O Realismo Socialista Combate a Uniformidade e o Esquematismo em nome da Criatividade e do Belo

Ramiz Alia


Observação: títulos e intertítulos da Redação da Revista Princípios

Fonte: Revista Princípios nº 16, dezembro 1988, pág: 3-9.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo


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O nosso Partido e o camarada Enver Hoxha, logo após a libertação, dedicaram grande atenção ao desenvolvimento cultural do país. Eles entenderam a elevação do nível educacional e cultural dos trabalhadores como condição indispensável para o impetuoso e multilateral progresso da nova Albânia. A construção do socialismo seria impossível sem pessoas cultas e sábias, sem trabalhadores instruídos e qualificados e sem especialistas. Isto foi comprovado plenamente pela experiência vivida até hoje.

O desenvolvimento cultural de nossa sociedade, nos anos do socialismo, se deu a passos muito rápidos. Ele se expressa na educação massiva da população, no progresso das artes, das ciências, da literatura e das publicações, na presença de instituições culturais em todas as cidades e vilas do país, na revolução técnico-científica, na transformação do modo de vida e da consciência das pessoas. Os resultados em todos esses campos são colossais. Eles não são menores do que os alcançados na indústria, na agricultura, na construção civil etc.

Entramos atualmente numa nova fase do desenvolvimento socialista. Na indústria e na agricultura, no transporte e na construção civil, no ensino e na arte, em todos os domínios da atividade social, busca-se o crescimento quantitativo e qualitativo, que não pode ser assegurado sem elevar ainda mais o nível de conhecimento e de saber das pessoas, sem dominar a técnica e a tecnologia modernas, sem aplicar em todos os terrenos as conquistas da ciência, sem andar com o passo da época.

A nossa revolução popular em geral e a revolução ideológica e cultural em particular criaram o que nós chamamos a nova cultura, a cultura socialista. Isso não quer dizer que o nosso povo não tivesse anteriormente uma cultura própria. Pelo contrário, sabe-se que o povo albanês herdou uma cultura das mais antigas nos Bálcãs. A nossa revolução não apenas criou condições e deu impulso nunca visto ao multilateral desenvolvimento da vida cultural, como também instrumentalizou a nossa cultura com novas qualidades, que estão principalmente no conteúdo, libertou-a de muitas influências dos modos aristocrático, cosmopolita, conservador e decadente, que, apesar de não terem raízes profundas, impediam o seu desenvolvimento progressivo. Este aprimoramento, que envolveu não apenas as esferas da criatividade, mas todo o campo espiritual e o modo de vida, abriu amplo caminho ao desenvolvimento da cultura popular, democrática e socialista. É importante acentuar que foram os novos conceitos estéticos e ideológicos marxistas-leninistas, que dirigiam esses processos, o que garantiu também o seu sucesso.

A direção, através dos ensinamentos do Partido, tem assegurado ainda uma outra grande vitória no campo da cultura. Nós chegamos à criação do conceito estético único, não apenas para a apreciação da herança cultural, nacional e mundial, um problema chave, dado que define o ponto de partida, mas também para indicar os caminhos ao maior desenvolvimento da cultura. Tudo isso representa uma rara conquista e uma grande força para o progresso de toda a cultura, assim como um fator que liga as pessoas da cultura às massas e coloca aquelas sob o controle destas. Aqui se explica por que sobre uma poesia ou conto, sobre um filme ou romance, sobre uma pintura ou canção, estão em condições de falar e julgar, partindo de sadias posições ideológicas e estéticas, os intelectuais e os operários, o homem simples e o quadro dirigente.

Quando falamos sobre o conceito estético único não subentendemos algum tipo de uniformidade na criatividade, nem uma percepção uniforme dela, nem nivelamento da individualidade dos artistas e do público. Se fosse assim, a cultura seria rebaixada a uma escala quase primitiva. Os princípios estéticos marxistas-leninistas não são moldes que dão forma imutável à criação cultural que deles deriva. Especialmente a arte não pode ser criada com esquemas pré-fabricados. Sendo um produto espiritual e reflexo da realidade, as suas expressões são infinitas, como são infinitas a amplitude e a profundidade do espírito humano e as próprias relações sociais. Na prática da criação artística de nosso país, nas obras mais destacadas da literatura e das artes do realismo socialista foi comprovado que o conceito estético único inspira não o esquematismo, mas a inovação, não a rigidez e unilateralidade temática, mas a amplitude da problemática e a variedade de estilos. A uniformidade e o esquematismo não derivam do método do realismo socialista. Sendo assim, entre nós, as obras fracas e sem valor artístico não são consequência de alguma base burocrática. São fruto de um nível ideológico e cultural insuficiente e da incapacidade criativa de seus autores. Portanto, o Partido tem insistido e insiste sempre em que o caminho para superar essas debilidades é o da assimilação cada vez melhor da nossa ideologia marxista-leninista, do estudo ininterrupto e da elevação do nível cultural e profissional dos artistas.

