboral.
3°) – Por tudo isso, estamos convencidos de que o país e Minas Gerais em particular necessita um novo tipo de políticos, que supere a politicagem tradicional, os interesses egoístas dos políticos convencionais, a utilização dos cargos públicos em função de proveitos pessoais, a corrupção desenfreada, o desprezo pelo povo e inaugure corajosamente uma nova era de controle popular sobre a atuação dos que ocupem os postos públicos.
Nós trabalhistas lutamos e lutaremos por um ideal que junto ao povo haveremos de transformar em realidade; por uma sociedade mais justa, democrática e socialista.