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Se me dessem a escolher, na RDA, uma terra onde gostaria de passar umas largas férias, teria grande dificuldade na escolha. Berlim, Dresden, Frankfurt? E Cottbus? Uma linda cidade, onde o antigo e o moderno se conjugam numa harmonia calma. Um distrito com 14 concelhos urbanos e um rural, fronteira com a Polónia. A grande indústria é a extracção de lenhite — matéria-prima que o socialismo transformou numa das grandes riquezas do país. Dela extraem uma série de produtos químicos, por uma patente de invenção única no mundo, produzem o coque e 2/3 do gás necessário ao país, grandes indústrias químicas, do vidro, têxteis e um combinado de fibras sintéticas. 344 000 ha para a agricultura. Horticultura, grande produção de legumes. Uma paisagem onde a extracção de lenhite, feita a céu aberto, e os combinados fabris não perturbam a beleza dos grandes lagos, dos arvoredos a perder de vista.
Cottbus, a cidade dos parques, das ruas antigas e românticas, e de um progresso que se verifica de momento a momento. 2 teatros, 1 jardim zoológico, palácios de outro tempo, muralhas do que foi outrora a cintura da cidade.
Nos grandes lagos cultivam-se as carpas. Enquanto crescem as enormes unidades industriais e os imensos combinados, toda a beleza da terra vai sendo posta ao serviço do homem — ginásios, locais de repouso, desportos náuticos, parques de campismo.
Aqui passam férias e passeiam milhões de pessoas. Do estrangeiro também. É um local de turismo privilegiado.
Talvez tenha interesse saber como é administrado um distrito. Vejamos o de Cottbus.
Há uma Assembleia de 280 deputados efectivos e 60 suplentes, dos quais 17 são mulheres.
O Conselho distrital tem 180 deputados, que se agrupam pelas seguintes profissões: 120 operários, 18 camponeses, 15 empregados, 18 artesões, 8 intelectuais e 1 dona de casa.
Destes 180, 70 são mulheres. Sob o ponto de vista partidário, 45% são do Partido Socialista Unificado e os restantes em representação dos outros partidos, dos sindicatos, da Juventude, da Federação das Mulheres, das Artes e Cultura. 22 deputados têm entre 18 e 25 anos.
Os deputados têm que manter um contacto estreito com as populações que representam e podem ser destituídos se não cumprirem bem o seu mandato. Além disso tem de fazer parte de uma das Comissões permanentes. Essas Comissões escolhem especialistas de cada sector para colaborarem com elas.
Há 12 comissões permanentes: abastecimento populacional; carvão, energia e química; indústria; construção civil; educação socialista; saúde pública e assuntos sociais; trânsito, transportes e comércio; cultura; desporto e recreio; finanças e controlo de despesas; segurança socialista; reclamações.
O órgão executivo tem 19 conselheiros. O presidente neste momento é uma mulher.
Cada um dos conselheiros orienta um departamento.
É evidente que toda a sua acção está coordenada com a planificação nacional.
62% das reservas de lenhite do país estão no distrito de Cottbus. Como a quase totalidade da sua extracção é a céu aberto, procurei informar-me sobre o que se fazia em relação à defesa do meio ambiente.
Esse problema tem-se tornado candente de ano para ano e o orçamento para o distrito tem uma verba de 100 milhões de marcos para aplicar na protecção da natureza e defesa do ambiente.
Uma das soluções encontradas em relação às grandes crateras abertas na terra com a extracção da lenhite foi a sua transformação em lagos, outra é o repovoamento florestal.
Informei-me também sobre o problema da criminalidade. Homicídios e outros crimes diminuíram numa proporção de 32% para 2%. Em relação a outros crimes, normalmente aplica-se a pena suspensa, com a entrega do delinquente às entidades especializadas que procuram a sua recuperação.
Os juizes, formados em direito, são eleitos por períodos de 4 anos pelos representantes das autarquias locais. Não são profissionais.
Entre os 120 procuradores e 20 juizes eleitos quadrianual- mente, 20 são mulheres.
A idade mínima para se ser eleito juiz era até 1947 de 35 anos. Presentemente, é de 25 anos.
O combinado petroquímico de Schwedt, província de Frankfurt no Oder, é uma das fábricas químicas mais importantes da RDA. Aqui termina o oleoduto internacional "Amizade", para o qual confluem agora mais de 500 milhões de toneladas de petróleo soviético que é refinado na RDA |
Visitei Guben, no distrito de Cottbus, na fronteira da Polónia. Ou antes, visitei uma grande fábrica de fibras sintéticas em Guben, que faz parte de um combinado petroquímico — partindo da base da lenhite para a integração do petróleo.