É necessário lutar contra a vulgarização dos princípios estéticos

Os princípios estéticos fazem parte da questão da concepção de mundo, são uma generalização das leis internas das artes e da sua relação com a vida, com a sociedade e a natureza. Seguramente, o seu conhecimento e aplicação é uma necessidade para cada artista, se não deseja cair no espontaneísmo, se quiser saber aonde chegará e o que precisa alcançar, se pretende ser original e não um imitador. Mas sobre os princípios estéticos, assim como é fácil a lição segundo os manuais escolares, é difícil a sua aplicação no trabalho criativo concreto. Comumente pensa-se que basta escolher um tema correto do ponto de vista de classe ou que os personagens sejam pessoas do povo, que as suas vestes sejam nacionais, para que a obra esteja garantida. Frente a tal vulgarização dos princípios estéticos marxistas-leninistas e da própria arte é necessário lutar com decisão, porque do contrário abre-se caminho para a realização de obras fracas, sem nenhum valor. Uma obra que apenas mostra, mas não analisa, que apenas declama, mas não informa, que fala, mas não diz nada, pode ser tudo, menos obra de arte. O gênio humano inventou a arte no esforço para conhecer a si próprio e o mundo que o rodeia, para conhecer o presente e principalmente para compreender o seu futuro. É essa grande filosofia, é essa busca que mantém viva a criatividade artística e a desenvolve. Sem isso não haveria arte.

Nesse sentido, as organizações do Partido, a Liga dos Escritores, as instituições culturais e as editoras têm imensas tarefas na educação dos trabalhadores da frente cultural. Eles devem encontrar as formas mais adequadas para que os escritores e artistas, todos os nossos criadores, dominem a linha e os ensinamentos do Partido, os princípios estéticos marxistas-leninistas. Mas a luta por uma arte militante e de qualidade elevada não pode ser bem sucedida sem o conhecimento da vida. Esta é uma exigência permanente para as artes e a cultura. Com o aprofundamento do processo de desenvolvimento socialista em todos os campos da atividade social, hoje ela ganha uma ênfase especial. Todos os trabalhadores da frente cultural devem viver intensamente, nas mais diversas formas, as inquietações da época, as preocupações do Partido sobre a produção, a educação e a vida do povo, a atividade criativa e a luta das massas trabalhadoras pela construção socialista e a defesa do país. Á vida deve ser conhecida cientificamente, não superficialmente. Na atividade de criação deve-se dominar a lógica da vida, na acepção ampla da palavra, e não algum episódio em separado.

Na prática diária verifica-se frequentemente que diversas organizações do Partido e organizações estatais têm conceitos incorretos sobre a cultura e o seu desenvolvimento e sobre os trabalhadores da frente cultural e o homem culto. No geral, estes são identificados segundo o diploma escolar e principalmente o universitário. Por um período, especialmente devido às condições em que vivia o nosso país, isto poderia ser explicável e compreensível. Mas na fase em que nos encontramos e no nível que alcançamos, estes diplomas não bastam como critério único e absoluto para julgar o homem culto. Sabe-se que o conceito sobre o homem culto tem evoluído e mudado muito segundo as etapas do desenvolvimento da sociedade humana, foi visto e tratado de forma idealista e materialista, foi medido com diversos critérios, mas a constante permaneceu a sua caracterização como uma pessoa avançada, que se esforça para compreender e influenciar com os seus conhecimentos e ações conscientes os fenômenos sociais, como uma pessoa que ilumina as mentes das outras e luta para tornar melhor as suas vidas.

