A Luta Contra o Imperialismo

Liga Comunista Internacionalista

Abril de 1935


Primeira Edição: A luta de classe, órgão da seção brasileira da Liga Comunista Internacionalista (BL), Nº.22, Ano 5, Abril de 1935. (págs. 01 e 02)

Fonte: http://www.ler-qi.org/ - Na Contracorrente da História. Documentos da Liga Comunista Internacionalista 1930 – 1933. Fúlvio Abramo e Dainis Karepovs (orgs.)

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


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O capitalismo só pode viver e desenvolver-se escoando seus produtos nos mercados não capitalistas, isto é, nos mercados dos países atrasados e das camadas populares ainda não proletarizadas.

No regime capitalista de produção, os operários fabricam muito mais do que consomem, mas ganham apenas o suficiente para não morrerem de fome ou de fatiga.

Esta diferença entre o valor das mercadorias que o operário produz e o valor das mercadorias que consome, vai tudo como lucro para o bolso dos capitalistas.

Estes, porém, não tem estômago bastante nem dia suficientemente longo para dirigirem ou consumirem todo esse excesso de produção.

Um excedente enorme de mercadorias não encontra pois, consumidores, nem entre os capitalistas, nem entre os operários. Para transformá-lo em lucro, porém, os capitalistas precisam convertê-las em dinheiro, isto é, precisam vendê-las. A quem? Às outras camadas da população que não estejam compreendidas nas duas classes sociais – proletários e capitalistas – que constituem os dois centros de cristalização da evolução social de nossos dias.

Assim, o capitalismo necessita para se desenvolver, de massas consumidores, ainda não proletarizadas, isto é, artesãos, populações patriarcais, povos coloniais etc.

A luta por novos mercados é, pois, da essência do capitalismo. Acarreta atrás de si os empréstimos, a aplicação de capitais nos países atrasados, transformando-lhes a economia em economia capitalista. Acarreta, por fim, a intervenção política e o emprego da força – a intervenção armada.

A luta contra o imperialismo tem de ser, pois, a luta contra todo o regime capitalista.

Toda a tentativa de reduzi-la à expulsão da influência do capital estrangeiro no território nacional – pelo não pagamento das dívidas e pela expropriação das empresas estrangeiras – é uma utopia reacionária, contrária ao caráter internacional da economia capitalista e a realidade econômica que liga indissoluvelmente capitalismo e imperialismo como fenômenos inseparáveis.

O imperialismo é uma tendência inata ao capitalismo e que com ele se desenvolve. É pois, impossível, extinguir o imperialismo sem destruir o capitalismo, abolir a propriedade privada dos meios de produção.

Pretender o contrário, como a Aliança Nacional Libertadora; pretender lutar contra o imperialismo sem lutar contra a burguesia nacional; pretender extinguir o imperialismo no território nacional sem abolir a propriedade privada, sem transformá-la em propriedade socialista, é caminhar para um fracasso certo ou, apenas, favorecer o imperialismo de uma potência em detrimento do de outras.

É o que prova a dura experiência chinesa. Contra a utopia da Aliança Nacional Libertadora clamam os milhares de operários mortos em Shangai e Cantão, clama os operários lançados vivos nas fornalhas em chama.

O Kuomintang era, tal como a Aliança Nacional Libertadora, uma organização que lutava pela “libertação nacional da China” dos imperialismos.

Que benefício colheram delas os operários senão o massacre? E o resultado da política Kuomintangista foi apenas o de favorecer as posições dos imperialismos mais jovens em detrimento das posições das potências imperialistas mais velhas.

O proletariado arrastado pela Internacional Comunistas fez o jogo de seus exploradores.

O que se processou na China na escala da tragédia, reproduz-se no Brasil, na escala da comédia.

Se o proletariado seguir os leaders pequeno-burgueses da Aliança Nacional Libertadora, se o proletariado não lutar pelos seus próprios interesses e objetivos – a derrocada do regime capitalista – fará apenas o jogo da burguesia, correndo atrás de um fracasso certo que, a não se processar tragicamente pelo massacre, processar-se-á ridiculamente pela desmoralização das organizações operárias que seguirem na causa da Aliança Nacional Libertadora.

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Nota da Redação

Com este artigo doutrinário sobre a natureza do fenômeno imperialista, iniciamos uma séries dos que, daqui por diante, temos que publicar sobre a Aliança Nacional Libertadora, sobre seu programa, caráter organizatório ou de classe, sobre a posição do PC e a nossa relação a ela etc.

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Proletário: Não é vítima apenas da ambição dos capitalistas estrangeiros. A burguesia nacional vive tanto à custa do vosso suor e do vosso sangue quanto aqueles


Inclusão: 22/03/2020