Ao combinado pertencem três grandes centros fabris — um, petroquímico, em Schwedt; outro em lena onde se produz a matéria-prima para a fibra sintética e este em Guben, para o fabrico de fibra.
Começou a construir-se em 1960, em 1964 iniciaram-se os primeiros ensaios de fabrico e em 1965 produziam-se os primeiros fios de seda sintética.
Actualmente a produção é de 33 000 toneladas de rayon.
Este combinado foi montado de acordo com as directrizes da integração socialista.
A escolha de Guben foi motivada por considerações de vária ordem: 1.° — Nas regiões fronteiriças não se montam indústrias. Mas isto não se aplica entre povos socialistas, ligados fraternalmente como a RDA e a Polónia. A proximidade do Oder interessava-nos. 2.° — Esta é uma região de Bauzitz e sempre foi um centro tradicional de tecelagem. Até à produção de fibra, trabalhavam com algodão, seda e lã. A partir de 1965 começaram a usar fibra. 3.° — Uma região de altas vantagens energéticas.
Toda a produção é para consumo nacional. Uma pequena quantidade destina-se à exportação. Sobretudo fios de pesca. Exportamos esse fio para noventa países.
Operários do combinado de lenhite de Senftenberg protestam firmemente contra o terror desencadeado pela junta militar chilena |
Nesta fábrica trabalham 7900 trabalhadores; 1000 são aprendizes. Dos restantes, 1900 são polacos; 60% de todos os trabalhadores são mulheres e a média de idade situa-se nos 31 anos e meio.
Os polacos começaram a trabalhar nas fábricas logo em 1966 e têm assim contribuído activamente para uma política de integração socialista.
Como todos os trabalhadores da RDA, estes são sindicalizados. O Partido Socialista Unificado tem aqui uma secção com 2000 filiados. Quanto aos trabalhadores polacos têm a sua célula do partido (do seu partido) e a sua organização sindical própria. Não há quaisquer atritos. A juventude tem também as suas organizações próprias. Cada uma do seu país.
Sob o ponto de vista externo não há nenhuma diferença entre os trabalhadores alemães e polacos. Talvez as polacas sejam mais bonitas. (Esta longa conversa de que recolho aqui o mais importante e que se me afigura do maior interesse sob muitos pontos de vista, tive-a com o vice-director da empresa, homem de uma grande cultura e inteligência, profundamente conhecedor de todos os problemas e que parece adivinhar todas as objecções que lhe punha, as perguntas que lhe ia fazer. Além do mais, um apaixonado pela fábrica, pelo seu desenvolvimento. Mostrou-nos muitas secções com aquele amor e carinho pelas coisas que; nos países socialistas, é bastante frequente.)
Boas colegas no trabalho e firmes amigas: operárias da República Popular da Polónia e operárias da República Democrática Alemã trabalham num ambiente de camaradagem no combinado de fibras químicas de Wilhelm-Pieck-Stadt Guben |
A maioria sabe falar alemão. É importante saber que durante o trabalho, os nossos trabalhadores estão sujeitos aos regulamentos e às leis da RDA, e da nossa empresa. Quanto ao que se passa fora do trabalho, períodos de férias, férias das crianças, períodos longos de doença, que obrigam a grandes retenções em casa, etc., os trabalhadores polacos ficam sujeitos à legislação polaca.
Sob o ponto de vista da integração económica socialista, os camaradas polacos que aqui trabalham são sobretudo do sexo feminino e eram, de um modo geral, camponeses e donas de casa. Receberam e recebem na nossa empresa preparação profissional, e, deste modo, contribuem para a preparação de novos quadros técnicos necessários à Polónia.
De acordo com as organizações sindicais, todos os conflitos de trabalho que possam surgir são resolvidos pelas Comissões de conflitos daquelas organizações, eleitas livremente. As suas decisões têm força jurídica.
Quanto a outros casos — delitos de roubo por exemplo, no caso de serem cometidos por polacos, comunicamos às autoridades polacas e, conforme a gravidade, sofrem as penas impostas por essas autoridades do seu país.
A verdade, porém, é que desde 1967 não há conhecimento de nenhum caso ter passado além da Comissão de conflitos.
As nossas relações com os polacos são as mais fraternas. Tem havido entre polacos e alemães muitos casamentos. A nossa atitude é, acima do mais, consequência do passado de sofrimento do povo polaco.