A cultura é um atributo do homem emancipado

A sociedade socialista, no seu julgamento sobre o homem culto, parte de uma avaliação mais ampla e mais complexa. Ela não mede e não avalia apenas com a quantidade de saber, mas também com o bom posicionamento, com a contribuição que dá para o progresso do país, com a preocupação contínua pelos destinos da pátria e do povo. Se olharmos assim, não devemos procurar e não acharemos o homem culto apenas na camada de pessoas instruídas, mas também na massa das pessoas simples do povo.

O camarada Enver disse que toda a vida é e deve ser cultura. Este conceito amplo sobre a cultura vale também para o homem culto. A cultura é um atributo do homem emancipado, que se expressa no pensamento e no trabalho, nas relações com as pessoas e no modo de vida.

Na época do Partido formou-se o novo homem, liberto dos preconceitos e dotado de sentimentos e pensamentos nobres. A própria atividade produtiva assumiu um amplo caráter criativo. As elevadas exigências estéticas na cultura hoje não são ditadas apenas pela autêntica atividade artística, mas também pela produção, a construção civil e a agricultura.

O conceito amplo e correto sobre o homem culto faz com que aumentem as exigências no trabalho e no comportamento de cada um, que se produza com alta qualidade, que se construa de forma bela e livre, que se encontrem as soluções mais racionais, que se utilizem todas as energias criadoras das massas em prol do socialismo. Isto também ajudará a que se combatam as manifestações que na essência expressam falta de cultura. Isto se nota na produção, principalmente na baixa qualidade, assim como no tratamento com as pessoas. Existem diversos trabalhadores que se autoproclamam servidores do povo, enquanto se comportam como se o povo estivesse em débito com eles. Não expressa cultura a presunção intelectual, nem a arbitrariedade e as posições arrogantes com as pessoas, assim como não têm nada em comum com a cultura os comportamentos nocivos e quaisquer outras atitudes que causem no povo sentimentos ruins e que se contrapõem à moral socialista.

A formação de uma compreensão ampla sobre o homem culto é uma grande tarefa do Partido. A luta pela construção socialista não subentende apenas a criação de uma nova ordem social sem classes exploradoras e sem exploração, mas também a transformação do modo das pessoas pensarem e se comportarem, de suas relações na família e na sociedade, de sua posição no trabalho e fora dele, segundo a ética da civilização socialista.

A identificação do homem culto com o diploma escolar, principalmente quando se fala sobre pessoas que se ocupam com a criatividade artística, com a publicística, com a filosofia, com as ciências dos demais campos, traz consigo também um aspecto ruim que não deve ser subestimado. Um julgamento desse tipo levaria, e de certa forma tem levado, a uma igualação dos valores culturais. Mas é sabido que a igualação de valores mata a cultura.

Existe uma tendência a que a igualdade social existe entre nós, que constitui uma vitória do socialismo, seja transplantada mecanicamente para o campo da criação artística. Como consequência esta tendência procura rebaixar, nivelar e igualar as individualidades criativas, os talentos na arte, na ciência, na engenharia, na arquitetura, na agronomia etc., os autênticos intelectuais com os demais que possuem o mesmo diploma, que atuam no mesmo campo, mas não com o mesmo resultado. Basta ousar valorizar, honrar ou gratificar alguma personalidade destacada da ciência e da cultura para que imediatamente levantem-se vozes em coro que clamam: "Não somos todos iguais? E nós o que somos, não fizemos, também nós, tantas e tantas obras?" Isto apesar de se saber que nem toda folha impressa é livro, nem toda canção é música, nem toda tela desenhada é pintura.

Igualar valores equivale à falta de profundidade

A igualação dos valores deriva também da falta de profundidade da crítica, dos julgamentos muito genéricos. Sobre isto basta ler aos domingos o jornal "Drita" ("A Luz" — órgão da Liga dos Escritores. N. da R.) para ver que está cheio de listas infindáveis com nomes de criadores e com uma grande inflação de elogios a eles. Fez-se muito bem em publicar as séries de obras dos nossos escritores mais destacados. Mas as editoras se encontram sob uma pressão contínua dos autores de menos talento, que também querem a publicação de coleções de sua obra.

Se os nossos jornais, a televisão, as editoras, os teatros etc. agirem como agem as massas, que fazem a seleção das obras artísticas comprando ou não um livro, aplaudindo ou não uma canção, ligando ou desligando a televisão, eles farão um trabalho elogiável. Mas isto ainda seria pouco. As massas geralmente agem de forma intuitiva e se orientam pelos sentimentos. De sua parte, os órgãos e organismos que dirigem a frente cultural devem guiar-se pelos critérios de julgamento conscientes, porque têm por dever, por missão, indicar às massas que livro ler, que programa ou peça assistir. Eles têm uma grande responsabilidade moral e social pela formação dos gostos e pela educação estética das massas. A responsabilidade pela qualidade das obras artísticas não pode recair apenas sobre os autores, mas também sobre os que as publicam, as expõem, as executam e as divulgam.

Não tem nada pior do que quando a arte, de paixão e luta que é, se transforma por qualquer motivo em rotina. Não se pode deixá-la vegetar. Portanto a poda do bosque da criatividade não apenas faz bem, como é indispensável.

Constantemente diz-se que é necessário mais meios e condições materiais para o desenvolvimento da cultura. Não há dúvida de que isto é necessário e dentro das possibilidades que temos devemos fazer ainda mais. Mas quero acentuar que o que se procura mais é a melhor e mais eficaz utilização dos meios de que dispomos. O nosso estúdio cinematográfico produz em média mais de um filme por mês. Isto é louvável. Mas o que se exige é que entre eles não haja um ou dois, porém mais filmes de excelente qualidade. Nós publicamos livros, traduzidos da literatura estrangeira. Porém são os autores desses livros os mais representativos da atual literatura mundial? Não seria melhor para a elevação do nível cultural da juventude a publicação e reedição das principais obras dos grandes escritores, no lugar de se traduzirem e imprimirem não poucos livros com valores artísticos limitados? O mesmo pode dizer-se sobre a compra de filmes de televisão e cinema. Que sejam em menor quantidade, mas os melhores e mais atuais. Atualmente onde quer que seja, também na cultura é necessário mais qualidade, mais atividade criativa que eduque e possibilite lazer às pessoas e não que desperdice o seu tempo. Deve-se encorajar os cientistas, as pessoas de talento, os músicos e artistas mais destacados. Portanto, à sua disposição devem ser colocados os auditórios e palcos, os cinemas, as salas para palestras e aulas.

Geralmente se justifica a igualação de valores com a argumentação de que não somos a favor do elitismo na cultura, mas pela sua massificação, que não somos favoráveis a um número limitado, mas a todo um batalhão de artistas etc. Seguramente, nós somos contra os conceitos elitistas burgueses, mas isso não quer dizer que a sociedade socialista não deve apoiar as individualidades e as personalidades criativas. Isto se relaciona não apenas à arte, mas a todos os setores da atividade social.

Em todos os campos há e deve haver os porta-bandeiras, que se destacam pelo trabalho criativo e pelos bons resultados, pessoas que puxam as outras e se tornam exemplo para milhares e centenas de milhares de outras pessoas. Para nós não se coloca a questão de se criar alguma "camada de privilegiados", porém procura-se criar um clima favorável a uma produção o quanto mais ampla e mais avançada e que os talentos sejam apoiados e tenham todas as possibilidades para trabalhar em prol do socialismo e da Pátria.

As personalidades da cultura marcam com suas obras

Corretamente e em tempo se levantou o problema das individualidades na última reunião plenária da Liga dos Escritores dedicada à poesia, apesar de ter-se limitado o problema a esse campo. É verdade que a cultura é feita pelas massas, mas são as individualidades criadoras destacadas que a sintetizam e expressam.

Antes de Naim e também na sua época havia inúmeros outros poetas, mas apenas ele pôde expressar tão bem e de forma tão bela o caráter e as aspirações de seu povo e se transformar numa referência inigualável para todas as épocas da história da literatura albanesa e da nossa cultura nacional.

As personalidades da cultura, das ciências etc. fazem época com a sua obra, deixam marcas indeléveis no caminho pelo qual tem marchado o progresso do país, transformaram-se em fonte de orgulho nacional, admiração que será um exemplo inspirador para as gerações futuras.

A justa compreensão da política do Partido sobre a valorização das pessoas destacadas em todos os campos da atividade social não significa elogios gratuitos e inconsequentes nem incentivo ao individualismo pequeno-burguês. 0 Partido deve ter claro que a superestimação dos talentos e o posicionamento acrítico frente às diversas limitações que eles possam ter seriam prejudiciais.