150 vivem na nossa cidade. São jovens que estão a aprender. Os restantes vivem na Polónia, em três localidades, nas margens do Neisse.
O primeiro dia de trabalho para o aprendiz Gaby. 99% de todos os alunos das escolas do RDA passam por uma formação profissional que termina com o certificado de operário especializado |
Quanto a salários, há um acordo entre os dois países estritamente aplicado. Durante três anos. fazem a sua aprendizagem e não podem trabalhar senão em especialidade. Quando saem levam o seu diploma.
Em 1973 o salário médio de todos os trabalhadores da empresa foi de 7752 marcos e em 1974 de 7300 marcos. O marco é equivalente a 10S00.
Os operários sabem, por outro lado, que o aumento da produtividade e da qualidade da produção implica um aumento do seu salário e das suas condições de trabalho.
O aumento salarial não é a única fonte de rendimento, pois existem os prémios.
Em 1973, a média de prémios de produção por trabalhador foi de 953 marcos e em 1974 já de 1225 marcos e calculam que em 31 de Dezembro tenha atingido' 1400 marcos.
Mas há ainda o fundo cultural e social, que representa também um aumento salarial. Este ano foi de 950 marcos por trabalhador.
Por exemplo: a refeição do meio dia na cantina, é fornecida a preço mais reduzido. Gratuitidade de creches e jardins infantis, participação em actividades culturais. Não se põe aqui o problema da saúde.
Mais uma vez, foi a pergunta sobre a poluição e a protecção do meio ambiente. Respondeu-me com a usual franqueza: — Há 2 problemas de poluição. Um, é a saída de gases pelas chaminés. Em relação a isso temos instalações de filtragem construídas de acordo com as técnicas mais modernas e as normas internacionais.
A segunda forma de poluição resulta dos produtos químicos — produtos de tipo metrol. Em quantidade é muito pouco, mas extremamente venenosos. Fazemos o seguinte: Estes produtos líquidos são transportados em vagões e lançados em perfurações com 3000 metros de profundidade, obtidas por sondagens, feitas de modo a este processo ser possível.
O problema que mais nos preocupa continua a ser a luta contra o ruído.
A maquinaria mais moderna trabalha mais rapidamente, mas o nível de ruído aumentou. Absorventes de ruído montados nas superfícies fabris têm-se mostrado até hoje absolutamente infrutíferos. No caso da nossa empresa o ruído é muito mais grave porque trabalham sobretudo mulheres. Até agora a melhor solução encontrada ainda é a utilização de algodão nos ouvidos. Nas secções de maior ruído é obrigatório o uso de algodão. E esse controlo é cuidadosamente feito.
Descanso no combinado têxtil de Cottbus |
Actualmente temos 2080 trabalhadores em zonas de ruído elevado. Todos eles são rigorosamente observados na policlínica para detectar quaisquer consequências médicas.
Os acidentes de trabalho tendem a diminuir numa proporção muito satisfatória, mas aumentaram as doenças de trabalho. A principal é a constipação, depois os problemas do aparelho digestivo, mas não originados por produtos químicos. A origem das segundas é o exagero alimentar contra que lutamos.
No 4.° trimestre de 1973, a percentagem de tempo perdido por doença foi de 0,9%; no mesmo período de 1974 a percentagem de tempo perdido por doença foi de 0,82%. (Quando mais tarde fomos almoçar à cantina, ou por outra, a uma das cantinas, vimos um quadro com as indicações dos menus e as indicações médicas, assim como o seu valor nutritivo.)
Uma das nossas grandes preocupações também é tornar agradável o local de trabalho, dando-lhe notas pessoais e que quebrem o aspecto geral. Por exemplo — colocação de plantas, aquários, arranjo agradável de certos recantos, etc.
Cuidamos muito do aspecto cultural — bibliotecas, centros de convívio, danças, corais, teatros. Organizamos idas frequentes dos operários ao teatro a Cottbus.
Quanto ao desporto, temos um grupo de futebol da primeira Liga — mas não apenas de futebol. A maioria das mulheres dedica-se ao andebol onde têm também um lugar importante na modalidade. Mas temos natação e todas as especialidades de atletismo.
Na impossibilidade, por falta de tempo, de visitar toda a fábrica que ocupa uma imensa extensão de terreno, vi a escola (todas as grandes empresas industriais têm uma escola técnica para preparação dos operários), a policlínica, o centro de investigação técnico-científico, o centro cultural e algumas das secções de produção.
Inclusão | 16/02/2015 |