Os nossos avanços no campo do ensino são grandes. Eles representam a principal conquista no campo da cultura e falam claramente sobre a justeza do caminho seguido pelo Partido. Mas problemas existem e existirão também nesse campo. São problemas do crescimento, do desenvolvimento e do aperfeiçoamento. O Partido e o Poder tratam continuamente deles e mostram um interesse incessante pela prosperidade de nossa escola. Eu gostaria de me deter num problema, simultaneamente antigo e novo, com o qual temos lidado e lidaremos também no futuro. Temos dito e é plenamente correto que a missão da nossa escola socialista é a formação ideológica, cultural-profissional e físico-militar da juventude. Sobre esta base foi construído todo o nosso sistema educacional, a sua estrutura, os programas escolares etc. Os resultados são bons. Mas devemos ter uma preocupação sempre, porque os tempos mudam, o país se desenvolve, novos problemas surgem e devem ser superados. Partindo disso, todos nós devemos fazer a pergunta e encontrar a resposta de que pessoas a escola deve preparar, qual deve ser a sua formação?

É natural e sabe-se que a escola prepara a nova geração para o amanhã, para as tarefas que a esperam no futuro. Mas o importante não é apenas conhecer essa missão. O principal está na compreensão e definição de como será esse futuro, para que de acordo com ele, se elaborem também os programas escolares, se ensine e eduque a nova geração para que esteja plenamente preparada para o amanhã. Se devemos nos orientar sempre do ponto de vista do futuro, então devemos indispensavelmente ter uma visão clara também dos desenvolvimentos futuros.

As ciências jogam papel decisivo em todos os sentidos

Os anos que virão, e as tendências aparecem desde hoje, se caracterizarão por um grande papel das ciências em todos os setores da vida. Este papel será decisivo em todos os sentidos. A tarefa da escola, seguramente, não é falar sobre este futuro e fazer as suas previsões, mas dar aos alunos os conhecimentos necessários e a metodologia de estudo e de trabalho para ultrapassar esta nova etapa, para despertar neles o entusiasmo criativo, ensinar a ver longe e não se apegarem a interesses menores e mesquinhos que as velhas ideologias instigam, principalmente a ideologia pequeno-burguesa e as pressões das ideologias consumistas que vêm de fora, que não passam sem deixar marcas.

O jovem que sai da escola deve estar repleto de ideais e aspirações, esperanças e sonhos, para si e para a sociedade, mas também com a certeza de que estes são possíveis de serem realizados. Quando ele termina os estudos deve estar preparado mental e espiritualmente para lutar e marchar direto ao cume mais alto da ciência e da cultura, lutar pelo engrandecimento moral e pelo enriquecimento de sua personalidade enquanto revolucionário e patriota. O jovem deve enfrentar a longa luta que tem pela frente com vontade e certeza de que a sua vida e a de toda a sociedade pode tornar-se ainda melhor, se lutar e se trabalhar com paixão e decisão, e os desafios do futuro, sejam estes políticos ou ideológicos, econômicos ou culturais, devem e podem ser vencidos. Em primeiro lugar, a escola deve ter como característica destacada este espírito que deve ser transmitido aos alunos. O aluno é o reflexo dos professores. Portanto, estes devem pensar sobre esses desafios a vencer, sobre as respostas a dar aos alunos sobre o que e por que estudar.

Já que estamos falando da escola, quero me deter num outro problema. Sob o cuidado direto do Partido foi construído todo um sistema educacional pós-universitário e aumentaram muito os trabalhos de habilitação para pós- graduação. Isso testemunha sobre a elevação, numa escala mais alta, da qualificação dos nossos especialistas e sobre um avanço visível e qualitativo das nossas ciências. Mas, como para qualquer outra atividade social, educacional ou cultural, há a necessidade cada vez maior de um aprofundamento e um aprimoramento contínuos. Penso que uma atenção especial deve ser dedicada ao conteúdo dos programas dos cursos pós-universitários, principalmente à sua fisionomia e ao seu objetivo. Na maioria deles o nível de informação do conhecimento que se transmite não ultrapassa o dos últimos anos da universidade, apesar de que esta informação seja dada de forma mais concentrada e mais unificada, sendo o aproveitamento pelos pós-graduandos maior.

Mas, se permanecemos nesse nível, se o pós-graduandos não conhecerem e não se instrumentalizarem com as conquistas mais contemporâneas das ciências que lhes interessam, com as mais novas metodologias de sua aplicação, com as melhores técnicas de pesquisa científica, os gastos que são feitos e os benefícios que trazem não são justificados. Há toda uma experiência mundial sobre os caminhos do ensino pós-universitário que nós podemos aproveitar.

A própria universidade e seus pedagogos aproveitarão muito da elevação do nível do conhecimento científico nos cursos pós- universitários, enquanto serão obrigados, além de acompanhar e assimilar os conhecimentos, as técnicas e metodologias científicas e pedagógicas mais avançadas, também a se ligarem diretamente às crescentes exigências que o desenvolvimento econômico e cultural do país apresenta. Desta forma, a escola superior não apenas se colocará na vanguarda do pensamento científico como se transformará num verdadeiro centro de consulta científica sobre os problemas que a vida coloca no campo da produção, da técnica e da tecnologia em todos os setores.

Deve-se pensar num programa estudado e numa organização eficaz para os cursos pós-universitários de especialistas das ciências sociais. Ali a rotina e a espontaneidade são grandes porque também as dificuldades, que são compreensíveis, são grandes. Mas aceitando isso, não devemos permitir o formalismo que domina atualmente.

Devemos ultrapassar esta etapa, inclusive o mais rápido possível. Nesta questão as instituições interessadas não devem descarregar todo o peso na Universidade e questioná-la depois sobre o nível profissional e cultural insuficiente daqueles que saem dos cursos pós-universitários.

A cultura deve ocupar ainda mais a atenção do Partido

Assim, também há que dedicar maior cuidado à preparação dos aspirantes à graduação científica. Aqui tem importância a definição de uma regra melhor no estabelecimento dos temas para não deixá-lo na espontaneidade e na vontade do indivíduo. Deve-se ter cuidado para que os trabalhos de pesquisa de graduação tenham um nível o mais elevado possível. Ainda mais, é preciso aumentar a responsabilidade dos orientadores e das diversas bancas examinadoras, para que não permitam falta de compromisso.

Os pareceres dados por estas bancas devem ser indiscutíveis, não do ponto de vista da competência funcional, mas da sua personalidade científica e intelectual, do mandato social e estatal que lhe foi confiado para verificar e garantir o testemunho que dão. O valor desses trabalhos deve ser medido em primeiro lugar pelo valor aplicativo no que se refere às ciências técnicas e para as ciências sociais com informações completamente novas que trazem, com os problemas teóricos que resolvem, com as interpretações originais que dão aos fenômenos.

No trabalho do Partido os problemas da cultura devem ocupar um maior espaço. Acentuo isso porque algumas vezes este setor é deixado de lado. Não poucas vezes, vários diretores, em nome da luta pelo plano de produção, não dedicam devida atenção à atividade cultural, não se ocupam das artes e da literatura, livros e filmes, ciência e música.

Com a sua política, o Partido deve assegurar, assim como tem assegurado, um desenvolvimento multilateral e harmônico do país. Mas isso não pode ser alcançado se falta a devida valorização dos órgãos do Partido e do Poder para uma esfera ou outra. Nenhum campo da atividade social, e muito menos a cultura, deve permanecer fora da atenção do Partido.

São conhecidas as recomendações do camarada Enver sobre o trabalho cultural a ser feito pelos Comitês Regionais do Partido, dadas ao primeiro secretário de Korça durante uma conversa em Drilon. Ali o camarada Enver falou sobre o interesse que o Partido deve ter pela cultura, pelo tratamento com os artistas de talento, pela necessidade da elevação da qualidade na arte e na cultura e a responsabilidade que os órgãos do Partido devem ter pela situação dos trabalhos nesse campo. Essas suas recomendações devem ser consideradas diretivas permanentes para todo o- Partido, para ontem, para hoje e para o futuro.

Quando numa região a vida cultural é vazia, o teatro dramático e o de comédias são pouco frequentados e as atividades artísticas se desenvolvem raramente, isto quer dizer que o Partido não trabalha bem nessa frente. Hoje, onde quer se seja, temos artistas talentosos que podem oferecer ao povo belas obras. Mas é tarefa do Partido encorajá-los e inspirá-los, incentivá-los a novos êxitos. O papel dirigente do Partido na frente cultural subentende também a sua responsabilidade direta por essa frente.


Inclusão 04/11/2019